Au
clair de lune
Por
Vivian Marina
À
luz da Lua, peço que Pierrot me empreste sua caneta para que eu
possa escrever uma palavra, só que não posso escrevê-la, porque
não sei traduzi-la ao certo. Pierrot, generoso, empresta-me caneta e
palavra. Agradeço, pois, Merci Pierrot! Não satisfeita, aflita por
não saber me ler, peço ainda que Pierrot, au clair de lune,
apprends-moi!
A luz
da Lua deve mesmo ser muito perspicaz, afinal, ensinar como escrever
nas entranhas do afetar e ser afetado não é uma tarefa fácil. Uma
lágrima escorre no rosto daquele que empresta a caneta, saberá,
ele, traduzir? O que se traduz na tradução? A palavra, a escrita, o
escritor?
Na
verdade, não é a tradução propriamente dita, enquanto
procedimento linguageiro que atrai, tal processo é capaz de trair
aquilo que o texto guarda consigo. Mas qual é a fidelidade buscada?
Ela se remete à palavra, à escrita, ao escritor?
Que
Pierrot me desculpe imensamente, não preciso de suas palavras
emprestadas, devolver-te-ei todas. Para que realmente consiga me ler
e escrever de forma apaixonada, eu, Colombina, preciso do Arlequim.
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