24 maio 2012

AU CLAIR DE LUNE


Au clair de lune



À luz da Lua, peço que Pierrot me empreste sua caneta para que eu possa escrever uma palavra, só que não posso escrevê-la, porque não sei traduzi-la ao certo. Pierrot, generoso, empresta-me caneta e palavra. Agradeço, pois, Merci Pierrot! Não satisfeita, aflita por não saber me ler, peço ainda que Pierrot, au clair de lune, apprends-moi!

A luz da Lua deve mesmo ser muito perspicaz, afinal, ensinar como escrever nas entranhas do afetar e ser afetado não é uma tarefa fácil. Uma lágrima escorre no rosto daquele que empresta a caneta, saberá, ele, traduzir? O que se traduz na tradução? A palavra, a escrita, o escritor?

Na verdade, não é a tradução propriamente dita, enquanto procedimento linguageiro que atrai, tal processo é capaz de trair aquilo que o texto guarda consigo. Mas qual é a fidelidade buscada? Ela se remete à palavra, à escrita, ao escritor?

Que Pierrot me desculpe imensamente, não preciso de suas palavras emprestadas, devolver-te-ei todas. Para que realmente consiga me ler e escrever de forma apaixonada, eu, Colombina, preciso do Arlequim.

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