28 fevereiro 2011

27 fevereiro 2011

NOTA


Morre neste Domingo o escritor Moacyr Scliar (PA); sem muitas palavras.

CONVERSAÇÕES COM CAEIRO - I

Por Talita Oliveira

pensei em ti
e isto
já seria o contrário do que vives.

sou uma bacante lassa
corroída pelas correntes da vida.

Rute jazia aqui tão cansada
emparedada pela serpente
dos abismos resgatada e ancestral.

palavra sentida, plena do pó que pisaste
por pés que desmereceram o caminho andado.

pedra de sal
a cidade que deixei depois de ti
nos olhos do passado que contemplam-te indo
longe da memória
da cidade que deixei.

26 fevereiro 2011

BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças é a história de Joel e Clementine, de como um apaga as lembranças que tem do outro. Alguém poderia dizer que a decisão de ambos foi errada, pois com cada nova situação em nossas vidas aprendemos algo, e ignorando isso estamos apenas fadados a repetir os nossos erros. Porém, outra pessoa poderia dizer que foi uma sábia decisão, pois caso a relação de ambos tenha sido realmente marcante, os aferiu cicatrizes que dificilmente os abandonarão no futuro, lhes afetando em todas as suas futuras relações. É a escolha entre seguir com um coração novo e vivo, ou um coração despedaçado. No final, eles começam tudo de novo, um recomeço que como num jogo de dados pode tanto os levar ao mesmo lugar que se encontravam no início, ou a um novo mar de possibilidades.

21 fevereiro 2011

JOSEPH HART VAUDEVILLE - 3

Joseph Hart Vaudeville 3



NOS CAPÍTULOS ANTERIORES vários bufos, um palhaço vestido de Prólogo, inclusive, anunciaram que o show vai começar e mais nada. Pura enrolação...


Capítulo V

VAI DAR MERDA

Bia Havel – num posto. Beira de estrada. Calorão... puta calor, rapá. Revólver. O falasfalto todo enfumaçado. Calorão.

Pista? engarrafamento? fazia um calor senegalesco. Os bufos palhaços mambembes [ ...... 6pt. ] ê, cansaço!

Para essa carroça aí, Bia, por algumas horinha. Já basta. Estafa. Pra gente ver se toma uma fresca, apenas.

Pó de serragem, os viajantes tiram cadeirinhas e escadinhas das lonas e aí, pronto. Frincha de uns sete carroções. Nas boléias vão beliches um jogo de facas perfumes abajur loção anti-pulga vitrolas plumas.

Pó de serragem, tosse. Beira de estrada. Na várzea. O falasfalto ronrona.

Porra, não tinha um posto de gasolina aqui perto não? Renata O´Brien Hart bufava. Espirro. Puta calor, calorão... Renata, o posto tá aí na frente, vinte metros e acabou-se. Você tá caducando já? Bia Havel retruca na lata. Joseph Hart, o maridão, bate palma ou estala no ar o chicote. Não sei. Faz barulho, né?

Palma tiro cotovelada xingamento ou rêlho. Vocês já sabem, queridos, tudo o que é bruto faz barulho desse jeito [ .............. 14pt. ]. O infortúnio, aliás, é a própria barulheira, é o panelaço, achtung! Belzebu calça tamancos.

Poderia chover – os palhaços rir-se-iam. Nervosos. Para dar merda tudo é fácil fácil. Puta calor, e por ora? e aí? o piche fuma. Pode chover daqui a pouco.

O Prólogo já pulou do seu banquinho, abriu o zíper de sua lona. Na fresta de um tapume um elefante a grama do chão toda amassada mantinha. Você vai perguntar agora, “e o revólver? e o revólver do primeiro parágrafo? O trombonão-revólver, a chuva que bem pode melar a vida a noite o show de qualquer bufo?” O Prólogo tira do lixo umas cascas de laranja.

