29 abril 2010

Ser humano!



Por Marcelo Finholdt

Mote

Ser humano é ser humano...
Quando fala a natureza
Ser humano é ser ufano,
Carregado de certezas.


Glosa

Ser humano é ser humano,
Nesta Terra indefesa?
Saibam bem e sem enganos:
Nossa mãe traz mais surpresas.

Ser humano é ser boçal...
Quando fala a natureza
Todos dizem que é brutal,
Oponente da beleza.

Ser humano é ser insano...
É sentir-se grandioso
Ser humano é ser ufano
Tolamente... ardiloso.

Ser humano é bestial...
Logo abaixo da avareza
Fica o homem amoral
Carregado de certezas.

28 abril 2010

1º CONCURSO DE MICROCONTOS DE CHALEIRA

REGULAMENTO

1. Cada AUTOR poderá participar com 2 (dois) MICROCONTOS, cujo texto não deverá ultrapassar 400 caracteres (com espaço). O uso de título não é obrigatório e não será contabilizado com os caracteres do MICROCONTO.

2. O tema é livre.

3. O microconto deve ser inédito.

4. Não será permitida a participação dos COLUNISTAS do blog De Chaleira.

INSCRIÇÃO

1. O(s) MICROCONTO(S) deve(m) ser enviado(s) para o email blogue.coletivo@gmail.com com o assunto "Concurso";

2. O texto deve vir em anexo como arquivo do Word.

3. As inscrições serão aceitas somente até às 24h00 do dia 09/05/10.

4. Não será cobrada taxa alguma, pois o concurso tem o objetivo de somente incentivar nossos leitores a produzirem material neste gênero.

RESULTADO

A divulgação do vencedor será feita através do blog De Chaleira (http://e-chaleira.blogspot.com) no dia 23/05/10, na coluna FRAGMENTÁLIA.

PRÊMIO

O prêmio do melhor microconto será 1 (um) livro de microcontos escrito por Wilson Gorj, Sem Contos Longos.

Serão também publicados no blog 4 menções honrosas.

JURADOS:

Marco Araújo Bueno
Alan Carline
Paola Benevides
Marcelo Finholdt
Rafael Noris
Luciano Garcez
Eustáquio Gomes
Bia Pupin
Luiz Contro
Wagner de Souza
Guilherme Salla
Daniel Matos
Wilson Gorj

Observação: Os contos não selecionados serão apagados de nosso banco de dados.

27 abril 2010

EM POUCO MAIS DE TRIMESTRE - MAIS DE CENTENA DE PEÇAS DE QUALIDADE DIARIAMENTE ATUALIZADAS


É HORA DE CONTAR COM O EMPENHO DO ESCRITOR HIPÓCRITA, NOSSO SEGUIDOR; - NOSSO IRMÃO. TRATA-SE DE UMA INICIATIVA COLETIVA, DE NATUREZA INTERDISCIPLINAR. PORTANTO - VOTEM! HAVERÁ UM JÚRI ACADÊMICO.

SEM MAIS - CEM MAIS!

A VIZINHA

A vizinha
Por Bia Pupin

Nunca poderemos saber. Nunca.

Antes da criança nascer ainda estavam sem casa. Renata procurou sozinha vasculhando imobiliárias, preços, condições, Otavio não tinha tempo, durante a semana, de auxiliar as decisões. Comentava entre amigos da necessidade de encontrar rapidamente uma casa (eles confortáveis em suas, diziam que havia muita coisa boa no mercado, para Renata aquilo era desdém e mentira). Passava o dia na faculdade na tentativa de terminar o doutorado antes da bolsa romper, e, além disso, encontrar uma casa- a menina nasceu depois de uma semana que haviam se mudado para um apartamento no centro da cidade. O quarto não tinha nem sido montado. O doutorado não tinha sido defendido.

Tudo era muito diferente: ser mãe, oferecer os seios à menina, talvez Renata quisesse um menino, mas estava adorando vivenciar a maternidade. E nada a insultava, Otavio e Renata viviam tempos distantes desde a notícia da gravidez. Era como se ela virasse mãe de sua filha, nada mais. Testemunhavam juntos o crescimento da pequena.

No elevador conheceram a nova vizinha. Renata sentiu dificuldade de ser simpática com a garota, seu sorriso constante impediu, ficou irritada. E em sua primeira noite mostrou a que veio. Gemidos, gritos, por fim, um berro misturado a um choro.

Ela estava sozinha, em seu apartamento e conseguia tudo aquilo - sozinha.

Renata e Otavio ficaram constrangidos, como se aquilo fosse o lembrete da ausência de sexualidade entre os dois. Otavio resolvia isso de uma maneira pouco generosa, se deitava mais cedo, e depois de alguns minutos se escuta a porta do banheiro sendo trancada.

Renata não era convidada para os festins.

