UMA PERSONAGEM CHAMADA PALAVRA
Por Cecília Prada
Linguagem, é
consciência das coisas.
Estranhamento
do mundo, rabisco fino de esferográfica
pinçando a
bruma da realidade.
Extraindo a
alma da palavra – o espelho do discurso.
É caderno
aberto em cima da mesa, permanente
– na madrugada.
É poder de
penetração.
É desejo de
ver o fundo.
Agreste, no
descampado, a palavra.
Dissimulada
atrás das cortinas do Tempo.
Sobrepesante no que se exige, em demasia.
A palavra: é a liberação.
Palavra: esta é a minha personagem.
É a única personagem que importa.
Deve ser levada, destravada, dentro do
escritor,
- pronta para o
disparo,
mais pronta ainda para a pescagem
- é arpão, é persistente, insidioso
instrumento de
pesca ou caça.
As pessoas que não sabem, dizem:escreva, escreva sempre.
Não dizem o essencial: pense, sempre.
É
o pensamento que arma a palavra.
Eu preciso de silêncio.
É no silêncio que as palavras acontecem.
Desovam, céleres, animadas.
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