19 fevereiro 2011

DESENFRONHADA


Quero uma boca para deitar
Enrolar-me no lençol da língua
Que brinca de briga com lábios de travesseiro
Quero perder o sono
Com o ronco desacertado dos ponteiros
E desacelerar paisagens
No movimento rápido dos olhos
Despir-me da primeira vista
Ao bocejar aromas de primeiro beijo
Roubar o hálito das flores noturnas
Acordadas na fotossíntese de sentir
Toques em pelo do sereno
Quero um sonho pintado com chuva
Para poder amar debaixo das cobertas
Quero a mão que assanha o cabeludo couro
E o colchão que incendeia
Quero me prender ao corpo que liberta
Tal bebê em barriga cheia de manha
Mas se eu renascer em berço d'ouro
Quem me cama?


Um comentário:

Marcelo Finholdt disse...

Amável!
Embriaguei-me nesta ciranda de sentidos.

Valeu!
Marcelo Finholdt

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