29 abril 2010
Ser humano!
Por Marcelo Finholdt
Mote
Ser humano é ser humano...
Quando fala a natureza
Ser humano é ser ufano,
Carregado de certezas.
Glosa
Ser humano é ser humano,
Nesta Terra indefesa?
Saibam bem e sem enganos:
Nossa mãe traz mais surpresas.
Ser humano é ser boçal...
Quando fala a natureza
Todos dizem que é brutal,
Oponente da beleza.
Ser humano é ser insano...
É sentir-se grandioso
Ser humano é ser ufano
Tolamente... ardiloso.
Ser humano é bestial...
Logo abaixo da avareza
Fica o homem amoral
Carregado de certezas.
28 abril 2010
1º CONCURSO DE MICROCONTOS DE CHALEIRA
1. Cada AUTOR poderá participar com 2 (dois) MICROCONTOS, cujo texto não deverá ultrapassar 400 caracteres (com espaço). O uso de título não é obrigatório e não será contabilizado com os caracteres do MICROCONTO.
2. O tema é livre.
3. O microconto deve ser inédito.
4. Não será permitida a participação dos COLUNISTAS do blog De Chaleira.
INSCRIÇÃO
1. O(s) MICROCONTO(S) deve(m) ser enviado(s) para o email blogue.coletivo@gmail.com com o assunto "Concurso";
2. O texto deve vir em anexo como arquivo do Word.
3. As inscrições serão aceitas somente até às 24h00 do dia 09/05/10.
4. Não será cobrada taxa alguma, pois o concurso tem o objetivo de somente incentivar nossos leitores a produzirem material neste gênero.
RESULTADO
A divulgação do vencedor será feita através do blog De Chaleira (http://e-chaleira.blogspot.com) no dia 23/05/10, na coluna FRAGMENTÁLIA.
PRÊMIO
O prêmio do melhor microconto será 1 (um) livro de microcontos escrito por Wilson Gorj, Sem Contos Longos.
Serão também publicados no blog 4 menções honrosas.
JURADOS:
Marco Araújo Bueno
Alan Carline
Paola Benevides
Marcelo Finholdt
Rafael Noris
Luciano Garcez
Eustáquio Gomes
Bia Pupin
Luiz Contro
Wagner de Souza
Guilherme Salla
Daniel Matos
Wilson Gorj
Observação: Os contos não selecionados serão apagados de nosso banco de dados.
27 abril 2010
EM POUCO MAIS DE TRIMESTRE - MAIS DE CENTENA DE PEÇAS DE QUALIDADE DIARIAMENTE ATUALIZADAS
A VIZINHA
Por Bia Pupin
26 abril 2010
Koan - O Verdadeiro Caminho
Koans são historietas zen, aparentemente absurdas (ou não), que provocam o pensamento racional para que o intuitivo desperte. Eu tenho um blog com eles, mas não inventei nenhum, traduzo e ilustro somente. Eis abaixo a história do Verdadeiro Caminho, originalmente publicado lá.
O Verdadeiro Caminho
Um pouco antes de sua morte, Ninakawa recebeu a visita de Ikkyu, que lhe perguntou:
- Devo te conduzir adiante?
- Eu vim até aqui sozinho e partirei sozinho - respondeu Ninakawa.
Ah, era a deixa que Ikkyu queria:
- Se você acha que realmente vem e vai, você está muito enganado. Deixe-me te mostrar o caminho no qual não há vir ou ir.
Com estas palavras, Ikkyu revelou o caminho tão claramente a Ninakawa, que este somente sorriu. E se foi.
25 abril 2010
SOBRE O MINICONTO
Pois o miniconto é um híbrido de conto e de poesia. Tem do primeiro a história, o fato, o personagem, e, do segundo, o imprevisto, o trabalho de linguagem, a síntese e a metáfora. Tem mais, da poesia, o fecho como o verso de ouro de um soneto. Não acerta um miniconto quem não sabe terminá-lo. Mesmo que inicie o mais comum dos relatos, o miniconto termina sempre de uma maneira insólita e impactante, ou não termina, o que vem a dar no mesmo.
