02 maio 2010

PANORÂMICA SOBRE MCs PRÉ-CONCURSO DE CHALEIRA

(clique na imagem para ampliar)

“Sopros de literatura”

{Elementos para uma avaliação do que se configure como MICROCONTO, a propósito do concurso da ABL e com vistas ao PRIMEIRO CONCURSO DE MICROCONTOS DE CHALEIRA}




TRIBUNA DE MINAS
Leonardo Toledo
Repórter

Com quantas palavras conta-se uma história? Há quem defenda a concisão como um exercício fundamental para se adaptar aos meios de comunicação atuais e à vida social contemporânea. Ao lançar um concurso de microcontos no Twitter, a Academia Brasileira de Letras (ABL) marca presença em uma mídia que foi alvo de severas críticas da ala mais conservadora. Ao mesmo tempo, a entidade dá um passo importante na legitimação de um tipo de literatura pouco prestigiada nas universidades. Uma modalidade que nasceu bem antes das mídias eletrônicas, mas que incorpora, como poucas, a agilidade e a concisão necessárias nessa linguagem.
Território de experimentações, o microconto mantém abertas algumas arestas conceituais. O número máximo de caracteres permitidos em cada texto, por exemplo, costuma variar conforme a proposta de cada projeto ou coletânea. Algumas coleções permitem até 50 palavras, outras limitam a apenas dez. No concurso da ABL, a fronteira são os 140 toques do Twitter.
Autor da tese "Brevidade e epifania na micronarrativa contemporânea", defendida há dois anos na Unicamp, o pesquisador Marco Antônio de Araújo Bueno ressalta que nem tudo o que é postado nessa rede social pode ser considerado um microconto. Conforme o escritor, a literariedade seria o elemento crucial para distinguir essa modalidade de outros textos literários minimalistas. Sendo assim, anedotas, sentenças, máximas e aforismos, muito comuns na internet, estariam fora dessa categoria. "O que perpassa toda definição de microconto é a idéia de narratividade, ou seja, a propriedade de uma narrativa breve, de contar um história completa valendo-se da idéia de menos é mais. Para tal, deve haver personagem, recorte espaço-temporal, ação e uma certa abertura às diferentes interpretações", esclarece.
"Se não existe uma história por trás daquelas palavras, não é microconto. Mas, para contar essa história você pode recorrer a recursos de humor, ironia e lirismo. Como é algo sem definição, não há nada a que se prender", complementa o escritor Samir Mesquita, autor do livro "Dois palitos", reunião de 50 micronarrativas convenientemente acomodadas em uma caixa de fósforo.
Samir conheceu esse tipo de literatura minimalista em uma oficina literária ministrada por um grande entusiasta do gênero, o escritor pernambucano Marcelino Freire, organizador da coletânea "Os cem menores contos brasileiros do século" (2004). No livro, estão presentes narrativas em até 50 letras de autores famosos, como Lygia Fagundes Telles, Millôr Fernandes e Moacyr Scliar.

{...}

A difícil arte de cortar palavras
"Parece fácil, mas não é", é o que diz a voz unânime de escritores e estudiosos das micronarrativas. "Os microcontos exigem do leitor uma grande interação, pois o que está escrito é apenas 10% da história, o resto acontece na cabeça de quem lê. Cabe ao escritor escolher as palavras e a melhor forma de explorar essa narrativa. Por outro lado, são textos muito rápidos, que podem ser lidos a qualquer momento, em qualquer lugar, o que ajuda a levar a literatura para o dia a dia das pessoas", explicita Samir Mesquita.
Anderson Pires, entretanto, pondera as limitações do gênero, que opera sempre sob a guilhotina da extrema concisão. Na opinião do professor, a grande qualidade dos microcontos não estaria no conteúdo dos textos, mas na experimentação da forma literária. Nesse sentido, Pires chama atenção para os assuntos abordados. "É curioso como os autores escolhem temas polêmicos, embora o tratamento dado seja, por vezes, superficial."
Apesar de ter ganhado maior visibilidade recentemente, não é de hoje que os escritores buscam formas literárias minimalistas. Publicado postumamente, o livro "Pequenos poemas em prosa" traz pequenos textos do poeta Charles Baudelaire. Segundo Marco Antônio Bueno, o francês foi discípulo fervoroso de Edgar Allan Poe, que se indignava com o critério da extensão como índice para se julgar o valor de uma obra literária, ainda no século XIX.
O pesquisador, no entanto, situa a origem da micronarrativa na "Poética" de Aristóteles, quando o filósofo reduz a "Odisséia", de Homero, a núcleos de ação que cabem em um único parágrafo. Edgar Allan Poe e norteamericano Ernest Hemingway também são citados como importantes colaboradores da redução formal da narrativa. Contudo, o texto "Dinossauro", do guatemalteco Augusto Monterroso, costuma ser apontado como o marco inaugural do microconto propriamente dito: "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá". No Brasil, Dalton Trevisan, Luiz Eduardo Degrazia e João Gilberto Noll são considerados referências em histórias curtas.


{RECORTE DA MATÉRIA PUBLICADA NA TRIBUNA DE MINAS}

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“Resistência Estética”


"Vamos deslindar este drama?" Não, bradou ao analista-“Perecerá lindo".

[Mc monofrásico de dez palavras, 72 caracteres.]

4 comentários:

Luiz Contro disse...

O drama em prol do belo!! Bacana, mas assim vc acaba com nossa hora de 50 minutos...

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

É que eu trabalho com o Tempo Lógico, da escola francesa. E com orçamento ilógico, claro. A intenção era queimar o 'drama' de outros psi,tirante o Moreno, a Cacá e tu.

Pedro B. M. Serrano disse...

que ótima ideia essa do concurso!

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Pedro,
Grato de novo pelo carinho com que acompanha este esforço coletivo-epicurista (vou desenvolver tal idéia, em ensaio!)e aguardando que a pretigiada equipe do www.ismoaesmo.blogspot.com e sua rede nos prestigie votando e incitando a que votem no De Chaleira.
{S}

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