Por Bia Pupin
Ficou o vazio. E as paredes ficaram com odor de lembrança esquecida. Será possível?
O que encontramos na gaveta fechada? Encontramos na gaveta aberta?
(Besteira deixa pra lá - pensava Renata).
Renata não conseguiu encontrar mais nada. Mesmo que tudo estivesse ordenado, a loucura monótona impedia qualquer acolhimento.
O desamparo acometeu Renata. Ficaram as lembranças vazias de sentido, como aquela: de quando, enfrentou a família por Otávio e sua avó de noventa anos não entendeu nada, ou o dia em que entraram no apartamento, ainda bagunçado, com a menina em seus braços, ambos felizes grudados no berço.
Renata, dispersa, na casa que não pode abrigá-la. Os sonhos humanos moram dentro de uma casa, sem essa ligação tudo vira devaneio.
Estaria jogada no mundo sob a mira de uma tempestade?
A fragmentação intranqüila condenava a errante Renata, já que, não soube dar sentido à sua casa.
Por que não deixar as gavetas gordas, gordas?! Certamente, ela preferiria não ter a certeza, desejava, preferiria o silêncio das gavetas pervertidas e convertidas em palavras entusiasmadas, nada pra ela...
A não ser a lamúria de quem tenta dizer à sua mulher, que ela está deixando de ser a mulher da sua vida.
O clamor das gavetas perturbou Renata que sonhou com um manual, que lhe decretaria uma formula mágica, um caminho confortável: o silêncio daquele homem e não suas lamúrias.
Das cartas que leu a vaga lembrança, meio cega, contaminada, purulenta...
De quem adia em se embebedar de liberdade.
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