Mas quem escreve minicontos sabe que o leitor precisa de pontos de apoio, que não pode prescindir de um enredo para entreter-se com as coisas da vida, matérias do cotidiano, pequenas vidas de outros que são como as nossas, às vezes piegas, outras fantásticas, de qualquer modo realistas, pois no mundo e no miniconto tudo é possível."
Luiz Eduardo Degrazia
***
“Acabamento”
Por Marco A. de Araújo Bueno
Despediu-se em definitivo; pedra em cima, tomou-se de rumo.Voltou apenas para dizer do relativo do gesto, da insuficiência da linguagem e que, sobre a lapidação da pedra, a propósito, mudara de provedor e etc.; ah, também que o etecétera era provisório e que o contrário de "rumo" poderia ser “amor” mas era "omur" mesmo.
***
Na próxima quarta, 28, o link para a matéria de Leonardo Toledo para o jornal Tribuna de Minas (a propósito do concurso de microcontos da ABL) e o edital para o concurso deste blogue. A Parte II do Ensaio de Almeida sobre micronarrativa, dada sua extensão, encontra-se no blogue “O Muro”, do colega e colaborador do De Chaleira Wilson Gorj, microcontista que compilou a Biblioteca cuja terça parte já publicamos aqui.
24 abril 2010
ULTRA-DERRAME DE SANGUE
Baldes e mais baldes de sangue. Mais e mais Holywood distancia-se do mundo da fantasia de corpos que nunca bombeam sangue. Kick-Ass, a estrear por aqui em junho, de Matthew Vaughn, baseado na graphic novel de Mark Miller - o mesmo escritor de Wanted - traz mais uma amostra de uma realidade sanguínea estilizada. Seu protagonista é um nerd, que decide se tornar um herói. Um herói em um mundo real, em que uma gangue de rua pode facilmente quebrar todos os ossos do seu corpo e o fazer gritar desesperadamente por cada um deles.
Sim, o filme é um divertido elogio a violência. Porém, é um elogio que também reconhece a dor, sua conseqüência. Seus personagens são violentos e passam por situações violentas, mas também sofrem todas as conseqüências disso. Na verdade, uma das principais críticas de um público mais sentimental pode se apresentar mesmo nessa aceitação dos protagonistas de todo o flagelo físico demandado por suas escolhas. Já que grandes poderes não vem com grandes responsabilidades, e sim, grandes responsabilidades dão grandes poderes aqueles que as aceitam. A violência de um jogo de vídeo-game pode ser tão realista quanto a de um romance russo. E um massacre sem arrependimentos é tão válido quanto um jovem paranóico tendo um ataque de pânico pelas 800 páginas de um livro após abrir o crânio de uma velha com um machado. Como o próprio Fiódor Dostoiévski reconheceu, um crime é só realmente um crime dependendo de quem o cometeu. Alguns escolhem seguir o caminho de senhores, outros de servos, o que nós leva a um outro bom exemplo dessa gradual mudança no audiovisual americano: a série de tv Spartacus Sangue e Areia.
A mais recente interpretação da história do escravo Spartacus, que ousou se revoltar e quase desceu Roma aos seus pés, estreou no início deste ano no canal americano Starz, trazendo a mesma estética sanguinolenta do filme 300, baseado na graphic novel de Frank Miller. A trajetória do escravo que se fez senhor continua a mesma já conhecida por produções como a de Stanley Kubrick, porém o que faz de diferente nessa nova versão é o caminho percorrido até o seu clímax. Em seu primeiro ato somos apresentados a uma realidade visceral como nunca mostrada antes, que lentamente culmina num total derrame de sangue. Um derrame que se faz realmente belo após toda a experiência dramática dessa primeira temporada. Digno de uma comparação ao trabalho de outro adorador de banhos de sangue bem orquestrados: William Shakespeare, como pode ser visto em peças como Tito Andrônico e Macbeth.
Spartacus vai mais longe que Kick-ass, pois na sua realidade relativista, em que tudo pode acontecer, nada é certo, nem a vitória, nem a derrota, e nem necessariamente a primeira vem acompanhada de prazeres e a segunda, da ruína, atravessando até o sentimentalismo de Holywood em relação ao destino de seus personagens, sua necessidade de um final feliz modernista. Em Kick-ass, o seu protagonista nerd tem sorte em comparação a sua versão original na graphic novel de Mark Miller. Uma vitória é uma vitória e cada ação tem uma razão de ser. Diferente do mundo niilista ao extremo,e da trajetória pós-moderna da HQ. Num, o herói é feliz por ter razões de ser feliz; na outra, é feliz porque nada pior do que ele já passou está acontecendo no momento.
