28 fevereiro 2013

MONÓLOGO DO LOBO



Por Marcelo Finholdt





Entre Marco e Antônio está o Lobo;
O Lobo: ora está em Marco, ora em Antônio.

Entre Paula e Patricia está o Lobo;
O Lobo: ora está em Paula, ora em Patricia.

Entre Bob e Dylan está o Lobo;
O Lobo: ora está em Bob, ora em Dylan.

Entre Mahatma e Gandhi está o Lobo;
O Lobo: ora está em Mahatma, ora em Gandhi.

Entre Patrick e White está o Lobo;
O Lobo: ora está em Patrick, ora em White.

Entre Nadime e Ignez está o Lobo;
O Lobo: ora está em Nadime, ora em Ignez.

Entre Nelson e Mandela está o Lobo;
O Lobo: ora está em Nelson, ora em Mandela.

Entre Fidel e Castro está o Lobo;
O Lobo: ora está em Fidel, ora em Castro.

Entre Madre e Teresa está o Lobo;
O Lobo: ora está em Madre, ora em Teresa.

Entre António e Antunes está o Lobo;
O Lobo: ora está em António, ora em Antunes.
............................................................................
Não existe o monólogo do Lobo,
O Lobo está em toda parte,
Pois ele está no meio de nós:
Alimente-o, caso quiser.





25 fevereiro 2013

TERCETO DRUMMONIANO



   

      TERCETO DRUMMONIANO


Por Marco A. de Araújo Bueno

     No afã de só respirar, de respirar apenas,
   (Respirando o dom das cousas 'consideradas
   Com ênfase') quanta tristeza escavada, caro!

23 fevereiro 2013

SEABIRD

Poesia e tradução por Paola Benevides*


Albatross still waiting
Even when it's hopeless
The sun goes down
The moon arises
Soon they will come across
And sing outcries

Oceanly
Flying and floating
It turns to a man 
A kind of male siren with wings
Coz' his arms a child has stolen

Thus he dances until the death.

______________________________________

AVE MARINHA

Um Albatroz está à espera
Ainda que desesperançoso
O sol se põe
A lua resplandece
Logo eles se encontrarão
Para cantar seu pranto

Maremotamente
Voando e flutuando
Ele se torna um homem
Um tipo de sereia-macho com asas
Pois seus braços tinham sido roubados por uma criança

Assim, até a morte ele dança.


*Texto publicado originalmente no blog TRAÇAS S/A, em 01/Fev/2013.

21 fevereiro 2013

RASGOS

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Rasgos


Guardou a folha de papel com esmero, apesar de alguns rabiscos e borrões. Havia espaço para outras tantas escritas, outros rascunhos, outros desenhos em suas bordas e rodapés. Aquilo que lá estava, já impresso, não podia ser apagado, não se prestava ao esquecimento. O que, de quando em vez, acontecia eram rasuras. Os riscos eram uma tentativa de anulação, passando por cima para, então, tornar omisso. De nada adiantava, o encoberto só precisava de um pouco mais de atenção para descobrir-se. Tampouco a borracha foi capaz de exercer a função retroativa, tudo que tentava apagar permanecia em baixo relevo, feito pegada na areia, gravado no papel.

Depois do cansaço, tudo que lhe restava era guardar a folha. Mas isso já havia acontecido antes, só que a falta de esmero fez com que a folha voltasse depressa demais para a escrivaninha.

Dessa vez, o movimento de abrigar acompanhou a desistência de esquecer. Nada ali se esfacelaria. Colocou, com todo o cuidado, a folha dentro do armário, na prateleira de cima, escondida embaixo dos livros.

As lembranças costumam lhe assaltar e os desejos lhe surpreender, surgem vontades. E a folha, mesmo parecendo-lhe ter sido arrancado um pedaço, em sua inteireza, dá o tom para melodia que se quer tocar.


19 fevereiro 2013

PLAYLIST DO FUNK PASTORIL

Playlist do Funk Pasatoril

Por Vitor Queiroz

I

CHEGADA PASTORIL DAS PIRIGUÉTIS

Estando as pastorinhas
Aqui neste lugar
Meus senhores todos
Queiram desculpar

É pedra, é pau, é osso
Saravá bendito, rimance fabuloso.

Senhoras e senhores
Queiram desculpar
Que a batida assombrosa
Já vai começar.

É pedra, é pau, é osso
Saravá bendito, rimance fabuloso.

II

APRESENTAÇÃO DOS CORDÕES BARROCOS

Boa noite a todos ............................... A estrela Obesa é chegada!
E a nossa Diana esculpida................... Boceja desencarnada.

Anabela Odaléia Havana
Belas elas são
O resto do bloco
Venha no cordão. (Fu-di-dão!)

Boa noite a todos ............................... A estrela Obesa é chegada!
A nossa Diana cuspida ........................ Suspira desencontrada.

Tia Juana Sara Celeste
Belas elas são
E o resto do bloco
Venha no cordão. (Pan-ca-dão!)

III

DESCE A BELEZA DO PARNASO

Tia Juana velha e escalavrada Sara menina doida Celeste rainha tesuda
Beleza afamada!