26 abril 2010

Koan - O Verdadeiro Caminho

Por Rafael Noris

Koans são historietas zen, aparentemente absurdas (ou não), que provocam o pensamento racional para que o intuitivo desperte. Eu tenho um blog com eles, mas não inventei nenhum, traduzo e ilustro somente. Eis abaixo a história do Verdadeiro Caminho, originalmente publicado lá.


O Verdadeiro Caminho

Um pouco antes de sua morte, Ninakawa recebeu a visita de Ikkyu, que lhe perguntou:

- Devo te conduzir adiante?

- Eu vim até aqui sozinho e partirei sozinho - respondeu Ninakawa.

Ah, era a deixa que Ikkyu queria:

- Se você acha que realmente vem e vai, você está muito enganado. Deixe-me te mostrar o caminho no qual não há vir ou ir.

Com estas palavras, Ikkyu revelou o caminho tão claramente a Ninakawa, que este somente sorriu. E se foi.

25 abril 2010

CARLINI - IL UOMO DELLA ILUSTRAZIONI RITORNA


 

SOBRE O MINICONTO

"O miniconto é um gênero difícil, todos os que até agora escreveram sobre ele o dizem. E é verdade. Nada mais aparentemente fácil quanto meia dúzia de linhas, alguns caracteres, um enredo sucinto, um personagem com características marcantes, e eis um miniconto. Nada mais longe da verdade. E os bons escritores que se dedicam a ele, e já são tantos, o sabem a duras penas. Nada pior do que a aparente facilidade. Nada mais distante do fácil e do fóssil, como dizia Drummond, do que o miniconto.
Pois o miniconto é um híbrido de conto e de poesia. Tem do primeiro a história, o fato, o personagem, e, do segundo, o imprevisto, o trabalho de linguagem, a síntese e a metáfora. Tem mais, da poesia, o fecho como o verso de ouro de um soneto. Não acerta um miniconto quem não sabe terminá-lo. Mesmo que inicie o mais comum dos relatos, o miniconto termina sempre de uma maneira insólita e impactante, ou não termina, o que vem a dar no mesmo.
Mas quem escreve minicontos sabe que o leitor precisa de pontos de apoio, que não pode prescindir de um enredo para entreter-se com as coisas da vida, matérias do cotidiano, pequenas vidas de outros que são como as nossas, às vezes piegas, outras fantásticas, de qualquer modo realistas, pois no mundo e no miniconto tudo é possível."

Luiz Eduardo Degrazia

***


“Acabamento”

Por Marco A. de Araújo Bueno

Despediu-se em definitivo; pedra em cima, tomou-se de rumo.Voltou apenas para dizer do relativo do gesto, da insuficiência da linguagem e que, sobre a lapidação da pedra, a propósito, mudara de provedor e etc.; ah, também que o etecétera era provisório e que o contrário de "rumo" poderia ser “amor” mas era "omur" mesmo.


***

Na próxima quarta, 28, o link para a matéria de Leonardo Toledo para o jornal Tribuna de Minas (a propósito do concurso de microcontos da ABL) e o edital para o concurso deste blogue. A Parte II do Ensaio de Almeida sobre micronarrativa, dada sua extensão, encontra-se no blogue “O Muro”, do colega e colaborador do De Chaleira Wilson Gorj, microcontista que compilou a Biblioteca cuja terça parte já publicamos aqui.

24 abril 2010

ULTRA-DERRAME DE SANGUE



Baldes e mais baldes de sangue. Mais e mais Holywood distancia-se do mundo da fantasia de corpos que nunca bombeam sangue. Kick-Ass, a estrear por aqui em junho, de Matthew Vaughn, baseado na graphic novel de Mark Miller - o mesmo escritor de Wanted - traz mais uma amostra de uma realidade sanguínea estilizada. Seu protagonista é um nerd, que decide se tornar um herói. Um herói em um mundo real, em que uma gangue de rua pode facilmente quebrar todos os ossos do seu corpo e o fazer gritar desesperadamente por cada um deles.

Sim, o filme é um divertido elogio a violência. Porém, é um elogio que também reconhece a dor, sua conseqüência. Seus personagens são violentos e passam por situações violentas, mas também sofrem todas as conseqüências disso. Na verdade, uma das principais críticas de um público mais sentimental pode se apresentar mesmo nessa aceitação dos protagonistas de todo o flagelo físico demandado por suas escolhas. Já que grandes poderes não vem com grandes responsabilidades, e sim, grandes responsabilidades dão grandes poderes aqueles que as aceitam. A violência de um jogo de vídeo-game pode ser tão realista quanto a de um romance russo. E um massacre sem arrependimentos é tão válido quanto um jovem paranóico tendo um ataque de pânico pelas 800 páginas de um livro após abrir o crânio de uma velha com um machado. Como o próprio Fiódor Dostoiévski reconheceu, um crime é só realmente um crime dependendo de quem o cometeu. Alguns escolhem seguir o caminho de senhores, outros de servos, o que nós leva a um outro bom exemplo dessa gradual mudança no audiovisual americano: a série de tv Spartacus Sangue e Areia.