21 abril 2010
DIÁLOGO COM PAVESE
Por Eustáquio Gomes
Para dissipar meu nevoeiro de dúvidas, venho falar com Cesare Pavese (1908-1950). Encontro-o como sempre em Turim, amargurado e ao mesmo tempo apaixonado, ainda pensando na atriz (Constance Dowling) que o abandonou. O nosso saudoso J. Toledo tratou dele em seu Dicionário de Suicidas Ilustres (Record, 1999), às páginas 254 e 255, como a um irmão. Quanto a mim, longe de me deixar abater pelo gesto de Pavese, toda vez que estou com ele (faço-o abrindo as páginas de seu diário lindamente intitulado O Ofício de Viver) é para aprender como envelhecer sábia e conspicuamente (uso a palavra conspícuo porque não quer dizer nada).
— Foi por amor que você morreu? pergunto.
Pavese:
— Se eu tivesse morrido ela continuaria a viver, a rir e a perseguir a sorte. Mas ela me abandonou e igualmente continua a viver, a rir etc. Portanto, é como se eu tivesse morrido.
E no entanto ele morreu de fato: de uma dose de barbitúricos num quarto de hotel.
— Ciúmes?
— Aquele que não tem ciúmes, até mesmo das calcinhas da bem-amada, não está apaixonado.
— Por que deu errado? Por que não deu certo?
— Fazer-se amar por piedade, quando o amor nasce apenas da admiração, é uma idéia muito digna de lástima.
— E você que dizia não suportar a indiferença alheia...
— Uma pessoa que deixa você entender que vive a seu modo, tem idéias, julga-o e julga aos outros, uma pessoa que passa sem você... isso é deprimente. Só resta ignorá-la, tratá-la como ela o trata.
— Foi um erro, então?
— Quem erra é porque ainda não compreende seu destino. Ou seja, não compreende qual a resultante de todo o seu passado, o passado que indica o seu futuro. Mas, compreenda-o ou não, indica do mesmo modo. Toda vida é exatamente aquilo que devia ser.
— Nesse caso, por que se preocupar?
— Há uma alegria no mundo: é começar. É bom viver porque viver é começar sempre, a cada instante.
— Com que finalidade?
— A grande missão da vida é justificar-se.
Enquanto isso não faltariam problemas a resolver, eu disse. Respondeu:
— Todo o problema da vida é um só: é como romper a própria solidão, como comunicar-se com os outros.
— É possível não sofrer?
— Tal como não pensamos nas dores dos outros, é possível não pensar nas nossas.
— Gostaria de voltar à infância?
— Não é bom ser criança: é bom quando o ancião em que nos tornaremos vier a pensar no tempo em que éramos crianças. A infância não é apenas a infância vivida, mas a idéia que fazemos dela na juventude, na maturidade etc. Por isso parece a época mais importante, pois é enriquecida por considerações sucessivas.
— Mas isso vale também para as outras etapas da vida.
— Sim, exceto para a velhice. Cada época da vida é multiplicada pelas reflexões feitas nas etapas seguintes. A mais curta é a velhice, porque nunca será repensada.
— Prefere os momentos de ócio aos de labuta?
— O ócio torna as horas lentas e os anos velozes. A atividade torna as horas rápidas e os anos lentos. Os anos são uma unidade da recordação; as horas e os dias, uma unidade da experiência.
— E quanto a escrever. Não é um prolongamento da vida?
— O ato de escrever contém duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão.
Não há como ser banal diante de Pavese. Sem sentimentalismo, ele gosta da dramaticidade. Indago:
— Que experiência lhe dá a sensação de estar plenamente vivo?
Ele contempla o horizonte, pensa um pouco, diz:
— É ter escrito algo que me deixa como um fuzil disparado, ainda devastado e requeimado, completamente vazio de mim mesmo, onde não só descarreguei tudo que sei de mim mas também aquilo que desconfiava e supunha.
— E quanto à religião?
