17 dezembro 2011

TORTURA CHINESA



Por: Paola Benevides


Por hora, não às cinco, quero servir um chá-mata-leão a quem me não é dileto, leitor. Papo reto e firme. Não porei leite ou respingarei limão, vai sem açúcar nem afeto mesmo. Veneno, talvez, goela abaixo. Adoçantes ficam para quem não soube optar pelo mel, felando a vida com gosto, queixando-se por obter nenhum gozo, porém, e nenhum papel. Aos paga-paus, proporcionarei um quente no meio dos beiços, a arrancar pedaços enquanto chuparem o bico da chaleira materna. As caras ficarão vermelhas, de medo, menstruarão. 


Acrescentarei ácido murmuriático aos ouvidos desses canalhas também, vociferando baixinho suas podres verdades, aí sim apitarão fumaça feito panelas pérfidas na hora da fervida pelos buracos da audição:
- O que houve? 
- Ouvi nada não! 
- Muito bem, diga que o chamei ao ritual do chá vestindo uma japona, assim não desconfiarão.
 茶の湯...


Chaleirada na cabeça dos que não tem nada dentro! Evaporada. Leva porrada no olho, que mira todo roxo de brincar de tiro-às-pálpebras com torrão e torradas. Ficarão cegos e coxos, mudos e moucos. Só não ficarão mais loucos por falta de mérito, pois hospitaleiros são os hospícios; sob os auspícios deles é que a sanidade não será posta em uma xícara de chão.


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