20 março 2011

A CEREJA DO BOLO

A CEREJA DO BOLO

Por Bia Pupin

É na cereja do bolo que todos prestam mais atenção, vermelha, saborosa e em destaque – bem ali no centro do bolo.
Raimundo era dono de uma tara sexual estranha. O seu objetivo era devorar mulheres, não se importava muito com os tipos. A dona do esmalte rosa lembrava sua mãe no trato com o padeiro, de quem sempre desconfiou ser filho. Já que sempre ganhava um sonho de presente em toda fornada.
Do pai, um escroto, ganhava boas surras. Ainda garoto, não entendia muito bem o porquê que sua imagem era tão negativa ao velho. Quando a mãe morreu, descobriu, o padeiro era seu pai. Estava escrito no diário de safadezas da mãe. Sua inspiração para o resto da vida. Às vezes o lia e se trancava no banheiro.
Grisalho e bonito, bem sucedido em seu boteco de esquina com suas frituras crocantes celebradas pelos bons amigos jornalistas - que ali faziam uma boquinha e bate-bocas homéricos.
Todo tipo de gente freqüentava a esquina, Natasha a mais linda das meninas de quadra, sempre faminta era sua cereja do bolo...
Natasha nutria por ele um apelo paternal, chegava e exigia!
- O que vou ganhar hoje?
Os lábios grossos, olhos meio puxados, pele vibrante e cabelos de índia, tiravam o sono do velho.
A menina, antes de tudo era de boa família. Quando o pai morreu, a mãe casou-se de novo, com um agiota violento. A menina se fez mulher por ele, mas foi com Raimundo que ela aos 15 se entregou.
Raimundo estava lá com a imagem daquela menina, mas dessa vez, com seu corpo mórbido.
Recordou como em um filme, da primeira beleza da menina e de sua explosão em uma bela bunda e pernas. Natasha sempre em suas mãos. Por hora, lamentava que ali estivesse, agonizando na beira da quadra.

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