26 junho 2010

69 -> 96 e a má intencionada sexogenária



Texto e ilustração por: Paola Benevides


A moça ronronou perto da mamadeira do marido. O pelo mais arame ergueu-se de prontificado. Ela o foi enlabiar entre línguas e dentes antes do espetado, deu sem mordida. Terminada a fome, morreu seis minutos para um lado. Ele, nove para o outro. Quem fechou os olhos primeiro, já não via mais o quarto. O que dirá do quadro deixado vetusto à sua frente. Ninguém é perito e todo mundo já pintou obras primas com cola de orgasmo nas paredes. Se o jorro de um pincel Dali era parecido, ponderava sobre a brocha, enquanto praticava os finalmentes do que fora um sexogésimo nono. Cabelos sempre atrapalhavam na hora, porém deixá-los soltos acima e depilados água abaixo, comunicavam melhor ao pressuposto. Carequescências correspondiam ao seu deslizado. Então, era isso. Qualquer deslize, maior o agrado.

- Vou ensinar agora o passo a passo na base da dentadura mesmo. Uma generosa senhora, camareira daquele motel bem disse aos safados. A imoralidade de uma gengiva exposta indica um asco estético, porém prazer garante. Sem essa de vaidade se o nu começou santo. Toda essa gente nascendo de roupa curta é que ofende, se bem que fede é quem sua nas vestes do homem quadrado. Em pelo se tem as maiores frestas dançantes. Bebem-se mil líquidos através delas. Álcool transpirado, sêmen com chocolate quentíssimo e saliva derramada ao chá também. É, porque a enlouquecida confundiu o ereto do amado com o bico da chaleira esfumegante que a velhinha trouxe de café da manhã. Pôs a boca onde não devia, brincou com fogo alto e então reacordou toda urinada na cama. Pensou que ejaculavava lençóis.

Mal sabia que a sexagenária tinha o costume de cuspir tarjas pretas e suas drogas eficazes contra hipertensão no café dos mais poderosos hóspedes, prolongando o prazer que julgava falido em seu corpo nos corpos dos jovens e se satisfazendo com os acréscimos salariais, pelas horas triplicadas das diárias.


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