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Modigliani |
Essa é a vontade, deitar ao lado
dele e criar um rastro, um ligar pontos e desvendar os desenhos escondidos nas
constelações que compõem suas costas.
Faz séculos que não deito
palavras ao papel, pois pressionar a caneta não é o mesmo que pressionar o
corpo dele, junto ao meu corpo. Quando olho para o corpo dele em movimento e fico sem folego, mas esse não
respirar causa no peito um ronronar felino de intenções barbaras.
Nunca pensei, ou se pensei, nunca
foi tão concreta a sentença de pertença, o olhar e ver no outro a vontade de
querer estar lá, ao lado, mesmo que de olhos vendados, mesmo que amarrado,
presa entre seus abraços fortes e suas pernas vorazes.
Eu olho pra ela, e minha boca
percorre os montes, mordiscando os bicos, sentindo o pulsar entre as coxas e
seu respirar rarefeito. É como habitar um mundo de terminações tântricas, de
vulcões a entrar em erupção. Eu entro em erupção e me contenho. Tenho sempre a
sensação que posso quebrar os ossos frágeis dessa menina-mulher que compartilha
comigo seu algo precioso, que é seu corpo. O corpo, dela completa meu corpo. E eu
sigo essa vontade indelicada de invadir seus mais vastos impérios, seus mais
remotos cantos escuros, como é sentir que ao abrir as pernas e ao segurar seus
braços para o alto tenho em minhas mãos todo um Versúvio.
Minha mão aperta a mão dele,
enquanto mordo seu pescoço, ou chupo seus dedos, fiquei outra hora imaginando,
como seria render-lhe, com um toque mais ousado, com um arroubo.
Minha mão percorre o corpo dela, enquanto chupo sua orelha, ela fica gelada quando faço isso, parece que sugo mais que vontade, parece que ela sem querer me empresta o calor... fico inebriado quando vejo essas variações, quando percebo que ela trava uma reação animal selvagem, sinto necessidade de provocar o animal dentro dela, só para vê-lo enjaulado por um tempo, nervoso, e feliz pelo pecado imaginado, mas não realizado.
Nossas mãos, duplas, se juntam... são 05:00am, o dia nasce e não consumamos, mas nos consumimos aos poucos, pois
ambos sabemos que o mundo aguarda breve, o orgasmo.
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