31 agosto 2012

PRECISÃO


Precisão


E quando
 Tudo está no lugar.
Exato
Simétrico

O que fazer
 Com sentimentos
- Apenas teus/meus
Que não dizem nada
A ninguém

Alguém.
Além.
Amé!

A vida plena
Enjaulada
Encarcerada
- Barras de ouro.
De outro.

Nuvens
Nus vêm
Sem nada dizer
Ninharia a dar
Apenas por encantar.



29 agosto 2012

CHÁ DE SUMIÇO


CHÁ DE SUMIÇO



Me mandaram um pacote, verdinho, até bonito. Coloquei-o em cima da mesa, acendi uma vela, fiquei olhando para ele e pensando: “sumiço” não é coisa de mágico desaparecimento, não. Ele não é “nada”, não se esvai no ar, não é vazio : é material complexo, de pegajosa e muita humanidade  - e umidade. É perigoso, sei. Por isso não quero abri-lo, temo seu embutido poder de Pandora – espalhará mais sombras, algum morcego talvez, pelo meu ninho forrado de preocupações?
           É um presente o que ele contém? – uma armadilha, talvez? Em matéria de presente, confesso, preferia um maço de rosas – sem espinhos, claro. Em matéria de armadilhas, já conheci e provei tantas, vida afora, que o hábito de sofrê-las matou-me a curiosidade, de vez.
           Em matéria de chá, preferia um daqueles bem elaborados da Romana com mil coisices gostosas, com alentado papo e risadinhas de contentamento – à falta absoluta do quê, na cidade absolutamente morta, defunta já, nestes feriadões....só me resta a gastura.
         O chá de Sumiço – que venha.Que seja.

28 agosto 2012

27 agosto 2012

ROTAÇÃO

Por Guilherme Salla




O sol no céu
é sinal
que a noite acaba
todo dia.


Bom sinal,
a noite
um dia
acaba no céu.


O sol é um sinal
que no céu
todo dia
acaba noite.



.

23 agosto 2012

VERSOS DAS F[R]ASES LUNARES


Por Marcelo Finholdt

Lua nova é nova?
Lua nova cresce...
Lua nova é cheia?
Lua nova míngua...
Se é crescente cresce?
Se ela cresce é cheia
Se ela é cheia míngua...
Se ela míngua é nova.
Lua cheia é cheia?
Lua cheia míngua...
Se ela míngua é nova
Se ela é nova cresce...
Se ela míngua... míngua?
Se ela míngua é nova
Se ela é nova cresce...
Se ela cresce é cheia.

21 agosto 2012

QUADRO


   Quadro

   Por Marco Antônio de Araújo Bueno

  [Microconto de dez palavras em intenção do quadro da colunista Paula Miasato]



Querem legenda? Eu não estou dormindo, estou olhando para dentro.

18 agosto 2012

BREAKING BAD




Breaking Bad do canal AMC é uma série que narra a transformação de seu protagonista, Walter White, de um agente passivo na vida para um agente ativo. Ou seja, de um indivíduo sem importância que é maleável as mudanças do ambiente ao seu redor e a decisão de outros, a um ser que toma decisões, e ganha os poderes de ser responsável pelas mudanças ao seu redor. Uma mudança engatilhada por um dos presentes dos que gostam de fazer dinheiro aos que não se responsabilizam por si próprios: um câncer. Ele, um professor de química fracassado, que mal consegue pagar suas contas, com a visão de uma morte próxima, decide que não pode deixar a sua família sofrer com a sua falta de responsabilidade até aquele momento de sua vida. Não quer deixar eles na miséria com sua partida, e assim decide entrar no melhor negócio lucrativo que consegue encontrar: a produção de metanfetamina e o tráfico de drogas. Negócio levado as alturas com a cooperação de governos corruptos, a proibir o direito dos indivíduos de se auto-governar. 

Tornando-se um cozinheiro de metanfetamina, Walter White começa a jornada pela transição que nunca completou na sua juventude, a sua transformação em um homem de verdade. Passando nas provas dialéticas de se confrontar com outros homens ativos, se submetendo a eles enquanto aprende, para depois sobrepor-los. Também sofrendo as consequências de se ver traído e deixado para trás por aqueles que não queriam passar por essa transformação com ele: sua esposa. Uma mulher que se frustra a ser jogada num mundo de pessoas responsáveis.

Agora, sua jornada está chegando ao final, na quinta e última temporada da série, já em exibição no canal AMC.

17 agosto 2012

MUDANÇA

Mudança

Por Wlaumir Souza

no primeiro dia de apartamento novo
saio na janela do quarto
olho pro chão
o que vejo?
Mulheres se amando
deliciosamente
se beijando
se acariciando

bons presságios
o amor existe
resiste
se reinventa
inventando-se
mais do mesmo
e do outro

chamo a turma da mudança...
afinal são machões.
quero ver a reação!

Todos olham
se deliciam
querem ver mais
nada dizem
se olham
apenas riem
um sorriso maroto.

de garoto?


16 agosto 2012

A MI ME GUSTA


A mi me gusta



Nada do que é você em mim se desfaz”. Tudo permanece em mim sem que nada aconteça. Amontoado de coisa nenhuma e todas as coisas que se enclausuram em mim por nada me pegar de assalto. Esse nada de você, que é também algo de você, fica, para que eu possa lembrar e esquecer. Lembrar subitamente quando a lembrança saltar aos meus olhos e esquecer, às vezes devagar para manter o gosto, às vezes rapidamente para deixar passar.

Pintei um arco-íris em meu pensamento ao lado daquilo que há de você em mim. Leveza e beleza que o arco-íris carrega consigo e espalha nesse lugar em que persiste sumindo. Aquelas cores todas juntas que incitam a contemplação. Encontro entre os raios do sol e as gotas de chuva desenhando no céu arcos coloridos. Sensação de uma mistura entre o esfalecimento e o intocável.

Esfalecimento que convive com aquilo que não se desfaz. Intocável íntimo ao completamente tangível. Fiz isso de propósito para sempre manter o paradoxo entre o que irá ou não esfalecer, desfazer, refazer, in-tocar, tanger, manter, apagar...

Assim, nada e tudo do que é você toca em mim com a mesma intensidade com que se desmancha. Atravessa me trazendo para mim e macula o que eu sou, o que você é, o que somos nós para nós mesmos.

Nada do que é você em mim se desfaz”. Tudo se refaz, inclusive eu e você.

15 agosto 2012

TEMPO DE HOMENS PARTIDOS



Por Cecilia Prada

Na letrinha redonda das meninas-família eu escrevia que quem era o presidente da República era o Doutor Getúlio Dornelles Vargas, continuava a ser o doutor Getúlio Dornelles Vargas, cuja continuidade no poder ninguém parecia estranhar. Vagas memórias de comícios em que eu ficava lá embaixo, esfregando o nariz nas pernas dos adultos. De comitês no Centro do Professorado Paulista, onde senhoras de tailleur e chapéu de feltro – década de 30– faziam longos discursos inflamados enquanto eu, única criança nesses lugares, dormia a sono solto, só acordando estremunhada na hora dos aplausos. No ar, dispersas frases,em blocos, “Revolução de 32”, “legalidade”, “Constituição” – que seria aquilo? Nas casas, capacetes e obuses enferrujados escondidos no armário, retrato de algum sobrinho jovem e morto, uma bandeira amortalhada em um gavetão. Perguntei o que era, me disseram, em devoto sussurro: “A bandeira paulista que o Getúlio mandou queimar.”

Mas o principal medo, na família, era o dos comunistas. Eles sim, viriam, matando criancinhas, invadindo as casas, enfeiando as moças, condenando-nos a passar fome, colocando-nos diante de pelotões de fuzilamento. O caldo da fervura dos anos 30 engrossava-se com a Guerra Civil espanhola – que na família católica repercutia como o horror dos horrores porque os padres e freiras eram obrigados a fugir da Espanha.

- Sim, e fogem levando seu ouro escondido nos santos!

A voz, indignada, era de Dona Anita, espanhola e mulher do seu Muñós, que era aos meus olhos de medo o único monstro comunista que eu conhecia – terrível, falava alto, dava murros na mesa enquanto discutia com meu pai, que era católico fanático de comunhão diária e que partilhava com meu tio Egídio, seu irmão, a opinião de que todos os comunistas deveriam sim, morrer na cadeira elétrica ou fuzilados. Então, naquela noite de discussão, eu sentadinha no degrau da cozinha da casa do seu Muñós, morria de medo porque ele decerto ia matar meu pai. E queria ir embora logo, e acho que fomos mesmo, e nunca mais voltamos. E seu Muñós tinha um filho que era muito gordo e andava de motocicleta, uma coisa potentíssima e barulhenta que me fazia também muito medo. Francisco, se chamava ele, e morreu moço, do coração, e eu pensava “bem feito, quem mandou ser comunista”.

Mas um comício em particular me deu um medo muito maior. Pude presenciá-lo melhor, não mais “lá embaixo”, vendo pernas de pessoas e amassada entre elas, mas do balcão de uma sala nobre do Colégio São Bento, onde me levara meu pai.

- Por que todos estão vestidos de preto?

Devo ter perguntado meio alto e meu pai fez sinal para ficar quieta. Eu continuei, de olhão arregalado, observando aquelas pessoas estranhas, de porte rígido, inteiramente vestidas de luto, por que seria? até camisa preta fechada, e os padres beneditinos em seus hábitos também negros, e depois, no fim, por uma porta lateral entraram rígidos portadores das bandeiras inteiramente negras do Fascio, recebidas com aplausos entusiásticos. Empinadas, as bandeiras se vangloriaram um instante, se pavonearam satisfeitas, para depois, num gesto teatral ensaiado, baixarem-se todas ao mesmo tempo. De tanto susto, quase gritei. E escondi o rosto na calça de meu pai - que também parecia ser negra.

Frases que captava na conversa dos mais velhos. Minha mãe, contando:“...Então nós fomos ver o comício da Praça da Sé, com a menina, e saiu tiroteio, e só tivemos tempo de subir num bonde que estava passando e fugir”. Li, em um dia de janeiro de 1994, a notícia da morte de Fúlvio Abramo, o qual, diziam, “tivera o poder de deter, organizando um comício, a marcha do integralismo entre nós”. Teria sido esse o comício aludido por minha mãe como o “comício do bonde”?

Toda quinta-feira realizavam-se na Cúria Metropolitana, na rua de Santa Teresa, palestras de Apologética. Fui levada a muitas, dormia num banco enquanto meus pais faziam pós-graduação espiritual. Mas devíamos, na ida e na volta do Largo São Bento (onde tomávamos o bonde para casa), atravessar a Maior Praça do Mundo – havia sempre carros, rodando em fila ou aos magotes, ameaçadores, levava um tempão para se poder atravessar correndo, em tempo sem semáforos.Uma praça que nos comícios criava vozeirões terríveis ecoando nos alto-falantes. Até uma, grossa, enérgica, muito máscula, conclamando:

- Mulheres de São Paulo!

Era Dona Carolina Ribeiro, a diretora da Escola Normal Caetano de Campos. É homem, mãe? – a única mulher a discursar lá em cima, com os homens. Que todos, pareciam sempre estar muito zangados, brigando, esgoelando, e eu achava que de repente iam começar a se matar.

Não devia estar errada. O “comício do bonde” acabou em tiroteio e mortes, mas a família cristã salvou-se a tempo.

( Do livro “Entre o itinerário e o desejo”, Editora Scortecci, SP-
2012)




14 agosto 2012

A CASA DA BELEZA




A TEOFANIA 
parte 9

a casa 
da beleza


a) Cenário

Baldaquins egípcios 
porcelanato quinas
travessas, garfo e faca.

b) Advérbios

No fundo
do copo
no branco
do olho,
no oco no toco
do sonho,
na prata translúcida
das bandejas
vige
um papo azedo
dum anjo
desgarrado,
um sapo
virado do avesso,
um abrigo
anti-bombas
inutilizado,
safados chafarizes
desperdiçando
um horror
de lombos humanos,
que mais?

uma bruta
veia dramática
talvez, 
travessuras
dum cupido
de gesso, decerto:

c) A Teofania

é o cavo, é o Capo
é a casa,  
é o travo da beleza.