12 fevereiro 2013

09 fevereiro 2013

FARMACOPEIA


A solidão é maior que o mundo inteiro. Raça humana que não se abraça, quando resolve fazer parte da história do outro, a tinta do tinteiro se afasta e as palavras ressecam. Amarelam-se as páginas que se viram feito caras, feito as costas, feito as portas que se batem quando são postas as vidas em aberto. Tudo tem um preço. Nada tem valor. Alguns livros são comprados pela capa, enfeitam prateleiras, viram alimento para traças. Vendem-se mais dramas e catástrofes que as fábulas de cor rosa. A tolice do homem está em querer ler na ficção o que acontece na realidade, porém com doses mais inacreditáveis de sofrimento. Homeopatas! Sangue nos olhos dos outros é refresco de groselha. O pavor se pavoneia em chantagem, abre margem para a comoção. Aplaude a plateia. Vítimas de seus próprios egos, emoção embotada na garganta, chaga sem prego. Jesus nos salvou mesmo ou se perdeu na gaveta dos dízimos? Diz-me o quê em relação à sua existência? Está valendo a pena de morte? A cada febre terçã faz-se uma novena. À própria sorte, que graça teria um bilhete premiado sem que fosse compartilhada a notícia? Escondem-se os abastados dos interesseiros agora por cultivarem a ilusão da jactância, o fato é que os pretensos ricos sentem inveja dos esfarrapados no quesito alma. Ninguém sabe se aturar sozinho, na verdade, ninguém se quer sem o próximo, que quanto mais aproximado está, aí se proliferam os defeitos feito baratas expulsas do ralos. Quando não, as qualidades são aproveitadas por tempo limitado, manipuladas, pois hoje em dia tudo é reciclável. Poucos não são os rasos. Raros são os maduros sustentáveis.
Drug Detox for Alcohol and Drug Addiction
Refém do chefe, do marido, da mãe, da televisão, do partido, da contrapartida, da contravenção... Viciado em gula, luta no tatame, funk pancadão, aspartame, shake diet, Chuck Norris, cachaça com ou sem limão... Dependente físico da obesidade mórbida, da foda fora do casamento, do ajuntamento falido, do palavrão frente às crianças, da moda em 30, 60, 90 sem entrada e sem juros... Afeito a cheques sem fundo, fundo de poço, ostentação, esteticista, açougue, maltrato animal, agiotagem fatal, cigarros e Marijuana (foi ela quem disse certa vez trajando vermelho até os olhos: - Não se chega ao pó senão por mim). Tarja preta é o remédio para a censura. Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra, pode ser de crack, pode subir o telhado de vidro alheio, pode ser o equivalente em cacos do seu espelho. É de doer o coração dos mais fracos, porque os mais fortes só aprenderam a dormir sob efeito de comprimidos. Por um triz, Rivotril. Uma estaca de vampiro ao menos estanca sangramento. Morre-se de hemorragia interna ou na internação. Aceitamos só visitas íntimas, não aceitamos cartão, a porta da área de serviço está aberta a ladrão de strip poker, negros com micropênis, prostitutas universitárias, freiras lésbicas e padres pedófilos. Não damos crédito à velhice, pois antes enfrentar a cadeira elétrica que a de rodas ou balanço. Vaidade com a idade aumenta. Vamos à queda de braço, que não se dá a torcer. Torcida uniformizada só serve mesmo para bater. Mas temos esperança que a paz um dia venha em cápsulas.


07 fevereiro 2013

O DESFILE DA HIPOCRISIA



Por Marcelo Finholdt

Iemanjá abençoou
O reinado de Momo,
As águas de março fechando o verão
Em abril cobrindo o Brasil, sumindo com índios e árvores.
Homo-sapiens trepando e casando-se,
Fogos de artifício explodindo nos orifícios, outro ofício.
Férias? Nunca! A calhordice vai a 1000 no recuo da passarela!
"César Augusto Calhorda" volta a imperar? Onde? Quando? Como?
A primavera não é mais a mesma, pois tem o monóxido do mundo,
As crianças nascem com o Windows 19 instalado, programadas aos videogames, aos computadores e celulares: elas brilham diuturnamente!
Os mortos nada sentem: nem aqui, nem acolá: mesmo assim os VIVOS utilizam-se de seus conhecimentos para o BEM!
Logo: o mal é apenas o Demônio e o bem o Cristo; mesmo pregado, coitado, na Santa Cruz!
DISPERSÃO... NA PRAÇA DA APOTEOSE, TAMBÉM COM A LÍNGUA PARA FORA.


03 fevereiro 2013

ESTANDARTE

Por Regina Zamora


Passou...
agora recomeça,
emoldura
todas as suas artes
e apresenta
de norte a sul,
de leste a oeste.
O ensaio
que agora é arte,
dedicado ao estilo,
para um estandarte
de um desfile de cores,
desenhados, já pintados,
no contorno,
ou retorno do seu tempo
que chegou para ficar
e se identificar
com o seu passado
que aqui está.
"Bóra"
levantar esta bandeira,
que era branca
e virou estandarte
de porta bandeira,
de tantas alegrias
contidas e precisas.
E precisas também desfilar
este começo
que nunca terá fim.
Mecena,
tu és a inspiração
de uma nova era,
leva ao que te trouxe,
expande o que o caminho
abre para o seu carinho,
tão colorido e tão florido.
Flores e cores,
sinta o aroma
da tua conquista.
Olha lá,
está logo à vista.


Publicado No Recanto das Letras
Código do texto: T2994829
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