Vai dar merda, achtung! vai dar merda. O anão alemão picando fumo coça, pés malfeitos, a barriga dum cachorrinho. Ah, se vai. Nunca vi.

– Palhaçada, também nunca vi tamém. Balançava as penas o negrão, o pianista. Seu Joseph quer ter uma mulher pra servir o almoço, outra pra servir a janta Renata O´Brien Hart e Bia Havel. Ora, ora. [ ....... 7pt. ] Nunca vi.

– Pouca vergonha, o velho anão tirava das bochechas um restinho de maquiagem, e ainda quer tomar as rédeas do vaudeville. Seu Giacomo mantinha tudo em ordem. Agora que...



... e agora? qué que tá pegando? choverá? Joseph Hart terá que se pronunciar à respeito da sua bigamia? e se tudo for apenas de uma intriga do anã e do pianista? a caravana seguirá em frente? latirão os cães? à noite haverá espetáculo?


NÃO PERCAM, EM PLENA TERÇA-FEIRA GORDA, DIA 08/03 O PRÓXIMO CAPÍTULO DO NOSSO FOLHETIM...



Nota Grafológica

[ .... 4pt. ] e quetais = Pausas, my dear. Espere 4 segundinhos, tome um gole de café e volte à página.


RETORNO A 500 METROS






.

20 fevereiro 2011

FUCKING FÚCSIA DONA ROSA

Por : Rafa Carvalho

Bateu no 22. A menina doida não estava. Vai ver, fingia não estar. Queria reclamar da noite anterior. De novo. Como ontem, anteontem e terça. Mas, vá lá... Pensava mesmo era no caçula. E no calor.

Era dona do prédio e também do comércio ao lado. E, havia dias, passara a sentir, assim por dentro, um calor intenso. Nada como o calor da já vivida menopausa, sabia. Mas algo como aquele calor da mocidade. Dos tempos dos quais já mal se lembraria...

O locatário do comércio, havia dias também, recebera ali seu irmão mais novo, para morar e trabalhar com ele. Por uns tempos, sabe como é. Era sujeito bem apessoado. Vinha de longe. Olhos claros. Doce olhar. 40 e tantos.

Ela tinha 77. 20 de viuvez. Havia uns 30 que não fazia as unhas. E, de repente, veio o sério sintoma: se maquiou. Passara a freqüentar o comércio diariamente. Várias vezes ao dia. Já não era só o aluguel, a passadinha esporádica, o produto necessário. Era já também o ‘bom dia’, o ‘boa tarde’, o meio entre o bom dia e a boa tarde, o gás que acabou, a lâmpada queimada, a resistência do chuveiro, o gato preso na máquina de lavar, o docinho feito com carinho, o convite pra almoçar no domingo, o cachecol de tricô...

E, assim, adveio o dia que se diferenciaria significativamente dos 10.957 dias anteriores. Entrou na manicure. A atendente recebeu-a estupefata. Mas o mais surpreendente ainda estava por vir. Exigiu uma cor jovem, sensual, insinuante, atraente... A tendência daquele verão hormonal.

Saiu de lá com as mãos vestidas em “fúcsia frenesi fascinante”. Ou será que era “fúcsia fascinação frenética”? Já não se lembrava mais do nome do esmalte. Nem entendia o porquê daquilo não se chamar simplesmente rosa, como ela. Mas também, vá lá... Pensava mesmo era no caçula.

Seguiu direto pro comércio. Lá, olhou-o bem, sorriu-lhe decidida, aproximou-se toda-toda e foi logo botando a mão delicada e imponentemente em cima do balcão.

19 fevereiro 2011

DESENFRONHADA


Quero uma boca para deitar
Enrolar-me no lençol da língua
Que brinca de briga com lábios de travesseiro
Quero perder o sono
Com o ronco desacertado dos ponteiros
E desacelerar paisagens
No movimento rápido dos olhos
Despir-me da primeira vista
Ao bocejar aromas de primeiro beijo
Roubar o hálito das flores noturnas
Acordadas na fotossíntese de sentir
Toques em pelo do sereno
Quero um sonho pintado com chuva
Para poder amar debaixo das cobertas
Quero a mão que assanha o cabeludo couro
E o colchão que incendeia
Quero me prender ao corpo que liberta
Tal bebê em barriga cheia de manha
Mas se eu renascer em berço d'ouro
Quem me cama?


17 fevereiro 2011

CANTIGA DE AMOR

Cantiga de Amor


Por Marcelo Finholdt





Love Song
(Letra: Nuno Fernandes Torneol (séc. XIII)
Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá)
Pois nasci nunca vi amor
E ouço del sempre falar.
Pero sei que me quer matar
Mais rogarei a mia senhor
Que me mostr' aquel matador
Ou que m'ampare del melhor.
Cantiga de Amor
Por Marcelo Finholdt
Mote
Pois nasci sem ver amor
E ouço del alguém falar.
Dói enfim estar na dor,
Pero sei me quer matar.
Glosa
Pois nasci sem ver amor
Neste mote... a trovar.
Sinto frio, em mim calor,
Mesmo aqui, a beira mar.
Rogarei a mia senhor
E ouço del alguém falar.
Traz o vento seu olor,
Pois desejo então provar.
Mia senhor me traz sabor
Não distante de meu lar.
Dói enfim estar na dor,
Deste sonho a incomodar.
Nunca amor me trouxe o ardor,
Vi fugir e me espancar,
Mia senhor, feitio de flor,
Pero sei, me quer matar.

16 fevereiro 2011

TODAS AS CORES DO SILÊNCIO

TODAS AS CORES DO SILÊNCIO

Por Cecília Prada

O silêncio não tem cor de vácuo, não. Cor de não-ser,cor de irremediável. Não. Nada disso. Vou te contar um segredo: o silêncio é vivo. E bem disfarçado, no mais das vezes – rei da arlequinada, da derrisão. Multiforme, multicolorido – ora, é só raspar a camadinha mentirosa de seu negrume e ter paciência para ir descobrindo aos poucos o que debaixo dela, ah!...sim, sim, o coelhinho matreiro que vai surgir aos poucos da paisagem brumosa, ah! sim, com certeza. Coelhinho-monstro, será?
Teremos coragem, paciência, para esperar vir –num repente – toda a complexidade, a beleza : do Silêncio?
Entrementes...(mentes? Eu, não) diríamos, nos valendo dos sempre-outros : Clarice, “Ouve-me, Ouve meu silêncio!”. Ou Lobo Antunes, o genial lusitano, “...o entrelaçado de mil vozes de que o silêncio é feito ”.
Aquilo que-existe no lugar onde não se fala. O que está ali pisca-piscando, insinuante, dependurado fruto do Bem e do Mal – à espera de nossa ousadia, para ser colhido. É o que falta – aquilo que, de tão dolorosa presente complexa existência ineludível, teve de ser suprimido. Por quem? Ora, isto no momento não pode nos interessar: não temos repentes sociológicos, filosóficos que sejam, e também não nos ocupamos de história, ou antes, já por demais nos ocupamos de tais coisas – somos agora, tão só e isto sim, gente vagando solta à procura de palavras, as muitas (precárias, insuficientes) que vieram conosco e nossas civilizações, para dizer o que ainda não pensamos, o que é poeira só, entulho, de vivências várias, de errantes aspirações.
E o silêncio tem também sexos. Diferente, no homem, na mulher. E nos sexos intermediários, é claro. E idades, sim o silêncio tem suas idades, circunstâncias.
Tem até seus próprios silêncios, o danado – o momento em que, desajeitados, nos tornamos tão tagarelas (para disfarçar) e tentamos escrever uma crônica, será?
(Uma coisa é certa: para todo aquele que quiser entrar nos arcanos do silêncio, o instrumento primeiro, imprescindível, é mesmo um facão de bom tamanho e gume certo, a se conservar à mão, para romper, no momento que se quiser ou precisar - o silêncio).






15 fevereiro 2011

PRIMEIRO POEMA SENTADO

Primeiro Poema Sentado - (Vi-me)

Por Marco A. de Araújo Bueno





A CADEIRA BARCELONA
[ícone do Minimalismo no designer]


PRIMEIRO POEMA SENTADO [SÉRIE: VI-ME]

- Oi to aqui !

(autor)


Por Marco A. de Araújo Bueno



E quando deito a mão no texto,

Espreguiçando interjeições;

E quando estico os travessões

A incestuar uns meus vocábulos;

E quando tudo se coliga

E se tensiona no espreguiço,

Eu me desato e vou à lona,

Insatisfeito de capricho.

Eu me aboleto à Barcelona,

Em vã desforra minimal

Que, em sua forma de cadeira

(E conteúdos ancestrais)

Em pós-modernas intenções,

Só bem me acolhe se me oprime

As tantas vísceras demais;

Que não derrapem no seu couro.

[Vi-me]


14 fevereiro 2011

RASCUNHOS DE MIM MESMO #5 FINAL


Todo dia elaboro um novo verso para meu poema
supondo que minha vida é poesia
na última estrofe que compus só tem seu nome
feridas abertas jorrando sangue e pus.

De um impulso nasce o outro
toda obra tem seu preço na amargura
todo parto é uma nova vida
um golpe da vida no queixo do Eterno.

Agoro começo um verso, noutra estrofe, noutro ritmo,
verso livre, branco, sem presunção,
passei na provação da dor, sou novo Homem,
até que o meu banco me condene à nova danação.

13 fevereiro 2011

SOBRE PORTAL FAHRENHEIT - { EM 12/02/2011-BIBLIOTECA VIRIATO CORRÊA_SP}






"Dito isto, fodam-se as categorias científicas de análise, os paradigmas ensebados e presunçosos que teimam em dar conta das representações simbólicas de cavernas e florestas. Habitamos cavernas de silicone translúcido e as florestas não existem mais; então, que eu me ocupe da história singular de cada árvore que agoniza, sem teorias e fiel à minha própria perspectiva dos seres e coisas que me cerquem."

Novembro/3001, de Marco Antônio Araújo Bueno. Portal Fahrenheit.

{NOVELA HOMÔNIMA NO PRELO}

12 fevereiro 2011

CISNE NEGRO

Cisne Negro

Por Daniel Matos


A transformação é violenta, qualquer transformação para se fazer permanente é feita de um ritual violento de ruptura. O mais novo filme de Darren Aronofsky, Cisne Negro, é sobre um indivíduo preso num mundo de dualidade, na criação de dois pólos opostos de características que se contrapõem e impõem um grupo de limites que podem levar separados cada lado a ruína.

É o conflito entre o grupo patético de limites do cisne branco, com toda a moralidade de uma sociedade desesperada e conformada com algo que não pode a sustentar, só a levar a uma neurose, contra o cisne negro, com sua dispersão e impulsividade, que fora de controle pode levar a loucura. É uma dualidade que não pode se manter, pois o mais reprimido se vê levado a uma eventual explosão. E é um explosão que pode levar a uma libertação ou a morte. E é essa trajetória que o filme se propõe a explorar.

08 fevereiro 2011

JOSEPH HART VAUDEVILLE - 2


Joseph Hart Vaudeville - 2

Por Vitor Queiroz



Capítulo I

QUANDO, ENTRETANTO

Quando, entretanto – senhoras e senhores. No palco. No rame-rame. Joseph Hart Vaudeville orgulhosamente presenta – tranchans... uma vida de poeira e asfalto!

