01 abril 2012

DIAS INÚTEIS


Dias Inúteis


Hoje pela manhã eu fodi com a angústia penetrando por orifícios melados, usados e esgarçados. Fodi com a solidão sobre lençóis manchados de sangue e esperma que nunca mais haviam sido lavados.
Lambi cabelos (t)fingidos. Enfiei a língua grossa de cachaça em bocas e esfoliei gengivas, esgrimei infernos e céus de bocas.
Hoje pela manhã eu senti o gosto amargo de fendas peludas e as invadi, arrombando portas trançadas de pêlos com corrimento de dias sem banho.
Hoje eu fodi com a minha semi vida e a expulsei de mim sem piedade.
Hoje eu fodi com a inodora angústia e com a insólita solidão.
Hoje eu me libertei de mim, mas sinto saudade. Não sei onde me escondi só sei por onde andei, embora quisesse esquecer.



2 comentários:

Carmosita Senna disse...

Lindo! Nossa, é um dilacerar tão evidente, necessário, mas dolorido em todo fim, pareceu o que eu ando sentindo, pareceu tanto...

Francisco Coimbra disse...

Uma serra fazendo música em fio de poste de alta tensão! Beijão*

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