Papai - Noel
Por Luana Maccain
Meia-noite.
O sono não vem. É natal. Hora dos presentes? Mas sou velha para isso.
- Marta! Marta! Vem cá!
- O que é, paspalho!?
- Vem ver! A chaminéééééé!
Saí do quarto com toda raiva do mundo. Sabe, aquela raiva típica de adolescente. Eu queria apenas ficar deitada e ver as horas passarem.
- Então? - eu quase gritei, do vão da porta da sala.
- Oh...
O paspalho olhava para chaminé como se ali estivessem os carros da Montaun. Estralei os dedos, mas isso não tirava ele de sua hipnose súbita. Então me aproximei.
- Psiu. Vem. Volta para cama. Não quero encrenca com os pais.
- Ouvi... um... barul... vind... daí...
- Ahhh! Você só pode estar brincando! Devem ser os gatos. Aqui não são os Estados Unidos para que o papai noel apareça na chaminé – eu falei, dando de ombros para isso.
No momento em que eu ir dar as costas ao paspalho e voltar ao meu refúgio, da janela vi uma neblina densa rodeando a casa e um fio dessa neblina entrava pelas frestas. De repente, algo caiu do telhado, deixando meu coração aos
pulos. O que tinha sido? Não estava nem um pouco a fim de descobrir.
Um xiiiii me fez voltar pro paspalho.
- O que você está fazend...? - eu fiz cara de poucos amigos. - Por que fez xixi?
Os dedos dele tremiam, aliás, o corpo todo tremia. De onde eu estava, não sabia se ele tremia de emoção ou de medo. Um som indistinguível rasgava o ar. Um cheiro de sereno invadiu a sala. E meio minuto depois de escutar o
som, vi uma bota enxarcada de sangue sendo cuspida da chaminé. Será que era o papai... noel?
Eu e meu irmão ficamos abraçados por um breve momento.
- Quem é você? - foi só o que eu consegui dizer, pois meu corpo não respondia ao meu estímulo de fugir dali.
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