08 fevereiro 2011

JOSEPH HART VAUDEVILLE - 2


Joseph Hart Vaudeville - 2

Por Vitor Queiroz



Capítulo I

QUANDO, ENTRETANTO

Quando, entretanto – senhoras e senhores. No palco. No rame-rame. Joseph Hart Vaudeville orgulhosamente presenta – tranchans... uma vida de poeira e asfalto!

Barracas de lona, uma rodoviária por semana. Joseph Hart Vaudeville traz especialmente para vocês...

Quê? [ .... 4pt ] hum, adivinha, Maria Amélia! Quê? uma vida de merda, uma vida de plumas e paetês!


Capítulo II

PRÓLOGO

Perdoa-me, Maria Amélia. Não vos apresentei ainda a minha graça. Perdoa-me, Hebe Camargo. Você foi babá de Adão ou de Eva, querida?

Moça bonita da primeira fileira, ei, senhorita! quer tirar um coelho da minha cartola?

Besta, palhaço. Basta, falastrão [ ............ 12pt. ] você tem um espetáculo para apresentar, homem! Vendedor de pipoca, ei! perdão. Foi mal, se empolguei de novo.

Ai, hoje vou apanhar da patroa. Não falei, ainda, nada que preste.

Moça feia, vira para cá. Jesus! torna a virar, Belzebu. Cruzes...

Senhoras e senhores. Neste palco. Nesta noite de serragem e de plástico. Brilhem, que brilhem todos os refletores. Fogos de bengala. Guirlanda de flores. Projéteis estourem.

Vou falar tudinho, hum?

Quando, entretanto.

Vocês ainda não sabem a minha graça qualequé? Bestas! Por que que um histrião ficaria não proscênio? Na frente desse pano troncho?

Não adivinharam ainda? Aff... podem se-me-chamar-me, entonces, de Prólogo.


Capítulo III

FANFARRA DE ABERTURA




Bonito fagotão, o fantasma de um trombone – as vedetes já estão no camarim. Semi-nuas. Boceja o Prólogo.

Bate um tambor. Na arquibancada. Bate um tambor grosse. Lasca de tíbia, o trombonão-revólver da fotografia, úlmero rádio sartório – os ossos de Renata Zuppern gargalham. Vamos escutar.

a) Joseph artas atrás da cena. b) O Prólogo na frente do pano, the curtain, o trapo velho:

a

joseph hart

– Picadeiro, my dear, vazio estareis. Nesta madrugada ainda. Barracas de lona? Vida de plumas e paetês? – tome cuidado, caro espectador.

b

o prólogo

– Senhoras e senhores [ .... 4pt. ] persignem-se. Que foi? Nem o Prólogo vocês obedecem? Ah, malandros!

Vou falar a real, então.

Por trás da pintura do palhaço vige a ruga e vagalumes enfeitarão a sepultura dos nossos avós.


Capítulo IV

TRANCHANS

Qué que há? Que enrolação é essa, Joseph Hart? Vamos abrir o pano, então. Fecha a tua glote histrião. Maria Amélia, vamos?


NA TERÇA-FEIRA, DIA 22 DE FEVEREIRO, NÃO PERCA... VAMOS JOGAR DURO NO FOLHETIM.

SERÁ SENSACIONAL, DUCA, MISERAVÃO. AGUARDE E CONFIE. JURO PRA VOCÊ, POR MINHA TIA-AVÓ DURINHA NUM CAIXÃO... QUE O ENREDÃO VAI COMEÇAR...



Nota Grafológica

[ .... 4pt. ] e quetais = Pausas, my dear. Espere 4 segundinhos, tome um gole de café e volte à página.




2 comentários:

Anônimo disse...

Aô, miseravão, nem esconde a carpintaria!Nem se consegue tirar água das canelas e a banda já rebimboca e o Godot continua lá. Maior!
Duca!

Anônimo disse...

Essa coisa de Maria Amélia (e os ossos da Renata ainda tilintando)...Vem vendeta por aí!

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