Não toma o amor por
coisa:
tesouro segredado
na primeira infância
ponte a ligar duas
criaturas prontas
lugarejo onde pecas
sã.
Não toma o amor por
tempo:
o que foi ontem
calou de vez
o que será um dia
não possui voz
e o que é não sabe
sê-lo.
“Amor sublime selo”
que aos poucos se
sedimenta em nós
e nos tira o sono
de prazer e dúvida.
Peste sem raiz!
Gozo sem pele.
Não toma o amor
como medida:
muito pouco
pequeno grande
findo infindo
a tudo lhe escapa o
quantitativo
volta cega ao teu
início.
Não toma o amor por
esperança:
se fosse fácil não
escreverias
se fosse impossível
não terias filhos
e se fosse eterno
não amarias.
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