Barracas de lona, uma rodoviária por semana. Joseph Hart Vaudeville traz especialmente para vocês...

Quê? [ .... 4pt ] hum, adivinha, Maria Amélia! Quê? uma vida de merda, uma vida de plumas e paetês!


Capítulo II

PRÓLOGO

Perdoa-me, Maria Amélia. Não vos apresentei ainda a minha graça. Perdoa-me, Hebe Camargo. Você foi babá de Adão ou de Eva, querida?

Moça bonita da primeira fileira, ei, senhorita! quer tirar um coelho da minha cartola?

Besta, palhaço. Basta, falastrão [ ............ 12pt. ] você tem um espetáculo para apresentar, homem! Vendedor de pipoca, ei! perdão. Foi mal, se empolguei de novo.

Ai, hoje vou apanhar da patroa. Não falei, ainda, nada que preste.

Moça feia, vira para cá. Jesus! torna a virar, Belzebu. Cruzes...

Senhoras e senhores. Neste palco. Nesta noite de serragem e de plástico. Brilhem, que brilhem todos os refletores. Fogos de bengala. Guirlanda de flores. Projéteis estourem.

Vou falar tudinho, hum?

Quando, entretanto.

Vocês ainda não sabem a minha graça qualequé? Bestas! Por que que um histrião ficaria não proscênio? Na frente desse pano troncho?

Não adivinharam ainda? Aff... podem se-me-chamar-me, entonces, de Prólogo.


Capítulo III

FANFARRA DE ABERTURA




Bonito fagotão, o fantasma de um trombone – as vedetes já estão no camarim. Semi-nuas. Boceja o Prólogo.

Bate um tambor. Na arquibancada. Bate um tambor grosse. Lasca de tíbia, o trombonão-revólver da fotografia, úlmero rádio sartório – os ossos de Renata Zuppern gargalham. Vamos escutar.

a) Joseph artas atrás da cena. b) O Prólogo na frente do pano, the curtain, o trapo velho:

a

joseph hart

– Picadeiro, my dear, vazio estareis. Nesta madrugada ainda. Barracas de lona? Vida de plumas e paetês? – tome cuidado, caro espectador.

b

o prólogo

– Senhoras e senhores [ .... 4pt. ] persignem-se. Que foi? Nem o Prólogo vocês obedecem? Ah, malandros!

Vou falar a real, então.

Por trás da pintura do palhaço vige a ruga e vagalumes enfeitarão a sepultura dos nossos avós.


Capítulo IV

TRANCHANS

Qué que há? Que enrolação é essa, Joseph Hart? Vamos abrir o pano, então. Fecha a tua glote histrião. Maria Amélia, vamos?


NA TERÇA-FEIRA, DIA 22 DE FEVEREIRO, NÃO PERCA... VAMOS JOGAR DURO NO FOLHETIM.

SERÁ SENSACIONAL, DUCA, MISERAVÃO. AGUARDE E CONFIE. JURO PRA VOCÊ, POR MINHA TIA-AVÓ DURINHA NUM CAIXÃO... QUE O ENREDÃO VAI COMEÇAR...



Nota Grafológica

[ .... 4pt. ] e quetais = Pausas, my dear. Espere 4 segundinhos, tome um gole de café e volte à página.




07 fevereiro 2011

O MONSTRO




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O monstro não era pedófilo,
apesar de comer criancinhas.
O monstro não era canibal,
apesar de comer criancinhas.
O monstro não era demoníaco,
apesar de comer criancinhas.
O monstro não era monstruoso,
apesar de comer criancinhas.
O monstro já estava lá,
antes das criancinhas.


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06 fevereiro 2011

Boas novas!

Em conversa com o amigo videoartista Luiz Augusto Lisbôa via MSN, eis que ele nos compartilha um link para a boa nova com o nosso colunista. Tive a ousadia de publicá-la aqui. Leiam:

BARRETOS, 06 DE FEVEREIRO DE 2011 - DOMINGO

Para poeta há “carência de literatura”
O poeta e músico barretense Marcelo Finholdt acredita que as pessoas estão carentes de literatura. “A maioria está tão distante da leitura, que sequer tem consciência desta condição. Não se percebem mais figuras de linguagem ou de expressão nos vocabulários. Muitas vezes as pessoas sequer utilizam plural ou flexionam verbos corretamente”, finalizou Marcelo. 

Marcelo é autor do livro “Sonetos” e finaliza duas novas obras literárias este ano, uma delas com os resultados de estudos acerca do medievalismo, através da utilização de elementos característicos na produção textual. “Idealizo ainda a inserção de melodias impressas, para o deleite de leitores musicistas”, contou Marcelo. 

Para o poeta, a pesquisa é fundamental. Atualmente recebe material do departamento de letras da universidade de Coimbra. O barretense é destaque no Blog “De Chaleira” (http://e-cha-leira.blogspot.com), um dos endereços eletrônicos mais frequentados pelos internautas apreciadores da literatura. O blog é criado e dirigido pelo psicanalista e ficcionista de Campinas-SP, Marco Antonio de Araújo Bueno.


Tininho Júnior
Marcelo Finholdt finaliza
duas novas obras literárias
em 2011

FONTE: Blog da Júlia - O Diário Online 





Ósculos dominicais a todos os que fazem o Blog De Chaleira com as honras de Marco Antônio, congratulações especiais ao nosso querido Marcelo Finholdt,
Paola Benevides

RÚBIA A RUIVA

P.S.: Atenção, concentração! Vai começar a brincadeira. Do Vanderlei, da Vanderléia, e também da dona velha. Vide - Rafa Carvalho!
Rúbia a ruiva
Ninguém do prédio gostava de Rúbia a ruiva. Seus escândalos, festas e espírito de arruaça por excelência incomodava, principalmente, as velhas carolas do condomínio e todo tipo de conservadores que prezavam a ordem e os bons modos.
Rúbia em sua efervescência , sua paixão e sangue pulsante, percorria movimentos criadores em seu pequeno apartamento. Não apenas, a velha forma sexo, drogas e rock roll - de rock aliás, não tinha nada além da atitude, sequer, uma camiseta de banda.
A capacidade criadora de Rúbia advém –lhe da polaridade entre sua atividade e passividade diante do mundo. E no seio da qual, a passividade não indica uma falta ou uma privação, mas, ao contrário, se torna uma condição essencial dela. Vamos falar de passividade:
Uma mulher de 30;
Sem compreensão;
Sem carência;
Sem amargura;
Nada sério recebido, nada sério dado e em última instância nada poderia existir em sua vida do que um difuso espírito capaz de espionar Carlos - o vizinho confuso e metódico, e observar o seu tédio comprado como drops, mas, sonhar que talvez um dia ela possa ter passividade no coração o suficiente para encontrar qualquer concepção de conservadores de condomínio pra se esconder melhor e praticar seu voyeurismo com prazer.

05 fevereiro 2011

SOBREVÔO DA EXISTÊNCIA



Em passos de asa, vôo
Mesmo assim sem liberdade
Uma ave, uma Maria
Que não sabe se vivo ou morro

Eu sinto saudades não sei do quê
Choro, afobo, grito, amanso, rio
Que escoa para o mar da sorte
De ser o que me quer vencer, levar

Estarei enquanto o rei não voltar à barriga
Dou de ombros a qualquer nado de costas
Sem abanar o rabo, esnobo a fresca da vida

Vem me provocar se não me gostas
Gasta-me menos a dor da ferida
Mãos postas na mesa: agora rezo

Um Deus feito de céu me guia
Azul, sem olhos, manco e perfeito
Feito da esquizofrenia de vários

Eu acredito na noite mais que no dia
Quando as cortinas de breu se abrem

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