A mais recente interpretação da história do escravo Spartacus, que ousou se revoltar e quase desceu Roma aos seus pés, estreou no início deste ano no canal americano Starz, trazendo a mesma estética sanguinolenta do filme 300, baseado na graphic novel de Frank Miller. A trajetória do escravo que se fez senhor continua a mesma já conhecida por produções como a de Stanley Kubrick, porém o que faz de diferente nessa nova versão é o caminho percorrido até o seu clímax. Em seu primeiro ato somos apresentados a uma realidade visceral como nunca mostrada antes, que lentamente culmina num total derrame de sangue. Um derrame que se faz realmente belo após toda a experiência dramática dessa primeira temporada. Digno de uma comparação ao trabalho de outro adorador de banhos de sangue bem orquestrados: William Shakespeare, como pode ser visto em peças como Tito Andrônico e Macbeth.

Spartacus vai mais longe que Kick-ass, pois na sua realidade relativista, em que tudo pode acontecer, nada é certo, nem a vitória, nem a derrota, e nem necessariamente a primeira vem acompanhada de prazeres e a segunda, da ruína, atravessando até o sentimentalismo de Holywood em relação ao destino de seus personagens, sua necessidade de um final feliz modernista. Em Kick-ass, o seu protagonista nerd tem sorte em comparação a sua versão original na graphic novel de Mark Miller. Uma vitória é uma vitória e cada ação tem uma razão de ser. Diferente do mundo niilista ao extremo,e da trajetória pós-moderna da HQ. Num, o herói é feliz por ter razões de ser feliz; na outra, é feliz porque nada pior do que ele já passou está acontecendo no momento.

21 abril 2010

DIÁLOGO COM PAVESE

Diálogo com Pavese
Por Eustáquio Gomes

Para dissipar meu nevoeiro de dúvidas, venho falar com Cesare Pavese (1908-1950). Encontro-o como sempre em Turim, amargurado e ao mesmo tempo apaixonado, ainda pensando na atriz (Constance Dowling) que o abandonou. O nosso saudoso J. Toledo tratou dele em seu Dicionário de Suicidas Ilustres (Record, 1999), às páginas 254 e 255, como a um irmão. Quanto a mim, longe de me deixar abater pelo gesto de Pavese, toda vez que estou com ele (faço-o abrindo as páginas de seu diário lindamente intitulado O Ofício de Viver) é para aprender como envelhecer sábia e conspicuamente (uso a palavra conspícuo porque não quer dizer nada).

— Foi por amor que você morreu? pergunto.
Pavese:
— Se eu tivesse morrido ela continuaria a viver, a rir e a perseguir a sorte. Mas ela me abandonou e igualmente continua a viver, a rir etc. Portanto, é como se eu tivesse morrido.
E no entanto ele morreu de fato: de uma dose de barbitúricos num quarto de hotel.
— Ciúmes?
— Aquele que não tem ciúmes, até mesmo das calcinhas da bem-amada, não está apaixonado.
— Por que deu errado? Por que não deu certo?
— Fazer-se amar por piedade, quando o amor nasce apenas da admiração, é uma idéia muito digna de lástima.
— E você que dizia não suportar a indiferença alheia...
— Uma pessoa que deixa você entender que vive a seu modo, tem idéias, julga-o e julga aos outros, uma pessoa que passa sem você... isso é deprimente. Só resta ignorá-la, tratá-la como ela o trata.
— Foi um erro, então?
— Quem erra é porque ainda não compreende seu destino. Ou seja, não compreende qual a resultante de todo o seu passado, o passado que indica o seu futuro. Mas, compreenda-o ou não, indica do mesmo modo. Toda vida é exatamente aquilo que devia ser.
— Nesse caso, por que se preocupar?
— Há uma alegria no mundo: é começar. É bom viver porque viver é começar sempre, a cada instante.
— Com que finalidade?
— A grande missão da vida é justificar-se.
Enquanto isso não faltariam problemas a resolver, eu disse. Respondeu:
— Todo o problema da vida é um só: é como romper a própria solidão, como comunicar-se com os outros.
— É possível não sofrer?
— Tal como não pensamos nas dores dos outros, é possível não pensar nas nossas.
— Gostaria de voltar à infância?
— Não é bom ser criança: é bom quando o ancião em que nos tornaremos vier a pensar no tempo em que éramos crianças. A infância não é apenas a infância vivida, mas a idéia que fazemos dela na juventude, na maturidade etc. Por isso parece a época mais importante, pois é enriquecida por considerações sucessivas.
— Mas isso vale também para as outras etapas da vida.
— Sim, exceto para a velhice. Cada época da vida é multiplicada pelas reflexões feitas nas etapas seguintes. A mais curta é a velhice, porque nunca será repensada.
— Prefere os momentos de ócio aos de labuta?
— O ócio torna as horas lentas e os anos velozes. A atividade torna as horas rápidas e os anos lentos. Os anos são uma unidade da recordação; as horas e os dias, uma unidade da experiência.
— E quanto a escrever. Não é um prolongamento da vida?
— O ato de escrever contém duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão.
Não há como ser banal diante de Pavese. Sem sentimentalismo, ele gosta da dramaticidade. Indago:
— Que experiência lhe dá a sensação de estar plenamente vivo?
Ele contempla o horizonte, pensa um pouco, diz:
— É ter escrito algo que me deixa como um fuzil disparado, ainda devastado e requeimado, completamente vazio de mim mesmo, onde não só descarreguei tudo que sei de mim mas também aquilo que desconfiava e supunha.
— E quanto à religião?
— A religião consiste em acreditar que tudo aquilo que nos acontece é extraordinariamente importante. Justamente por essa razão, nunca poderá desaparecer do mundo.
—Você fingia não querer a glória. E no entanto se tornou uma glória mundial.
— Para que a glória seja agradável os mortos devem ressuscitar, os velhos rejuvenescer, voltar os que estavam longe. Mas nunca mais voltarão.

