A
mi me gusta
Por
Vivian Marina
“Nada
do que é você em mim se desfaz”. Tudo permanece em mim sem que
nada aconteça. Amontoado de coisa nenhuma e todas as coisas que se
enclausuram em mim por nada me pegar de assalto. Esse nada de você,
que é também algo de você, fica, para que eu possa lembrar e
esquecer. Lembrar subitamente quando a lembrança saltar aos meus
olhos e esquecer, às vezes devagar para manter o gosto, às vezes
rapidamente para deixar passar.
Pintei
um arco-íris em meu pensamento ao lado daquilo que há de você em
mim. Leveza e beleza que o arco-íris carrega consigo e espalha nesse
lugar em que persiste sumindo. Aquelas cores todas juntas que incitam
a contemplação. Encontro entre os raios do sol e as gotas de chuva
desenhando no céu arcos coloridos. Sensação de uma mistura entre o
esfalecimento e o intocável.
Esfalecimento
que convive com aquilo que não se desfaz. Intocável íntimo ao
completamente tangível. Fiz isso de propósito para sempre manter o
paradoxo entre o que irá ou não esfalecer, desfazer, refazer,
in-tocar, tanger, manter, apagar...
Assim,
nada e tudo do que é você toca em mim com a mesma intensidade com
que se desmancha. Atravessa me trazendo para mim e macula o que eu
sou, o que você é, o que somos nós para nós mesmos.
“Nada
do que é você em mim se desfaz”. Tudo se refaz, inclusive eu e
você.
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