04 julho 2010

PROLEGÔMENOS - Fim de Copa, não da cópula


Texto e ilustração por: Paola Benevides
Meu patriotismo esporádico
um esporão para incitar cavalos
Potros milhões correndo nos campos
Bola pisada, trocada, chute no saco
De futebol não saco nada
Hasteio bandeira feito saia
Finjo a torcer que dou o braço
Pretexto para beber feriado
Dunga vira zangado, mestre e mito
Falta cometida, o índio quer apito
Vestindo verde-amarelo a floresta
De calção adidas, com rosto de pelé
"Cala boca Galvão" pia o Twitter
Censura às avessas, sou aversa a qualquer
Mas vamos sem o ditame dessa Jabulani
Será infame se o gol d'Alemanha vencer
Terceiro Reich de volta à África do Sul
Isso se o Brasil não perder
Para as vuvuzelas dos louros
Muitos a colher

(Composto em 1° de Julho, 2010)

***


Texto e frustração por Marco A. de Araújo Bueno

SONETO IMPATROCINADO

"A bola não é inimiga, como o touro numa corrida"
João Cabral de Melo () Neto, in 'Museu de Tudo'


Contrariando o João Cabral
Jabulani é inimiga!
(Vida própria, essa boçal?)
Qual um touro na corrida;

Nesta Copa surreal,
Vuvuzela faz babel-
Ensurdece o ‘keeper-goal’;
Jabulânico escarcéu.

Oito gomos, muita franja,
Voa a esmo, sobe a mil !
(Não à toa deu ‘laranja...)

Jabunela-vuvulanja,
Que só mela e entorna a canja:
- Fique à puta* que a pariu!


{*- Empresa sob cujo patrocínio nasceu a bola Jabulani}

***

Revanche lúdicoprolegômeno
por Luiz Contro

Lá na casa da vizinha
o Finholdt pede bola
mas na copa ou na cozinha
ela dribla e só enrola

***
por Luiz Contro

no seu campo e nesta lida
futebol tem sua beleza
mesmo com bola perdida
quando provoca tristeza

Um comentário:

Pedro B. M. Serrano disse...

mais uma vez, excelente. uma delícia de se ler!

Related Posts with Thumbnails