É difícil não amar um bastardo. Silvio Berlusconi é um político tão ruim quanto um Obama, um Sarkozy, ou até mesmo a última empregada do Sarney que temos aqui. Mas ele tem uma boca grande, é mais descarado que um político brasileiro sobre sua corrupção – um feito raro – e, além disso, só para completar, ainda faz orgias com jovens garotas. Como não ser um fã? Claro, desse jeito ele acaba sendo alvo fácil de gente que adora levantar o dedo e apontar dizendo: Você é um pequeno homem mau! Pequeno homem mau! Mas isso não importa, porque ele sabe convencer a sua base que tudo não passa de intriga. E é desse adorável bastardo que trata o documentário italiano Silvio Para Sempre, dos diretores Roberto Faenza e Filippo Macelloni, que passou aqui no Festival do Rio de 2011, e para quem sabe italiano, já está online.
Silvio é o que um Silvio Santos nunca chegou a ser, apesar de ter tido uma trajetória parecida. Berlusconi também começou, e se mantém sendo, um magnata das telecomunicações. Talvez tenha faltado ao nosso o espírito puramente bastardo de um católico. O mais engraçado é que caso não fossem as orgias caindo no conhecimento do povo, ele estaria lá quieto e não teria uma preocupação na vida se quer. Só atiçando o trauma sexual do século XX para chamar atenção mesmo! O que nos leva a um outro caso igualmente engraçado, o caso Rafinha Bastos, outro alvo por ter falado coisas que atiçam os traumas sexuais da sociedade.
Por falta de conhecimento de alguma forma respeitável de fonte de informação jornalística brasileira online, acompanho a Folha. E lá comecei a ver notícias sobre piadas que sinceramente não me causavam nenhuma reação. Já havia visto o CQC antes, mas só sabia distinguir entre seus participantes o cara careca do Castelo Ratinbum. Então, a piada mais “polêmica” de toda a história foi sobre comer a Wanessa Camargo, e seu filho, o que nos leva a analisar se ele, o Rafinha Bastos, estava falando no sentido de fazer sexo com uma mulher grávida, um normal e belo ato, ou no sentido do filme Terror Sem Limites (A Servian Film do diretor Srđan Spasojević, recentemente perseguido pela censura da ditadura brasileira), o que seria simplesmente repugnante. A atenção dada a esse comentário, e as reações que tem proporcionado são igualmente hilárias as causadas pela vida de Berlusconi, apesar do Rafinha Bastos não ser carismático como ele. E demonstram de forma quase documental o profundo trauma sexual da atualidade, em que correr nu na rua, chama mais atenção que roubar ou matar alguém.
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