Nem Pavese jamais voltou. Talvez porque, de uma certa maneira, jamais tenha partido.


20 abril 2010

TEMPO VIRTUAL, MATE REAL

“Tempo Virtual, Mate Real”
Por Marco A. de Araújo Bueno


Logo que percebeu como tratavam aquele que o aguardava na recepção disparou a tomar providências. Trataram-no por Senhor e se isso não era um código de segurança, era sinal para acionar dispositivos adicionais de etiqueta, protocolos de natureza diplomática. O Senhor que o aguardava não abriria mão de suas prerrogativas, das armas e brasões que o precediam. Mesmo sabendo da farsa daquele cerimonial.

Apresentou-se cordialmente, sentaram-se. Notou que o Senhor evitava o confronto visual e mantinha certa rigidez nos gestos; que não se apartava de seu caixilho 9.0, atrelado ao pulso, por um cordão metálico incrustado de minúsculos ornamentos verdes. – “Relíquias do auspicioso clã, Senhor? bonita peça!” , gracejou para quebrar a formalidade. Mas o Senhor respondeu que não, que se tratava de material explosivo.

Configurava-se uma situação de risco, agora sim, mas não tinha como apartar-se do ilustre visitante para os expedientes cabíveis; um “com sua licença, volto num instante” soaria como um “vou chamar a segurança”. Enxadristas vibrariam com a perspicácia resoluta daquele mate real já anunciado. A saída exigia compostura e raciocínio antecipatório.Uma varredura seletiva em seu repertório de alternativas afins.

Havia, para ganhar tempo, um recurso muito eficiente quando se tratava de representantes de aristocracias e portadores de mutações genéticas que potencializavam a estima pessoal e a vaidade. –“Esses caixilhos 9.0, Senhor, um grande privilégio prevalecer-se de dispositivos tais que permitam inibir nossos sensores, esses, também de última geração, que detectam roteadores de tempo real. O valor dessa máquina!”.

Afastando as mãos como se contornasse o caixilho, expressão mais relaxada no rosto, Senhor mordeu a isca, não sem antes desferir uma ofensa de natureza institucional: - “Seus sensores têm a vulnerabilidade típica das instâncias censoras, aguçam nosso ímpeto de desafiar, de descobrir as falhas do sistema...” A expressão não era de riso; era um esgar malicioso de quem já conta com os louros. Vitória por mérito...

Cintilava nos olhos de ambos um indelével desejo de astúcia, de reconhecimento meritório de astúcia de um – o Senhor -, que demandava aplausos da platéia entusiasta que julgava ter no outro, e deste outro que exalava um devir de sobrevivência e instigava: -“Em nossas idades-Terra, Senhor, meninos é que somos nessas circunstâncias, ávidos por imaginar proezas dessas engenhocas, ardemos de contentes!”.

Senhor, abrindo o painel do caixilho, exultava: -“E já que explodiremos juntos, mal me contenho em excitar sua imaginação: imagina o recurso que usei para enganar seus sensores”.-“ Não alcanço!”. –“Uma singela máscara de interface na área do relógio.”, e abriu o código fonte, inclinando o corpo para o exato quadrante coberto por uma das câmeras de vigilância. O outro ergueu os braços, solerte; -“Desenvolvedor!”

Ao erguer os braços, porém, a câmera registrou o dedo indicador direito apontando para o alto e o esquerdo para o painel do caixilho que escancarava o hackerismo, agora, detectado e desfeito com recuso tão singelo quanto o concebido pelo desenvolvedor – uma intervenção no relógio do sistema e subsistemas coadjuvantes tornava virtual toda a sequência do tempo transcorrido desde a chegada do Senhor...

Quando, já no final daquela troca de amenidades tecnológicas, algo nefasto apontava para o imponderável da missão do Senhor, este, lacrando seu caixilho, retesou-se e proferiu, solene: -“ Hora do fim, colega!”-“Ora, ora, temos tempo, Senhor, uma câmera flagrou e desabilitou a contagem. Para todos os efeitos, não tivemos este encontro porque o Senhor não entrou aqui. Prefere seu chá com leite? Seu avatar gosta?”


Veja ilustração feita pelo Alan para este conto, clicando aqui.

18 abril 2010

(DES)FRAGMENTÁLIA & MEMÓRIA



REFORMACRÓSTICA
Por Marco A. de Araújo Bueno
Abril, de Carajás.




Rebenta o sol na terra adormecida
Enquanto ainda dormem seus senhores;
Fingindo-se de homem pela vida
Omite a dor num manto de labores.

Rasteja-se no campo qual ferida
(Mais há no campo a cana do que flores)
Até que chegue a hora da comida,
Aguada e fria em perda de sabores.

Graceja e canta, pois que a vida é linda,
Rogando aos céus apenas por saúde
Até que a morte o venha, enfim, colher...

Retoma a sua cruz num gesto rude,
Inerte, pois que desconhece ainda
A hora em que nem saberá comer.


[E pra não dizer que não falei dos Mcs:

INFANTICÍDIO

Por Marco A. de Araújo Bueno

Ração matinal; foi-se. Golpe-1 da foice.imensidão canavial do dia...

17 abril 2010

Registros de Bienal do Livro (made in CE)

Texto de Paola Benevides (a moça das cores e fotos)


Na IX Bienal Internacional do Livro do Ceará parecia haver bem mais gente do que livros. Antes fossem TRAÇAS! Fui a um só dia, ontem, impacientada com a cara cultura cara em stands de venda, além da multidão encarrilhada para cada vagão de editora, livraria ou banca de profissionais que compõem as cadeias da literatura. Todos os artistas em meio a outros tantos pretensos, mas de muito senso bom. Eram várias alas e cafés e salas e arenas e oficinas e shows e palestras, tudo belo em torno do tema: o livro e a leitura dos sentimentos do mundo. A homenageada desta edição é a escritora cearense Rachel de Queiroz, primeira dama a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Ela completaria seus 100 anos justo neste 2010.

Folheadas, a ouro e a dedos
As páginas
Olhadelas entre estantes de prata
As prateleiras.
Óculos a oscular entrelinhas
Estrelinhas de lido orgasmo
Múltiplas nuanças
Danças de cabeças
Para um e outro lado
Do parágrafo ao final, em ponto
Bibliotelecoteco do balacobaco
Recita-me ou te devoro,
Ó Capitu dos capítulos!
Gosto do teu amor mofado
Do amarelo desse tempo
De poetamento tão universalizado.
Um dia eu me LIVRO de você

15 abril 2010

O Zeca Urubu


Por Marcelo Finholdt

Dedicado – carinhosamente –
ao amigo Wilson Flaviano Osti,
vulgo Zeca Ububu.


O Zeca Urubu
É um cara escolado,
No bar do Caju
Só fica de lado:

Convence as meninas,
Engana os amigos,
Co’a prosa ele ensina
Que nada é perigo.

Na porta da igreja
Uma obra bem vasta,
Com sono boceja,
Trabalho já basta...

Cabelo já traz,
Só pra ele um presente,
O tal quase jaz,
Cravando seu dente!

Ao sol, na piscina
Só fica de molho,
Na vista há neblina,
No treze um repolho...

Repolho curtido
Com cana caiana
E o Zeca é metido,
Pois nunca se engana!

Uns dizem que o Zeca
É um cara sacana,
Amigo que peca?
De fato um bacana!

13 abril 2010

AS OUTRAS

AS OUTRAS

Renata não deixaria que outra mulher desconfiasse da dor que sentia. Preferia transparecer sua felicidade, não que fosse uma tentativa de esconder algo, exaltava o que vivia com devoção. Instinto de proteção.

Do ponto de vista de Renata, Otavio, desperta nas outras um tipo de admiração espontânea. Por outro lado, as outras sentem o desejo de chamar sua atenção ou provocar nele algum tipo de interesse. As outras, mulheres, são repetitivas em seus truques, que se reduzem em olhares e demonstração de proximidade por valores e gostos.

Ele nega, ela se auto-engana.

Renata prefere lembrar ou comentar dos livros que leu ou faz um tratado a respeito da arte no século XX.

As outras despertam nela a certeza da crueldade dos homens.

Passa pela sua cabeça a lembrança do conto da bela adormecida, quando liam pra ela quando criança, e que sua filha também adora.

Mas Renata não se pergunta: Quem é a Bela adormecida?

É mulher que espera um homem despertá-la e pra quê? Pra dominar suas vontades. Talvez.

