02 setembro 2011

BORALÁ



Vamos abstrair, sem trair a gente.
Vamos abrir o mar de Moisés com os pés sujos sobre a água.
Lavar a cara com mentiras deslavadas até enferrujar corrente.
Nadar contra nada, só a favor dessa cantiga, em 'la-ra-la-rás'.
Deixar a vida levar para onde der, vier e doer na vista.
Vamos contrair o vírus da indecência e descontrair o sexo.
Amplexos ao luar são tão cheios de risco...

A tudo de insolúvel e solarável, proponho um brinde!

Corre, corre, vem me buscar dentro do nascente.
Arrebatar-me em estrada sem fim, para qualquer jardim mais oportuno.
Importunar o futuro, nós que vamos em frente.
Vamos a mim, vamos àquela que sente, e demais.
Vamos bancar o doido do mais louco dos ancestrais.
Sem temor, medir o universo com um dedo mínimo.
Dar bolo no mundo, mordendo a Via Láctea inteira.
Ao falar fosforescências, cuspir estrelas de farinha.
Acordarmos em sono profundo feito alcoviteiras do passado.
Mover moínhos, para não remoer o tempo todo.
Remover da fé o lodo que insiste em habitar montanhas.
Sermos o que se é, sem certo, nem ter errado.
Tecer arte e manhas um bocado...

Vem?

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails