Trova canina
Por Alvaro Posselt
As coisas mudam na vida
meu velho amigo infiel
Com esta sua mordida
não vou inteiro pro céu
31 julho 2013
30 julho 2013
3 CANÇÕES NOVAS PRA TUDO QUE É CATÓLICO ABENÇOADO DO MEU BRASIL
por Vítor Queiroz
I
O PAPA
Lá fora, no vento bravo, na insistência
I
O PAPA
Lá fora, no vento bravo, na insistência
da muriçoca
no ronco do motor o truque do papa
vive dando xabú.
II
O PERDÃO
Na sua cabeleira, Diomira,
Fulano,
Sicrano e Beltrano
Seu Manoel que veio do Sertão
carregadim
de rama de algodão.
Seu Manoel que veio do Açú
carregadim
de folha de caju.
Ninguém, enfim,
jamais encontrou o perdão.
III
O PECADO
Lá longe, no pardieiro, na brancura
de um pé de algodão,
durante o banho dos felinos
o pecado, o pecado onipresente,
já tomou Doril
pra não tomar no cu.
29 julho 2013
DOS ARQUIVOS: QUADRINHOS DO JECA TATUZINHO
Quadrinhos do Jeca Tatuzinho no Almanaque Biotônico Fontoura
Por João Antônio Bührer de Almeida
A idéia aqui é recensear os quadrinhos do Jeca Tatuzinho, criação de Monteiro Lobato, publicados nos Almanaques Biotônico Fontoura. Comecemos por estas duas versões mais recentes(1974 e 1986), até chegarmos às mais antigas:
Por João Antônio Bührer de Almeida
A idéia aqui é recensear os quadrinhos do Jeca Tatuzinho, criação de Monteiro Lobato, publicados nos Almanaques Biotônico Fontoura. Comecemos por estas duas versões mais recentes(1974 e 1986), até chegarmos às mais antigas:
27 julho 2013
PEIDORREIRA
Por: Paola Benevides
Fossa a céu aberto, precisava cultivar mais dentes.
Tudo contra achaques moralistas presos sob véus.
As saias compridas a cumprir promessa de crente.
As vaias contidas, os gritos sem gozo pelo bordéu.
- Dê uma mente criativa ao são, torna-te demente:
Papa-léguas rezou célere à hora da missa do galo.
Até um morto falou no sétimo dia, a duras penas.
Escarnecer da carne fraca é punhetar o mole falo.
![]() |
Man Ray "Bronislava Nijinska", 1922. |
24 julho 2013
INCONSEQUENTE COLETIVO
Lafaiete Nascimento e o fanzine Inconsequente Coletivo
Por João Antônio Bührer de Almeida
Por João Antônio Bührer de Almeida
Os arquivos incríveis,(mais conhecido como ais), pára um instante para responder cartas, ou melhor dizendo - acusar recebimento de correspondência física, ainda, o que é cada vez mais raro.
Lafaiete é quadrinista e pesquisador da história dos quadrinhos, e publicou o primeiro número de Inconsequente Coletivo em 1997, e só agora em julho de 2013 saiu o segundo número. Ele me enviou uma reedição fac-similar deste primeiro número, que já é raro, e também o segundo, que veio à lume nestes dias de inverno bravo de final de julho. Lafaiete evolui muito neste últimos 16 anos, a olhos vistos. Meus parabéns a este novo jovem talento das artes gráficas que está chegando.
A edição do número dois tem tiragem de 200 exemplares, e o meu exemplar é o vigésimo quarto de 200, assinado e numerado. Quando esgotar a edição ele prometeu liberar a versão digital pela net afora.
O artista publicou quadrinhos, poesia e agitos, sem falar que seu foco de atenção parece ser para com as nossas cidades. Espaços que estão cada vez mais cheios e os seus habitantes mais solitários, é o que se depreende de sua narrativa.
22 julho 2013
PRÓLOGO MAIS - ENTREVISTA COM ADONIRAN
As coisas sobre cuja ciência nada
sei – eu as desejo intocadas, encantoadas.
Exercem sobre mim tamanho
fascínio, de tão assustadoras e ingênuas, que as prefiro flutuando alhures, sem
captura plausível. Não ouso corromper o encanto e o espetáculo que elas encenam
quando querem, quando caseiam. Ou quando as fazem casear aqueles que, de bom
grado, aceitaram a roupagem de nome e etiqueta com que as desnudaram e
exibiram.
E não porque sejam sacanas – uma
madame Courier e o Rádium dela, o Moëbios e sua ‘banda’; o Einstein com sua
sedutora E=M.C 2. Nem Lacan com os matemas, algoritmos.
Nem é casual que assim seja, pois
o lingüista Saussure mostra que a relação entre os nomes e aquilo que buscam
representar, embora arbitrária, é necessária à significação. Que seja.
A filosofia de toda ciência é um
inventário de pequenos a enormes constrangimentos. Gaston Bachelard tanto o
soube que dizia das teorias – são a constante reforma de uma ilusão.
