09 maio 2012

UMA PERSONAGEM CHAMADA PALAVRA


UMA PERSONAGEM CHAMADA PALAVRA



Linguagem, é consciência das coisas.
Estranhamento do mundo, rabisco fino de esferográfica
pinçando a bruma da realidade.
Extraindo a alma da palavra – o espelho do discurso.

É caderno aberto em cima da mesa, permanente
                              – na madrugada.
É poder de penetração.
É desejo de ver o fundo.

Agreste, no descampado, a palavra.
Dissimulada atrás das cortinas do Tempo.
     Sobrepesante no que se exige, em demasia.
     A palavra: é a liberação.

     Palavra: esta é a minha personagem.

     É a única personagem que importa.
     Deve ser levada, destravada, dentro do escritor,
                             - pronta para o disparo,
     mais pronta ainda para a pescagem
     - é arpão, é persistente, insidioso instrumento de
                                             pesca ou caça.  

     As pessoas que não sabem, dizem:escreva, escreva sempre.     
     Não dizem o essencial: pense, sempre.
     É o pensamento que arma a palavra.

     Eu preciso de silêncio.
     É no silêncio que as palavras acontecem.
     Desovam, céleres, animadas. 
                              



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