21 junho 2010

CÉU AZUL PROFUNDO


Dedicado ao Miguelito

Por Rafael Noris


Hoje já não vivo:
    era possível no ínicio,
agora sou outro.
    Não nasceu em mim este arrojo
(sou um menino tímido),
    aprendi tudo na garra
e vou me virando.
    Instruí-me na arte do amor.
Hoje já não vivo,
    porque eu sou menos eu:
nasceu uma luzinha
    no peito, no fim do túnel,
meu brilho se apaga,
    humilde e todo servil.
Algo maior reluz.
    Era possível no início
ter uma boa noite
    com um sonho ininterrupto,
um sono profundo.
    Sei lá onde pus o meu ego,
agora sou outro.
    Eu não quero mais dormir,
achei um sonho real:

    os olhos azuis do céu
    refletindo os seus, Miguel.

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