04 dezembro 2010

HAROLD LLOYD - O HOMEM QUE QUERIA CHEGAR NO TOPO

Harold Lloyd, como pode ser analisado nos filme Safety Last! (1923) e The Freshman (1925), é um homem, como sua face pode demonstrar, vivendo em um mundo de ilusões. Seu mundo é perfeito, e só um esforço é necessário para melhor ser aceito por esse. Porém, é um mundo irônico, pois não deixa de mostrar suas incongruências a um espectador ávido. Em Safety Last! vemos como seu personagem esperançoso parte do campo a cidade, a fim de lutar por um espaço no mercado de trabalho. Não num sistema injusto, burocrático e bagunçado, de bondes lotados, patrões repressores, com poder de decisão de vida e morte, mas num sistema em que reconhece que todos tem o seu papel específico. Não é um vagabundo como o personagem de Chaplin a  nunca se adaptar e só trabalhar como um meio a algum fim específico, como ajudar uma garota cega, ou encher por um dia o seu estômago. Lloyd trabalha porque necessita se inserir na sociedade. Quer subir na vida, chegar aos altos ranques hierárquicos de uma empresa de renome. Como podemos ver na cena em que finge ser o gerente da loja para sua namorada, ele automaticamente assume o papel de arrogância e controle do chefe, o mesmo padrão, que como mero funcionário, o oprime além da lógica. Para ele, este é o certo, a opressão. A hierarquia, o capital é seu ideal e sua força-motora. Sim, constantemente dá como desculpa para seus objetivos, o casamento com sua namorada. Mas suas ações mais revelam, que isso também é só mais um papel de homem casado que quer assumir. Não é um Buster Keaton, apaixonado, a constantemente se perder e sonhar com aquela que ama, e a só se mover cheio de determinação em função de conquistar o seu coração. As mulheres de Lloyd já nascem apaixonadas por ele. Não há esforço, não há conquista. Sua mulher lhe serve apenas de medida de seu status, que é medido através de presentes caros, que valem mais que comida, ou o entretenimento de uma vitrola. Seu sonho, na verdade, é escalar ao topo dos arranha-céus da metrópole, tornar-se o presidente de alguma empresa, não importa o que precise fazer para tal, como literalmente escalar esses aranha-céus. Em The Freshman temos a suprema prova desse seu ideal. A história de um jovem que sonha ir para a faculdade e ser o aluno mais popular. Durante quase uma hora de filme, ele dedica todos os seus esforços para tal, e sem saber é o motivo geral de chacotas, porém mesmo ao descobrir a verdade, não desiste, decide se provar ao grupo através do jogo de futebol. Faz-se a pergunta se Lloyd ao construir seu filme não tinha como objetivo uma absoluta ironia aos seus idéias. Pois somos apresentados a um cão chutado a constantemente elogiar aqueles que o chutam. Nesse filme, a mocinha tem sua paixão ainda mais pré-fabricada, ele nem precisa prometer casamento, só a questão de falar com ela, já a conquista. Além disso, também serve para evidenciar a ironia, a única personagem para qual ele não desprende um esforço sequer, é a que o aceita do jeito que ele é.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails