Por Paola Benevides
Há um bloco de notas, mas há o bloqueio. O que com palavras pintar? Tanto e nada a dizer, que nem sei o que jorrar direito. Alguém poderia gritar colorida-mente: - Balde de tinta gelada na cabeça!
Um banho desses poderia me desengatar da preguiça, meu coito com ela é cachorrada, embora a maçada seja o trabalho pouco criativo a me onerar ultimamente. Ele me paga! Enfim... Veremos com o que sugestionarei as minhas mãos. À obra, vamos acordar:
Esta manhã havia sonhado com um amigo me convocando a acompanhá-lo até o dentista em dolorosa extração de dentes e foi quase um parto para ele, coitado. Ou melhor, semblante enrugado à força feito uma prisão de ventre daquelas. Dor inigualável, arrancou o filho de ossos da boca, que saiu com muito sangue e chororô. Foi foda... Lembrei de imediato a sensação enquanto eu tentava evacuar uma ideia no banheiro e a dentadura de minha mãe sobre a pia me sorria amargamente.
Dei descarga, abri a porta. Era ela agora quem dormia, banguela, na sesta habitual. Com o que ela sonhava? Eu me perguntava ao passar pela cama da velha. Raras as vezes recordava um sonho ou me contava em detalhes. Mas na maioria era de um movimento meio trágico dos olhos, melhor mesmo nunca ter lembrado para me contar, tudo reflexo das novelas da TV e refluxo dos programas policiais da rádio de todos os dias. [...] Fora do ar. Por essas que não quero envelhecer, quero ser. Como será?
Há outro bloco de notas, persiste o bloqueio. O que com palavras ornar? Muito e pouco a dizer, que nem sei mais como expressar. Alguém poderia mesmo me atirar um balde de água gelada à cabeça! [continua ou não] [...]
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