* Devo-não-Nego_Posto-quando_Puder (Dispositivo avançado de anarco-cronogramia)
31 março 2012
30 março 2012
ÓBVIO INVISÍVEL
29 março 2012
REPETIR
Por Vivian Marina
O atleta, a bailarina, o dançarino, o amante e tantos outros repetem seus atos e isso faz aumentar a possibilidade de êxito, de o espetáculo ser esplêndido, de o amor perdurar... Mas há garantias? E o público? O lindo salto? O dia chuvoso? O osso quebrado? A bicicleta? A vista cansada? A dor? O gol contra? A desconfiança? O medo?... enfim, o que fazer com o acaso que parece rondar os atos repetidos?
Talvez fosse melhor não vê-los como repetidos, mas como maneiras de experimentar o novo e esse novo não possui de antemão o julgamento de bom ou mau. Possui, pois, a potência de criação como aliada.
Continua...
28 março 2012
O AMOR DE LINDALVA
27 março 2012
PERDEU, PLAYBOY !
26 março 2012
PRESENTE PERPÉTUO
.
25 março 2012
24 março 2012
URBE
A lixeira cheia, o vaso vazio.
Bem podiam florescer nele umas mudas de papel
- amassado, higiênico, reciclado, machê, colorido
Ou uns pés de restos de comida, brotos de ração.
Mas, claro, sem aquele odor apodrecido
Nem chorume de laranja a deixar rastro pelo chão.
Toda cidade carrega no tom, é um outono bravio
Lança suas folhas ao vento, perde árvores em vida.
Pavio indomável de queimadas, cigarros e chaminés.
Há xamãs e manés entremeando esquinas, meninas.
Todos a pé, calçando os pecados na descrença,
Amarrando cadarços aos tropeços do destino:
Cadafalso.
No asfalto ainda faltam as sementes que alto crescerão.
Trilhos vazios de vagão desencarrilham trens-fantasma.
Limpadores de para-brisa com seus malabares no semáforo.
Pedinte, vira-lata feito um cão, áurea zumbi à caça de miolos.
E por sobre tudo que é flor, humano, rolos de compressão.
22 março 2012
IRMÃ MARIETA E AS CENOURAS
Marieta rezava e queimava outra vela,
Outra vela passava onde o tempo queimava,
A oração de Marieta então nada ajudava,
Pois apenas rezava e esquecia – se bela.
Marieta jamais quis abrir as janelas,
Mas tocava na fresta escondida da vida,
Esperava um milagre, um afago, guarida,
Pois apenas gemia ela ainda era Donzela.
Marieta não tinha a coragem das “loucas”,
Enxergava – se sã, mas de fé reprimida
Em voz alta rezava até então ficar rouca.
Marieta mantinha a vontade escondida,
Mas com vinho e cerveja às três horas e poucas
Esfolava sua greta em cenouras compridas.
Calíngua
20 março 2012
18 março 2012
NADA
17 março 2012
BIG BROTHER, INDOCRINAÇÃO E PROMISCUIDADE
16 março 2012
AUSCULTAR
Por Wlaumir de Souza
Quero a palavra!!
Sabe aquela que se sente...
E não se nomeia – ao certo
Quase pensa;
Acima dos sentidos.
Ah! Wittgeenstein.
Fazes-me culpado-limitado
Afinal, a fronteira do mundo é a baliza
Da palavra!
Apalavrada! Rabiscada! Rascunhada! Enfileirada!
Sentido
Pensado
Aspirado
Negado.
Onde está o vocábulo?
Este!
O que sinto
E não tenho palavra
A nomear
Mundo estreito
Tanges-me pela privação
Da expressão
Que ilumina
O que sinto?
Obliterado pelo silêncio
Do pensar a ausência do terno?
15 março 2012
ALIMENTO
Por Vivian Marina
O mosquito entrou na sala, a televisão estava ligada num canal qualquer, havia também alguém deitado no sofá que o testemunhava, almofadas jogadas, o tic tac de um relógio sobre a mesinha, a cortina branca que permitia a luz do sol adentrar e aquecer. O mosquito não veio buscar comida, talvez a companhia de outro mosquito, ou outro inseto amistoso, talvez buscasse uma janela na qual ganharia novamente a liberdade, só que a cortina escondia a janela fechada. Pousou então sobre a cortina, na esperança de que houvesse uma fresta pela qual o vento soprasse e a cortina acalentasse-o, daí, então, prazenteira abrisse seu caminho rumo a outros (en)cantos. Isso não aconteceu. Tentou ele mesmo fazer com que a cortina desgrudasse da parede e nesse entre encontrar um vão para o lado de lá. Mas isso também não aconteceu.
Cansado de esperar pelo pequeno buraco não encontrado, retornou pelo caminho que havia entrado naquela sala, ali sim poderia avistar uma possibilidade outra. Foi então que avistou uma flor no jardim dos fundos. Ela também não o alimentaria. Será?
Sua busca realmente não era a saciedade orgânica, era o encantamento. Permitiu-se avistar, pousar, contemplar aquela flor, naquele jardim. Isso o alimentaria de outras formas. O faria querer estar no mundo repleto de belezas e tristezas, as primeiras incitando coisas acesas por dentro e as últimas apagando belezas pelo sofrimento.
14 março 2012
O LUGAR ONDE NASCEM AS HISTÓRIAS
Por Cecília Prada
FIM
13 março 2012
AS FÉRIAS DE SUETÔNIO BARBOSA #5
12 março 2012
ESCOMBRO
.
11 março 2012
NINA'S NINAR SONG
10 março 2012
08 março 2012
À SANTA CADELA!
(Em consideração a José de Anchieta)
Por Marcelo Finholdt
Cadelinha viva
como amava a mãe
porque vossa vida
é parir mais cães!
Cadelinha altiva
pelos cães querida
vagueias na vida
mundana e enrustida.
Por isso vos seguem,
por prazer os cães,
porque vossa vida
é parir mais cães!
Vossa culpa clama,
latirás sem pressa
antes que amanheça
vosso rabo abana.
Vossa vil candura
foi - se c'os culhões
porque vossa vida
é parir mais cães!
07 março 2012
HAICAI DE VERÃO
Foto por - Ricardo Pozzo
o portão enferrujado –
Lua de verão
06 março 2012
GAGUEIRA FUNDAMENTAL - MACROCRÔNICA/MANIFESTO
Ga.guei.ra funda.mental
Por Marco A. de Araújo Bueno
05 março 2012
04 março 2012
BRECHÓ DE CARNE
Brechó de Carne
Por Paula Miasato
03 março 2012
FILME HOLLYWOODIANO É TUDO A MESMA COISA! O ARTISTA E O OSCAR
O Artista, grande ganhador do oscar, o mesmo filme já filmado milhares de vezes, seja mudo, falado, preto-branco, a cores e agora também em 3D. Esse é o tema do Orgasmo Audiovisual.
02 março 2012
BANDEIRADAS
01 março 2012
VONTADE
Vontade
Por Vivian Marina
Num certo dia errado, as folhas se mexiam como se quisessem permanecer paradas, as gotas de água pingavam da torneira almejando cair num recipiente qualquer para novamente enclausurarem-se, o sol brilhava simplesmente porque do céu nunca havia saído e o vento soprava quase como se fosse obrigado a tal. A inércia era a palavra da vez, sem impedições e interdições, mas com um movimento que lograva-se contínuo.
Não sabendo direito a razão, o pássaro observou aquele balbucio tedioso. Nem a chuva do final da tarde escapou, de tanto relampejar e do vento obrigar-se a ventar, as nuvens afastaram-se para que nada fosse precipitado.
O pássaro, então, com sua perspicácia, ao invés de imaginar aquele cenário como um vazio de vontade, incitou seu pensamento a torná-lo uma vontade de permanência, desmanchando continuar e parar, fazendo funcionar a espera e a possibilidade do acaso.