— A religião consiste em acreditar que tudo aquilo que nos acontece é extraordinariamente importante. Justamente por essa razão, nunca poderá desaparecer do mundo.
—Você fingia não querer a glória. E no entanto se tornou uma glória mundial.
— Para que a glória seja agradável os mortos devem ressuscitar, os velhos rejuvenescer, voltar os que estavam longe. Mas nunca mais voltarão.
Nem Pavese jamais voltou. Talvez porque, de uma certa maneira, jamais tenha partido.
20 abril 2010
TEMPO VIRTUAL, MATE REAL
Por Marco A. de Araújo Bueno
Veja ilustração feita pelo Alan para este conto, clicando aqui.
19 abril 2010
18 abril 2010
(DES)FRAGMENTÁLIA & MEMÓRIA
REFORMACRÓSTICA
Por Marco A. de Araújo Bueno
Rebenta o sol na terra adormecida
Enquanto ainda dormem seus senhores;
Fingindo-se de homem pela vida
Omite a dor num manto de labores.
Rasteja-se no campo qual ferida
(Mais há no campo a cana do que flores)
Até que chegue a hora da comida,
Aguada e fria em perda de sabores.
Graceja e canta, pois que a vida é linda,
Rogando aos céus apenas por saúde
Até que a morte o venha, enfim, colher...
Retoma a sua cruz num gesto rude,
Inerte, pois que desconhece ainda
A hora em que nem saberá comer.
[E pra não dizer que não falei dos Mcs:
INFANTICÍDIO
Por Marco A. de Araújo Bueno
Ração matinal; foi-se. Golpe-1 da foice.imensidão canavial do dia...
17 abril 2010
Registros de Bienal do Livro (made in CE)
Na IX Bienal Internacional do Livro do Ceará parecia haver bem mais gente do que livros. Antes fossem TRAÇAS! Fui a um só dia, ontem, impacientada com a cara cultura cara em stands de venda, além da multidão encarrilhada para cada vagão de editora, livraria ou banca de profissionais que compõem as cadeias da literatura. Todos os artistas em meio a outros tantos pretensos, mas de muito senso bom. Eram várias alas e cafés e salas e arenas e oficinas e shows e palestras, tudo belo em torno do tema: o livro e a leitura dos sentimentos do mundo. A homenageada desta edição é a escritora cearense Rachel de Queiroz, primeira dama a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Ela completaria seus 100 anos justo neste 2010.Folheadas, a ouro e a dedos
As páginas
Olhadelas entre estantes de prata
As prateleiras.
Óculos a oscular entrelinhas
Estrelinhas de lido orgasmo
Múltiplas nuanças
Danças de cabeças
Para um e outro lado
Do parágrafo ao final, em ponto
Bibliotelecoteco do balacobaco
Recita-me ou te devoro,
Ó Capitu dos capítulos!
Gosto do teu amor mofado
Do amarelo desse tempo
De poetamento tão universalizado.
Um dia eu me LIVRO de você
15 abril 2010
O Zeca Urubu
Por Marcelo Finholdt
Dedicado – carinhosamente –
ao amigo Wilson Flaviano Osti,
vulgo Zeca Ububu.
O Zeca Urubu
É um cara escolado,
No bar do Caju
Só fica de lado:
Convence as meninas,
Engana os amigos,
Co’a prosa ele ensina
Que nada é perigo.
Na porta da igreja
Uma obra bem vasta,
Com sono boceja,
Trabalho já basta...
Cabelo já traz,
Só pra ele um presente,
O tal quase jaz,
Cravando seu dente!
Ao sol, na piscina
Só fica de molho,
Na vista há neblina,
No treze um repolho...
Repolho curtido
Com cana caiana
E o Zeca é metido,
Pois nunca se engana!
Uns dizem que o Zeca
É um cara sacana,
Amigo que peca?
De fato um bacana!