Antes disso eles fazem juízos de valores, analisando-as, e por fim, uma entre tantas é a escolhida, precisa de um beijo. Depois de escolhida, a vítima vê em outras uma potencial inimiga.

12 abril 2010

Dois poetrix e um limerick proibido

POETRIX ERÓTICOS e UM LIMERICK PROIBIDO
por Rafael Noris

***
A VIRGEM

falo ou não
dedo-o?
a tímida cagueta.

***

PENIGMAS

guardo um mistério
entre as pernas adultas
adultérios.

***

LIMERICK [012]

Ocorreu numa escola de Campinas
lá no banheiro das meninas:
a moral que míngua,
bucetas entre línguas,
gozos vários, desvarios das pequeninas.

11 abril 2010

FRAGMENTÁLIA DE ANIVERSÁRIO TRIMESTRAL

ENSAIO E REFERÊNCIAS SOBRE MICRONARRATIVA –PARTE I

Márcio Almeida*
__________________________________________________________

Em Portugal, a Coleção O bairro, projeto minimalista muito original criado por Gonçalo Tavares, faz o maior sucesso. No Brasil, o pioneiro do miniconto Elias José (Prêmio Jabuti em 1974) publicou, entre outros, Fantasia do olhar, inspirado nas obras plásticas de Aldemir Martins; os jovens Max Machado, Kaluã e Ian Leite criaram um espaço virtual, no twitter e nos muros para provocar estranhamento com microcontos em sticker colados nas esquinas paulistanas, metrô, placas de ruas e orelhões; veículo de comunicação e cultura da maior importância como a Folha de São Paulo publica matérias sobre antologias dedicadas à micronarrativa produzida no Brasil, além de fazer recente homenagem especial no “Mais” ao artista multimídia Nuno Ramos. A cada dia, novas editoras põem no mercado novos autores, que também se lançam em edições independentes responsáveis pela amplitude do leitorado. Com uma variedade considerável de nomes, o miniconto já é ,hoje, considerado academicamente como gênero. Além da El cuento, por décadas editada por Edmundo Valadés, a cada ano novas revistas especializadas aparecem, impressas e eletrônicas, dentre as quais The Atlantic, Talk of the town (da The New Yorker) El cuento en red (talvez a principal referência em espanhol), Ekuóreo (colombiana, a primeira da América Latina dedicada exclusivamente à minificção) The Rose Metal Press Field Guide to Flash Fiction (considerada uma das melhores em inglês), Flash y Súbita, New Sudden Fiction e, no Brasil, a ex Phuraphroidy, de Jardinópolis, SP. O movimento da minificção já chegou ao rádio e ao teatro universitário. Universidade como a de Austin, no Texas, já oferece curso de pós-graduação sobre escritura minificcional e as classes de graduação mostram-se cada vez mais abertas à experimentação através de oficinas. Ganhadora do Prêmio Nobel, Nadine Gordimer afirmou que a consciência moderna, com seus ”clarões de terríveis revelações”, se vê melhor representada pela ficção breve. Pesquisa atualíssima produzida pelo National Endowment for the Arts para apurar sobre a diminuição da leitura nos Estados Unidos concluiu que o público que assiste a eventos desportivos lê mais literatura, o que vem justificando haver uma inundação de intentos literários via internet e, por conseguinte, de novos leitores. O minicontista Leonardo Brasiliense ganhou, em 2006, o Prêmio Jabuti. No Brasil, a microficção tem sido amplamente utilizada nos cursos de criação literária. Já são comuns, em diversas partes do mundo, eventos como simpósios, seminários, encontros internacionais e similares realizados com um sempre crescente número de participantes heterogêneos contribuindo para a discussão de questões do multiculturalismo. A minificção é analisada por um dos mais proeminentes especialistas do assunto, Lauro Zavala, como “o gênero mais didático, lúdico, irônico e fronteiriço da literatura”, cujo aparecimento, embora ocorrido nos princípios do século XX, coincide em sua expansão mundial com a prática da escrita digital, como forma de releitura dos demais gêneros. Segundo também Zavala, a minificção é “o antivírus da literatura”, e apresenta muitas razões para tal afirmação: “incita as crianças e outros leitores aprendizes a tornarem-se viciados em literatura; corrige os problemas daqueles que estão agarrados a um único gênero; permite a aproximação a obras monumentais a partir da acessibilidade do fragmento; facilita o reconhecimento da dimensão literária em diversas formas de narrativa, como o cinema, as séries audiovisuais e a narrativa gráfica; cria a possibilidade de reconhecer de maneira didática as formas mais complexas da escrita, ou seja, humor, ironia, paródia, alusão, alegoria e indeterminação; dissolve a distinção entre leitores de textos e criadores de interpretações; propicia que um estudante/leitor descubra a vocação do seu projeto de leitura; estimula o leitor mais sistemático a orientar sua investigação para terrenos inexplorados, não necessariamente associados à minificção, ajudando, enfim, a resolver problemas crônicos dos hábitos de leitura, agilizando as vias críticas e facilitando a livre circulação de convenções genéricas e da possível reformulação lúdica em cada releitura.”

