11 junho 2013

AO LEITOR PÓS HIPÓCRITA



AO LEITOR PÓS HIPÓCRITA*

Por Marco A. de Araújo Bueno


Caso você vingue, vinda duma tronco,
(doutra via qualquer que não a darwinista)
Então terei passado, eu, que a alcanço em cheio
(nas suas próteses neurais, no seu exoesqueleto)

(Como terei sido a seus olhos, holográficos?)
Alguém que fugiu da linguagem binária e se deu!
(Alguém provindo das profundas sinapses e glias)
De que forma, mãos robóticas, apalparia meus gânglios?

Se ainda não a penso e farei rir a toda sua geração
(Sem distinção de credo, de cor d’olhos ou  genoma)
É porque teremos sido seres entristecidos –

Você, duma tronco, entretecida à base de divisão,
(Eu, ainda assujeitado, porém -  incompleto)
E nós dois decompostos em nome duma soma.


* Poema selecionado para a antologia HIPERCONEXÕES, de poesias pós humanísniscas.

2 comentários:

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Guilherme Salla, via Facebook:
é um lindo pós soneto, doc... pois é um soneto branco, sem rima e sem esquemas,
com outras inovações como os parênteses e tals...
Tem versos de dar inveja também...
gostei muito, adoro o Darwin!

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Belíssimo poema, meu caro.

Magnífico, mesmo. Fui fisgado já no primeiro verso, com a elipse de célula: "Caso você vingue, vinda duma tronco,"

Pena que seja um soneto. Detesto sonetos. Mas sei que poderei conviver com isso, rs.

Poema aprovado!

Um abraço,

Luiz Bras (Nelson de OLiveira, organizador da antologia Hiperconexões)

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