13 dezembro 2010

AO PÓ



A tinta seca, colada à parede,
descasca o tempo.

Marca o que não permanece
no oco do reboco.

Ouve-se o dia chegar,
o assoalho estrala
sobressalto, o sapato estaca.

À porta, bate e abre
o vento.

Em cada aposento
há poeira e o pó deposita-se
na mobília, sobre os cupins.

O ar abandona o ambiente
antes de tudo ruir.

Lá, já
nada mais
morava.

.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails