Vontade
Por Vivian Marina
Num certo dia errado, as folhas se mexiam como se quisessem permanecer paradas, as gotas de água pingavam da torneira almejando cair num recipiente qualquer para novamente enclausurarem-se, o sol brilhava simplesmente porque do céu nunca havia saído e o vento soprava quase como se fosse obrigado a tal. A inércia era a palavra da vez, sem impedições e interdições, mas com um movimento que lograva-se contínuo.
Não sabendo direito a razão, o pássaro observou aquele balbucio tedioso. Nem a chuva do final da tarde escapou, de tanto relampejar e do vento obrigar-se a ventar, as nuvens afastaram-se para que nada fosse precipitado.
O pássaro, então, com sua perspicácia, ao invés de imaginar aquele cenário como um vazio de vontade, incitou seu pensamento a torná-lo uma vontade de permanência, desmanchando continuar e parar, fazendo funcionar a espera e a possibilidade do acaso.
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