31 janeiro 2012

AS FÉRIAS DE SUETÔNIO BARBOSA #2


Baobá, enigma


Baobá – um código de barras no quintal de casa? a matrona? árvore de arame?:


a Onça no garrote, a gestante engolida pela onça, os vaqueiro que Griselda amava, o gibão de couro nas costela do boiadeiro, o boi esfolado e o mosquito na venta do animal: tudo em vão.

anéis de noivado, baobá estrangulado, bezerro capão.


Nêga Maluca, fábula fabulosa


Nêga maluca, nêga maluca. Brinquinho de ouro, na mão uma fruta na outra um pássaro no pé uma arapuca.

Nêga maluca, branca vermelha e preta vestida de chita um laçarote na nuca, batom na boca e na bochecha: faço barba, cabelo e bigode, raspo os cabelo da buceta.


Onça estrangulada, boquiaberta. Cabia o vão todo, Oscar Nyemeier e Lina Bo Bardi na goela da bicha. Griselda parindo na frente do espelho num grotão malsucedido, tomando no cu, ainda teve que suportar o alarido de uns catorze pirralhos cantarolando:

Nêga maluca, nêga maluca. Brinquinho de ouro, na mão uma fruta na outra um pássaro no pé uma arapuca.

Maria Amélia, fidalga, gaguejou entonces no tegumento teso voz de arapuca quilometres rendês e quilômetros do grotão de Griselda no quando, entretanto no oco da pia do banheiro... um xingo terrível, misterioso, na hora certa, na seqüência dos pirralhos, na mosca: Nêga maluca é sua mãe, féladaputa.


Nêga Maluca, anáfora


– Baobá, nêga maluca! Boca no pé, passarinho na arapuca. Na Grota Funda do Cravo – oh, formidável bocejo da terra – no oco da caverna os aborígenes tatuavam e-mails na pele obscura.

Carvoeiro traço no tegumento teso, a nêga australiana tingida berrava para um baobá no arvoredo, na artéria da ganga o vermelhão:


– Oh, bostezo formidable de la tierra.


Bolores, Luis de Góngora, Fabula de Plolifemo y Galatea, VI


Bolores, bolores. Luis de Góngora y Argote, fidalgo, baixou na nêga australiana e vice-versa, num barroco da porra emaranhado – nas traves, a cabeçorra presa, de um arvoredo bruto, a etíope adusta recitou assim:


de este, pues, formidable de la tierra

bostezo, el melancólico vacío

a Polifemo, horror de aquella sierra,

bárbara choza es, albergue umbrío

y redil espacioso donde encierra

cuanto las cumbres ásperas cabrío

de los montes esconde: copia bella

que un silbo junta y un peñasco sella


no baile feroz dos aborígenes nom quequé no êrmo austral no urubuquaquá no pinhém na Grota Funda do Cravo.


a nêga maluca no show do Wandão



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