Se as desejo intocadas,
encantoadas, é justo por fazer da ilusão a própria condição desse desejo.
Quando, casualmente, surpreendo
uns marmanjos do saber – e suas simplificações sedentárias – ou uns ajumentados
jovens pensadores (e sua prepotência estressada), quando os flagro tagarelando,
excitados, sobre os signos das coisas, cuja representação, convencionaram
existir, não raro, também fico excitado.
Tudo se dá como se, por
vulneráveis frestas de sentido, eu perscrutasse, ‘voyeur’, a intimidade de um
puteiro; ou a própria devassidão dos...adultos.
Será desse despropósito das
palavras (não me apraz colocar um Manoel de Barros em nota de rodapé) e pelo
fio de humor de um L.F.Veríssimo que, para logo mais (e com muito menos)
cruzarei pontes de Safena para atingir plantações de falácias em meus textos. Malgrado.∞[i]
21 julho 2013
LER SE APRENDE LENTO
Por Rafael Nascimento
AMAR SE APRENDE AMANDO
AMAR SE APRENDE A MANDO
ARMAR SE APRENDE ARMANDO
A MÁRCIA PRENDE ARMANDO.
19 julho 2013
18 julho 2013
VIVEU O SONHO ALHEIO
Por Marcelo Finholdt
Sim! Sonhava com seus sonhos:
Era um sonho dentro de outro,
Mal sabia se existia;
Não sentia, nem sabia.
Em seus sonhos navegava,
Era sonho sobre sonho:
Mal sabia se existia;
Não sentia, nem sabia.
Pensou tanto sobre a vida
Que acordou perante a morte:
Mal sabia se existia;
Não sentia, nem sabia.
Logo a foice deu partida
Foi-se assim, pensou sem sorte:
Mal sabia se existia;
Não sentia, nem sabia.
Sim! Vivia o sonho alheio,
O irreal causou-lhe a morte:
Mal sabia se existia;
Não sentia, nem sabia.
17 julho 2013
16 julho 2013
GROSSA IRONIA - miniconto
LA DOLCE VITA
Por Vitor Queiroz
A pessoa assovia a música que acabou de postar enquanto desabotoa as calças distraidamente einexplicavelmente faz xixi no seu próprio cinto. Daí, é claro, tem um momento chafarizinho de La Dolce Vita, Momentinho completamente involuntário e indesejado, vamo combinar. A pessoa entra no chuveiro, é claro. Auto-humilhada, talvez. A pessoa é normal?
Por Vitor Queiroz
A pessoa assovia a música que acabou de postar enquanto desabotoa as calças distraidamente einexplicavelmente faz xixi no seu próprio cinto. Daí, é claro, tem um momento chafarizinho de La Dolce Vita, Momentinho completamente involuntário e indesejado, vamo combinar. A pessoa entra no chuveiro, é claro. Auto-humilhada, talvez. A pessoa é normal?
15 julho 2013
VERSATILIDADE HQ 1
VERSATILIDADE HQ 1
As histórias em quadrinhos são em si uma linguagem, e como tal pode ser utilizada para tudo. Este pequeno ensaio enfeixa nos meus ais algumas destas possibilidades que colecionei pela vida:
12 julho 2013
A CALIGRAFIA NAS MANIFESTAÇÔES DE INVERNO/2013
A caligrafia nas manifestações de inverno/2013
Não é intenção d'Os Arquivos Incríveis politizar este espaço, mesmo porque não tenho qualificações para tal. Os cientistas políticos, jornalistas, filósofos estão queimando os miolos para explicar o fenômeno. Minha contribuição vai num outro sentido. Fiz aqui um pequeníssimo ensaio da caligrafia nos diversos suportes utilizados pelos jovens manifestantes. Quando todos diziam que eles não mais poderiam escrever à mão, que a caligrafia estava perdida na memória de todos, por usarem as letras do teclado digital eis que ela aparece com tudo nesta movimentação. Cartazes deliciosamente escritos em ótimas letras, usando fontes que até me surpreenderam pala beleza plástica.
09 julho 2013
DO MOMENTO IMÓVEL
DO MOMENTO IMÓVEL
Todo dia estava ali, esperando. Ontem faltou. Fez tamanho escarcéu!