14 abril 2010
Notícias e artigos sobre arte, literatura, filosofia et cetera
13/04 - Novo romance de Nick Hornby chega às livrarias no final de semana
13/04 - E-book se torna nova opção para escritores publicarem suas obras
13/04 - Morre diretor pioneiro do cinema gay
12/04 - David Lynch planeja sequência para 'Cidade dos sonhos', afirma atriz
12/04 - Twitteratura: a arte de sintetizar um conto em até 140 caracteres
12/04 - Kindle e iPad devem turbinar vendas de e-books
12/04 - Congresso debate literatura, arte e comunicação em SP
12/04 - Conheça os vencedores do prêmio Pulitzer 2010
10/04 - Novos estudos e reedição de clássico desfazem mitos em torno de Caravaggio
08/04 - O hiperconto e a literatura digital
08/04 - Leia repercussão da morte de Malcolm McLaren
06/04 - Pink Floyd, a música que Borges escutava
06/04 - “Somos todos meio ridículos”
03/04 - Briga entre os escritores Miguel Sanches Neto e Dalton Trevisan revela uma Curitiba que vive de paradoxos
01/04 - Sigmund Freud em letra e música
***
CULT - 9ª edição da Bienal do livro do Ceará homenageia Raquel de Queiroz
CULT - Dossiê: Perversão
CULT - Ética e situações-limite
CULT - A filosofia e o consolo do tempo
CULT - Ecos do vazio
13 abril 2010
AS OUTRAS
12 abril 2010
Dois poetrix e um limerick proibido
por Rafael Noris
***
A VIRGEM
falo ou não
dedo-o?
a tímida cagueta.
***
PENIGMAS
guardo um mistério
entre as pernas adultas
adultérios.
***
LIMERICK [012]
Ocorreu numa escola de Campinas
lá no banheiro das meninas:
a moral que míngua,
bucetas entre línguas,
gozos vários, desvarios das pequeninas.
11 abril 2010
FRAGMENTÁLIA DE ANIVERSÁRIO TRIMESTRAL
Márcio Almeida*
__________________________________________________________
10 abril 2010
07 abril 2010
TERMINANDO UM LIVRO
Por Eustáquio Gomes
06 abril 2010
O PACOTE
Por Marco A. de Araújo Bueno
05 abril 2010
04 abril 2010
Чекловиски
Boa Páscoa, que é 'passagem' em hebraico. Passar bem!
(...) Domingo eu quero ver,
O domingo passar.
Domingo eu quero ver
O domingo acabar!"
(Titãs)
Até o próximo domingo, porque hoje não é dia de Biblioteca.
***
"Piscar d'olhos"
Por Marco A. de A. Bueno
- Como viu a implosão da rodoviária?
- Quando vi, num vi!
03 abril 2010
Passagem
A cabeça é oca e a Terra... Não gira bem.
Sem eira nem beira, vomita dentro do capacete astronauta.
Aqui, quando se planta bananeira em terreno alheio, já é guerra.
Invasão espacialta. Olhos fora da órbita.
ET, telefone, minha casa, Spielberg, iceberg'n'3D.
BBB is watching you! I want you for U.S. army!
Televisão virou janela armada em missão de paz.
Mas a minha vive fechada. Eu zen que nela jaz.
Enquanto vão armando o corpo em silicone-míssil.
Rabo de saia de cometa suicídio, mãe que mata.
Há um gás carbiônico a provocar acidentes.
No ranger dos dentes tem ácido sísmico.
Teus deuses estão feridos. Teus irmãos, metralha.
Prepotentes queridos, fizeram um seguro-funerária?
Atrapalha mais a carne do que Cristo ressurreito em coelho de Páscoa. Ovo chocado com calda de cometa.
Povo chocado com a própria alma.
01 abril 2010
SONETO XXXIX
Por Marcelo Finholdt
À memória de Andréia Formenton Mesquita
*14/04/1971
+31/10/2002
Foi um fruto do outono eclodindo na vida...
Foi um gesto de vida, inspirou versarias,
Foi a luz de um escuro e o escuro de um dia,
Foi à vida sem medo e encontrou a partida.
Foi de vez para a vida, iniciou-se na ida...
Foi um gesto de vida esbanjando poesia,
Foi de fato feliz fomentando alegria,
Foi um belo sorriso, uma fé incontida.
Foi o fim do começo esbanjando beleza,
Foi sutil e vistosa, era flor: Azaléia!
Foi o oposto do não, foi o sim de Teresa.
Foi então o resumo, era mesmo uma Déia!
Foi tão simples, porém demonstrou sutileza,
Foi, vem sendo, será sempre assim: Só... Andréia.