ILUSTRAÇÃO: Por Alan Carline
SONETO CÔNCAVO
Para Hilda Hilst
Por Marco A. de Araújo Bueno
Mesmo nesse recanto de nada e pressionado por silêncios – sintomia. Já nem me aflijo, já me acostumo aos poucos. Ao passarem por mim presumem que tenha me acostumado mesmo e esse olhar de soslaio – e como pode ser potente, taquitoscópico – chega a ser redentor, tal é a sua benevolência, presumida.
Mesmo inscrito nos códigos todos, nesse recanto, o nada – sintomia – resulta da confusão que faço com eles. São tantos que me lembram a fusão das cores no branco do Disco de Newton, sempre digo isso. E aponto para certa desertificação.
Mesmo neste momento, em que apalpo os tentáculos de um ciclópico mal-estar, em que me parece assim viscosa a sensação – sintomia – me vem uma vontade nervosa de rir. Não o riso nervoso – vontade ancorada no riso, premente.
Mesmo esgotado, mesmo desaflito e mesmo enojado do mesmo, decido que este sucumbir não me basta, que a vertigem ainda é débil e que o pior está por vir. Essa coisa arenosa vai ocupando muito espaço aqui no recanto; partículas invisíveis na brancura seca que habita cada um dos momentos que –sintomia – são o mesmo e são já!
SONETO CÔNCAVO
Para Hilda Hilst
Por Marco A. de Araújo Bueno
Mesmo nesse recanto de nada e pressionado por silêncios – sintomia. Já nem me aflijo, já me acostumo aos poucos. Ao passarem por mim presumem que tenha me acostumado mesmo e esse olhar de soslaio – e como pode ser potente, taquitoscópico – chega a ser redentor, tal é a sua benevolência, presumida.
Mesmo inscrito nos códigos todos, nesse recanto, o nada – sintomia – resulta da confusão que faço com eles. São tantos que me lembram a fusão das cores no branco do Disco de Newton, sempre digo isso. E aponto para certa desertificação.
Mesmo neste momento, em que apalpo os tentáculos de um ciclópico mal-estar, em que me parece assim viscosa a sensação – sintomia – me vem uma vontade nervosa de rir. Não o riso nervoso – vontade ancorada no riso, premente.
Mesmo esgotado, mesmo desaflito e mesmo enojado do mesmo, decido que este sucumbir não me basta, que a vertigem ainda é débil e que o pior está por vir. Essa coisa arenosa vai ocupando muito espaço aqui no recanto; partículas invisíveis na brancura seca que habita cada um dos momentos que –sintomia – são o mesmo e são já!
5 comentários:
Prezado Sr Araújo Buenno,
A tua página inda é outro inequívoco testemunho do teu merecimento literário. O Sr, embora enthusiasta d´esta nupérrima musa coeva, que parece regozijar co´a nugacidade imitativa do calembourg, refestelar-se no acerto equívoco de minúcias formais, é soberbo Poeta. O seu Soneto bem o assignala. Sua progressão anaphórica pareceu-me ilustrar a bizarrice spleenética do Poeta a que estranho tédio, preciosa nostalgia parece subjugar. Não obstante o gosto hesitante d´algumas expressões: "mesmo enojado do mesmo", "certa desertificação", "este sucumbir", "taquitoscópico", de que se pode dizer que se não coadunam co´a substância do Soneto, esta página encerra notáveis achados: "a fusão das cores no branco disco de Newton", "os tentáculos de um ciclópico mal-estar", "partículas invisíveis na brancura seca" a que não falta graça, acerto e atilamento. O Sr o quer hermético. Pois, eu o não acho assim. Quero crêr que, antes, seja a legítima expressão do teu sentir. É obra de incontestável mérito e quero parabenizá-lo inda uma vez pelo seu sensibilíssimo estro.
Atenciosamente
Wagner de Souza
Sublime,muito alto.Saravasti esta satisfeita.
Mulheres têm TPM. Homens, mau-humor, e em episódios temíveis humor-de-cão. Gente normal, humana, tem depressão. Senhoras elegantes, deprê. Mas o poeta, sofisticado, eterno insatisfeito - permite-se ter:sintomia.
Tenho acompanhado De Chaleira. É um mundo paralelo, um portal para outro nível, onde as palavras têm poder. bjo amigo
Lunalva Chagas [no Facebook]
Grato ao colega Wagner de Souza pelo refinamento, pertinência e erudição na crítica que postou no www.e-chaleira.blogspot.com
{S}
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