***

"Tietê"

Podia nadar, fazer regata. Hoje posso não jogar lixo nele.


.
{ Publicado na Minguante [“Fado”] com o título “Tejo” – enviado em 14/Out./08 com remissão ao fragmento teórico da minha tese de doutorado, não publicado na seção “Microteorias” em edição anterior}

07 abril 2010

TERMINANDO UM LIVRO

Terminando um livro
Por Eustáquio Gomes

Para este mês me impus a tarefa de terminar um livro. Um livro que me persegue há vinte anos. Sempre o adiei em favor de outros. De modo que com o passar do tempo ele se tornou um coágulo a atravancar o fluxo de ideias novas, o jorro da imaginação. Mas desde que há um ano resolvi tomá-lo pelos chifres (a esse touro bravo) avancei bastante no trabalho de desobstrução. Já estou perto do fim, ou penso que estou. O problema agora é outro: como terminá-lo.

Como se termina um livro? Folheio aqui e ali autores de minha predileção. Preciso recordar como eles concluíram suas obras-primas. Um livro, afinal, é antes de tudo uma sucessão de frases. O final é apenas a última frase. De repente, parece simples. Tento esta fórmula: “Para que tudo se consumasse, para que me sentisse menos só, faltava-me desejar que houvesse muitos espectadores no dia da minha execução e que me recebessem com gritos de ódio”. Bonito, não?

Mas um tanto triste. Depois, não trato de execuções públicas em minha narrativa. Que tal deslocar a ação para o interior de uma cabana, uma tranquila cabana à beira do mar? Deste modo: “Lá em cima, na cabana, o velho estava dormindo de novo. Continuava dormindo, com o rosto voltado para baixo, e o rapaz estava sentado a seu lado, observando-o. O velho sonhava com leões.”

Mas isso de leões não parece muito razoável numa história como a minha. Faria mais sentido se fossem gatos domésticos. Então é melhor algo mais subjetivo, menos grandioso. Um parágrafo final que reflita o desespero e a solidão do protagonista: “E eu vou ficar aqui, às escuras, até não sei que hora, até que, morto de fadiga, encoste à mesa e descanse uns minutos”.

Nada disso, digo a mim mesmo. Tente outra coisa. Alguma coisa simples e forte, definitiva, que ponha um ponto final não só no livro mas também no sofrimento do personagem: “Respirou profundamente, interrompeu no meio a respiração, estirou-se e morreu”.

Mas espere. Talvez seja conveniente um final do tipo irônico. Sabe-se que a ironia é possível até nas horas mais dramáticas, tem gente capaz disso até no último instante de vida. Digamos que o protagonista, prestes a ser executado, se volta para o seu algoz e lhe diz com toda a calma: “Espere até eu acabar este cigarro”.

Parece ótimo, mas pouco convincente. Meu personagem não é dos que estão em situação de vender coragem, até que é bem vacilante e temeroso, um sujeito comum, afinal. Mas poderá vir a ser um símbolo, depois de morto, para aqueles que o conheceram. Por isso talvez não fique de todo mal este fecho mais para o solene: “E ainda no mesmo dia, um mundo respeitosamente comovido recebeu a notícia de sua morte”.

Mas não estou ainda satisfeito. Há qualquer coisa de errado nessas tentativas de grand final. Em primeiro lugar, na minha história o protagonista não morre. Depois, todos esses finais já foram escritos, publicados, lidos e relidos por milhões de pessoas em todo o mundo. Fecham, respectivamente, O estrangeiro de Albert Camus, O velho e o mar de Ernest Hemingway, São Bernardo de Graciliano Ramos, A morte de Ivan Ilitch de Leon Tolstoi, O jogo da amarelinha de Julio Cortázar e A morte em Veneza de Thomas Mann. De maneira que corro o risco de terminar como aquele Pierre Menard, do conto de Borges, que copiou o Dom Quixote do começo ao fim para, de algum modo, tornar-se o seu autor. A diferença é que, se eu o fizesse, o faria do fim para o começo, à moda oriental, pois assim talvez pensassem que se tratava de obra nova.

06 abril 2010

O PACOTE


O Pacote
Por Marco A. de Araújo Bueno

Dava para cortar o silêncio com estilete quando ele irrompeu pela escotilha, esbaforido de sofreguidão antiga, dos tempos da permissão sexagenária.-“ So tired... ”! Sou eu mesmo e estava em silêncio, que pacote é esse?-“ Serve pra manter a gente esperto; gente que eu digo, sou eu; pra vocês, pode virar caixa de Pandora. E esse silêncio precioso, lá fora, conspira contra a integridade física de quem se orienta COMO GENTE”, gritou, e me pediu um estilete. Que palavrinha mais subversiva, ousei, para serená-lo – posso te denunciar à PH do condomínio...Que tem aí dentro desse pacote, seu velho paspalho, baterias? Células recarregáveis?

