não
provei o gosto das coisas.
consumi-lhes
apenas a ideia
de
um possível gosto
que
não era paladar:
era
só a pressa de fazê-las desaparecer.
e
depois de satisfeito
o
corpo não retinha nem o doce,
nem
o sal
nem
o mel do nódulo que há pouco
cintilava
em minha língua
minha
memória era de estar só
contemplando
um vazio que vibrava
nas
extremidades das minhas extremidades
e
então veio o seu gosto
e
seu inconsumível desconforto
que
era um chamado da ânsia
de
engolir-lhe os olhos
a
pele
os
pêlos
para
somente então se fazer apelo
e
pedir que viesse manso
com
a disciplina que conduz seu dia
com
a ambigüidade que a faz mentir
e
a habilidade de tornar o difícil fácil
e
o fácil elegante.
para
enfim envolvê-la num abraço cândido
e
nutri-la com a ternura
desse
arremedo que chamamos desejo.
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