13 abril 2010

AS OUTRAS

AS OUTRAS

Renata não deixaria que outra mulher desconfiasse da dor que sentia. Preferia transparecer sua felicidade, não que fosse uma tentativa de esconder algo, exaltava o que vivia com devoção. Instinto de proteção.

Do ponto de vista de Renata, Otavio, desperta nas outras um tipo de admiração espontânea. Por outro lado, as outras sentem o desejo de chamar sua atenção ou provocar nele algum tipo de interesse. As outras, mulheres, são repetitivas em seus truques, que se reduzem em olhares e demonstração de proximidade por valores e gostos.

Ele nega, ela se auto-engana.

Renata prefere lembrar ou comentar dos livros que leu ou faz um tratado a respeito da arte no século XX.

As outras despertam nela a certeza da crueldade dos homens.

Passa pela sua cabeça a lembrança do conto da bela adormecida, quando liam pra ela quando criança, e que sua filha também adora.

Mas Renata não se pergunta: Quem é a Bela adormecida?

É mulher que espera um homem despertá-la e pra quê? Pra dominar suas vontades. Talvez.

Antes disso eles fazem juízos de valores, analisando-as, e por fim, uma entre tantas é a escolhida, precisa de um beijo. Depois de escolhida, a vítima vê em outras uma potencial inimiga.

Um comentário:

Marcelo Finholdt disse...

Seus textos são sutis, causam prazer; não só pela propriedade, também pela leveza com que você aborda os assuntos, digamos assim... pitorescos!
Observo que a maioria das mulheres são mesmo assim, como você as descreveu.
Valeu!

"Forte abraço, força sempre!"

Related Posts with Thumbnails