-“Antes, camarada bundão, a Patrulha Histórica que vá pra puta que pariu; trouxe caneta de escrever mesmo, alcaparras, lâmpadas opacas, lã de vidro, remédios para dormir e um rolo de barbante, para esparrelas de labirinto. O que é esparrela? É tudo isso aqui que ronda a sua burrice adestrada. De alcaparras nem se lembra, não?” Vagamente, condimento... “-É, é bom sinal diferenciar condimento de condicionamento. É pra reavivar o sensorial do comer; um ovo quente, de salmonelas amigáveis e o grão da alcaparra, um só – e a sensualidade espraiando-se pelas papilas, enquanto você vai sorvendo a leitura desses ácaros cheios de livro impresso; carregados...”.

Nada prenunciava o que faria adolescer o velho ºªCidart (assim digitava seu nome) madrugada adentro. Tossia muito, ambiente pressurizado, livro velho, nostalgias velhas. Ele, o ºª, de pronúncia seca, seu prenome, com seu sobrenome-índice velho e sua tosse seca; uma temeridade à homeostase sempre em risco quando irrompia pela escotilha. Servi o chá e ele de olho no pacote – onde o colocaria a salvo de minha legendária curiosidade (devia estar calculando). Ácaros transgênicos têm radioatividade? Talvez precise de pílulas para dormir em paz...-“Tome seu chá e ao termina-lo, erga o pacote ao terceiro nível da bancada, na altura dos meus olhos. Amanhecendo”.

Tossia e arregalava os olhos fixos no pacote, A temperatura caíra muito lá fora, mecanismos oxidados não impediam um ar gelado de entrar sabe-se por onde. Feriado amanhã – dia do Desapego e Jejum. Jogos comemorativos, caminhadas rituais das tribos todas; nada de técnico para reparar vazamentos. De um salto sacou a caneta antiga: - “Here you are, catch!”. Falava pausado, como um nobre: “vou soletrarrr, letrinha por letrinha, devagarzinho... por obséquio, boy. – desenrosque a tampa devagar”.Falava ofegante, hipotermia, insuficiência respiratória: - “G O(sim, ir, aonte? Socorro?) Não, porra, prossiga: G O L (Gol de quem? Jogo?) Do Capote, bundão, Cap...!

É...

04 abril 2010

Чекловиски

Fragmentália também é 'ontraniênie", que é 'estranhamento' em língua eslava.
Boa Páscoa, que é 'passagem' em hebraico. Passar bem!


(...) Domingo eu quero ver,
O domingo passar.
Domingo eu quero ver
O domingo acabar!"

(Titãs)

Até o próximo domingo, porque hoje não é dia de Biblioteca.

***

"Piscar d'olhos"

Por Marco A. de A. Bueno

- Como viu a implosão da rodoviária?
- Quando vi, num vi!

03 abril 2010

Passagem

Por Paola Benevides (ilustração e texto)

A cabeça é oca e a Terra... Não gira bem.
Sem eira nem beira, vomita dentro do capacete astronauta.
Aqui, quando se planta bananeira em terreno alheio, já é guerra.
Invasão espacialta. Olhos fora da órbita.
ET, telefone, minha casa, Spielberg, iceberg'n'3D.
BBB is watching you! I want you for U.S. army!
Televisão virou janela armada em missão de paz.
Mas a minha vive fechada. Eu zen que nela jaz.
Enquanto vão armando o corpo em silicone-míssil.
Rabo de saia de cometa suicídio, mãe que mata.
Há um gás carbiônico a provocar acidentes.
No ranger dos dentes tem ácido sísmico.
Teus deuses estão feridos. Teus irmãos, metralha.
Prepotentes queridos, fizeram um seguro-funerária?
Atrapalha mais a carne do que Cristo ressurreito em coelho de Páscoa. Ovo chocado com calda de cometa.
Povo chocado com a própria alma.

01 abril 2010

SONETO XXXIX





Por Marcelo Finholdt


À memória de Andréia Formenton Mesquita

*14/04/1971
+31/10/2002


Foi um fruto do outono eclodindo na vida...
Foi um gesto de vida, inspirou versarias,
Foi a luz de um escuro e o escuro de um dia,
Foi à vida sem medo e encontrou a partida.

Foi de vez para a vida, iniciou-se na ida...
Foi um gesto de vida esbanjando poesia,
Foi de fato feliz fomentando alegria,
Foi um belo sorriso, uma fé incontida.

Foi o fim do começo esbanjando beleza,
Foi sutil e vistosa, era flor: Azaléia!
Foi o oposto do não, foi o sim de Teresa.

Foi então o resumo, era mesmo uma Déia!
Foi tão simples, porém demonstrou sutileza,
Foi, vem sendo, será sempre assim: Só... Andréia.

Related Posts with Thumbnails