09 agosto 2012

EQUINOCIO


Equinocio

 Wlaumir  Souza


As folhas vibram
Atritam
Reclamam

O vento desliza
O ruivo minado
A presença fina

O casaco pesado,
Em férias
A meia estação
Impera

É o inverno reclamando
Seus últimos instantes
Se foram.



08 agosto 2012

TRILHA

* Desenho: Luiza Maciel Nogueira

TRILHA
Por Alvaro Posselt

Meu pensamento
é como o voo dos pássaros
não deixa pegadas
Mas se por acaso
deixar rastros no caminho
é sinal de que parei de pensar

07 agosto 2012

ESSE TEMPO INSONDÁVEL...


Esse Tempo Insondável...


Por Marco A. de Araújo Bueno


Despedaçada, invadida pelas entranhas; vísceras expostas como caqui despencado ribanceira abaixo. Quase que jazia sobre superfície lajeada, viscosa, eivada de fibras viscosas vermelhas e globulências esbranquiçadas. Ao redor daquele mosaico destroçado, instrumentos pontiagudos de incisão e sondagem perfurantes e ferramentas percussivas em estado de repouso gritante transpiravam ainda ofegantes. Imersos naquela pulsação sinistra dos atos irreversíveis. A marcha wagneriana de fundo enroscou e emitia guinchos agudos de estourar os ouvidos. Um celular reclamando em sons de urgência.
Bêbado, com seu avental branco entreaberto, a genitália exposta à fresta da persiana que prometia mais calor pelo nublado metálico, ele estava confuso e exausto apoiando-se de costas numa geladeira escancarada ainda, o pulso esquerdo latejando de tanto cortar e mexer e perfurar, distendia-se ao longo do corpo exangue enquanto o direito alcançava o aparelho numa torpeza que se dissolvia – dever cumprido – pelos ladrilhos ensebados, escorregadios. Hora de prestar contas e planejar as ações seguintes, meticulosamente, contra o tempo e as expectativas tão desfavoráveis ao feito, atendeu: Alô! “Tânia, demorou! Operação melindrosa, deu trabalho sim, ufa! Ta feito!”
Cambaleou, tomou mais uma talagada e começou a jogar água naquele cenário que o manteve em tensão ótima até então. Ao passar o rodo lembrou-se que a área externa estava imunda e escorregadia também, mas o sol já ofuscava a vista pela porta de vidro toda embaçada. Pegou o celular, tonto, meio em êxtase. Nem precisava ir pro México, regozijou-se. Tamanha perícia, planejamento e muita fé no seu taco. Riu-se e lembrou-se do perito...Mas concentrou-se em limpar os vestígios todos daquela lambança. Depois arranjaria o resto, telefonaria...Teria esquecido algum detalhe?Franziu a testa, e aquela...:
“Tânia, minha tesuda, quase ia esquecendo, aquela sua bermudinha verde-musgo, bota ela que o almoço vai ser na mesa da piscina. Vou ligar pro meu amigo, aquele perito do churrasco do hospital. Virá com a namorada, ela faz a salada. Não disse que dava um ranguinho tropical hoje? Quer saber, antes de tudo vou me dar um choque térmico! É, um mergulhão de avental e tudo, pra cortar esta narcolepsia, essa aura de lagosta e caldeirada que me descalderou todo”, e gargalhou em disparada em direção à porta da área, sem ouvir o mas o caseiro não vinha pra limpar de manhãzinha?
Vinha.Veio, esvaziou a piscina e limpou toda a sujeira de folhagem do temporal da noite. Foi-se em silêncio. Ficou a foice: uma mancha vernelho-esbranquiçada de um metro e noventa, a três metros da porta de vidro esfumaçada; dois metros e meio da superfície escorregadia. Quase um simulacro do prato exposto sobre a bancada da cozinha, naquele instante em que Tânia entrou, sentou-se em posição de lótus e ficou meditando se fratura de crânio com morte cerebral não podia virar, com o tempo, alguma forma alentadora de...narcolepsia, depois de tudo. Qualquer virada; com tempo. Não irreversível!

04 agosto 2012

RECICLE UM FILME


Recentemente descobri uma nova modalidade de filmes, os fanedits, http://fanedit.org/, reedições de filmes famosos que desapontaram os fâs, ou até dos que não, para aqueles que só queriam ver como ficava de outra maneira. Modalidade popularizada pelo horror e trauma causado pelo prequel de Guerra nas Estrelas, que rendeu dezenas de reedições.

A questão dos fanedits é simples, por que jogar fora o que você mesmo pode consertar. Muitas ótimas idéias podem ser destruidas pelos próprios diretores, ou como é de praxe pelos produtores. Produzimos milhões de horas de material audio-visual que podem ser materia-prima para muitas novas possibilidades.

Do que assisti: uma reedição do filme True Romance, primeiro filme com roteiro do Quentin Tarantino, que foi bagunçado pelo diretor contratado e pelos produtores. Nessa versão, o filme segue minuciosamente o roteiro de Tarantino, e temos um filme muito melhor, como deveria ter sido, um filme que nunca seria lançado de outra forma. Vi duas reedições que combinavam as duas continuações do Matrix - meu trauma pessoal. Uma tira toda trama de Zion, outra reestrutura tudo numa nova versão. Nenhuma conseguiu salvar o que colocar dinheiro demais nas mãos dos irmãos Wachowskis estragou. Porém, também encontrei uma versão de 1 minuto e meio, que é perfeita. http://youtu.be/zXETAXXv7xE

Assisti também uma reedição dos três filmes de X-Men num só de 2 horas. O que também não salvou a falta de tato do Bryan Singer em saber desenvolver mais de 3 personagens numa história de 10, nem o fosso do terceiro.

E, por fim, uma reedição separando o Labirinto do Fauno em dois. Vi esse filme anos atrás no cinema, e sai de lá pensando "Uau, se eles não tivessem enfiado uma história clichê barata de guerra civil espanhola no meio da parte interessante do fauno, esse seria um ótimo filme!" Finalmente há essa versão perfeita.
Não cheguei a assistir, mas também li sobre séries de tv reeditadas como filmes, com todo tipo de trama tapa buraco jogada fora.

Imaginem agora as possibilidades dessas reedições caso a prática fosse mais difundida, caso não fossem as restrições impostas por leis de direitos autorais corruptas impostas por produtoras.

03 agosto 2012

EPITÁFIO


Epitáfio


No dia em que partir
Quero que seja definitivo!

Novas encadernações apenas se forem garantidas as páginas com  ...
As amizades com ;
. apenas no ódio e na desilusão.

No dia em que meu corpo se estilhaçar
Quero um milésimo de silêncio – e  nenhum mais
Seguido de beijos mil
Assim todos saberão - do que provei e o que perdi!
Seria possível que houvesse tantos beijos quanto abraços ternos

Ao anoitecer não me procurem nas estrelas
Não estarei lá!
Estarei trabalhando em favor dos nãos que recebi
Quanto aos sins, foram recíprocos.

Queria poder dizer que disse sim a tod@s.
Infelizmente
não foi possível.

02 agosto 2012

OTTO FINHOLDT #1


Por Marcelo Finholdt


(aos Finholdt)

Após um trago traqueostômico Otto Finholdt disse:
"Prondirá... este penúltimo trago? Prondirá esta chama?
Prondirá esta fumaça que - até nestora - encarrega-se d'Ottiar..."




01 agosto 2012

LIMITES






LIMITES


O poeta é ser de coisas certinhas: linhas.

-----------
Tenho ódio do poeta:
preguiçoso e lascivo,
avarento, ainda por cima -
economiza palavras,
lápis e papel,
arrima versos na parede da esquerda
(como se fosse modesto, low-profile) ,
só para mascarar ambição que o faz projetar-se despudoradamente até o fim da aléia almiscarada do jardim das palavras tortas,
e ir se banqueteando, no escuro, de emoções requintadas
(e roubadas - e roubadas! ).




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