07 julho 2013
A TRAIÇÃO DAS METÁFORAS II
Metáforas
Por Artur Gomes
2. viver é um poema processo me disse moacy cirne no balaio vermelho quando matou chico doido de caicó cinelândia em polvorosa na noite do velório federika nua engarrafava o trânsito na porta do teatro municipal enquanto no presídio federal dos goytacazes macabea ensaiava em vão a estrela que não sobre federico roubava a cena nas escadarias da câmara dos vereadores com baudelaire em sua lira do delírio: entre a pele e a flor no asco com meia sola no sapato meu vapor mais que barato industrial e infonáutico entre a pele de zinco e o cabelo mar de indecifrável plástico por ente os bronzes do teu pelo entre a flor e o vaso de barro na home page ou no carro na camisinha de vênus vírus h corroendo em vita plus ou na sala meu olho gótico TVendo brazilírica lâmpada fala por um fio ou tanto quase cento e dez em cada fase não sendo assim acaba sendo debaixo da saca a escada torta pássaro sem teto acima do delírio coração de porco crava no oco da noite a faca cega punhal de cinco estrelas na constelação do cão maior por onde ursula nua passeia dédala de dandi deusa de dali lua de dadá no coração do pintor sem fronteiras debaixo do pé de abóbora acima do pé de cajá malásia não é aqui espanha não além mar salvador não é dali itamarati itamaracá constelação ursa menor pra dadá meu coração pra dedé não sou cantor quando quero quero mesmo espuma nylor pele tecido isopor
06 julho 2013
EXAME DE VISTA
Por: Paola Benevides
Os olhos ardem com as lentes de contato. Devem ser os resíduos externos querendo se comunicar, os ciscos que adentraram cavidades invisíveis em razão da higienização parca que a pressa deixa passar. Um corpo estranho banhado na ânsia indecisa de querer se adaptar ao novo ambiente e, caso este seja árduo o bastante, começa a querer se extirpar e lacrimeja feito bebê recém-parido, todo vermelho no canto, querendo enrugar. A diferença entre as gelatinosas e o prematuro é que este sente falta do ventre redondo. Aquelas almejam escapar pela beirada palpebral o quanto antes e, se possível, irem ao encontro do escoo da pia, a perderem-se das mãos do dono inábil e de tudo, sem piedade alguma, indo para o ralo. A não ser que, por algum milagre, elas se cansem de chorar, porque o choro lava, então se limpem e adormeçam por fim no globo ocular, vencidas pelo cansaço que o sofrimento tanto causa. Recolocadas, aos poucos deixam de fazer fungar, aquietando os dedos perfeccionistas por encaixes, nesse contínuo apontar e esfregar.
Sem tendências suicidas, a alma descansa em paz, embora o mais reles cochilo requeira a retirada das lentes. O trabalho já havia sido tão brutal anteriormente, que desconfortável seria começar um novo processo. Pior mesmo foi a estreia das lentes, quando os cílios tensos rebatiam qualquer entrada, tal freirinha engajada no fechar de pernas para Cristo. Porém, a benesse do hímen rompido no tiro de meta também fora inesquecível, porque regozijável na acoplagem. Sem incômodos nem miopia, por ora. ABCDEFGHijlmnopqRSTUVXYZ. Um, dois, três. Hora de despertar. O oftalmologista avisou que se ultrapassasse trinta minutos com os olhos fechados, a película de grau ficaria colada à pálpebra. Tantas recomendações provocam saudade dos óculos, que enfeiam, mas não apresentam maiores riscos de irritação. Cegar é preciso? A vida tem nos arregalado tanto do que não é necessário, que se não valesse a pena ler Borges ou Saramago, muita gente cegaria em branco. Tudo para enlarguecer os outros sentidos, ser mais humano, ter mais tato, olfato para dar. Quem não vê de fora, abre-se melhor por dentro.
Serão todos os cegos ateus, daqueles que afirmam só acreditar vendo? O olhar nublou o pensamento, operou as cataratas do Iguaçu jamais vistas. Antes de morrer, todo artista deveria assistir a um médium psicopictografando. Os poetas, para escrever, deveriam pingar colíricos e versejar com o espírito revigorado. A Lei de Talião deveria ser revista por outros vieses e o amor à primeira vista parar de fabricar reis em terra de cego. O ego não enxergado vira precipício. O pressuposto disso é queda. Por isso, vale a pena ajudar a atravessar ruas e sentir-se mais capaz que um cão-guia. A falsa impressão digital se perde quando se aprende a ler o Braille da vida.
05 julho 2013
ANÁTEMA
Anátema
Por Wlaumir Souza
Muitos daqueles morreram
Destes também
Que bom
Minha esperança insiste acesa
De que em breve
Morram daqueles muitos
Também destes
Eu
04 julho 2013
POEMA SUBSTANTIVADO
À lá Manuel Maria
Barbosa du Bocage
(Dedicado ao povo mineiro e em especial
à família Finholdt)
Por Marcelo Finholdt
Frio, fogos, festas;
Queijos, biscoitos, doces;
Cachaças, vinhos, quentões;
Fazendas, cidades, sítios;
Uai's, gemidos, modas;
Filhos, netos, bisnetos;
Vivências, histórias e vidas!
03 julho 2013
TROVA
TROVA
Por Alvaro Posselt
A toda hora com furor
O meu ser a dor consome
Eu pensava que era amor
O doutor diz que é de fome
Por Alvaro Posselt
A toda hora com furor
O meu ser a dor consome
Eu pensava que era amor
O doutor diz que é de fome
02 julho 2013
PARADAS MÍSTICAS
Por Vítor Queiroz
DA POESIA INVOLUNTÁRIA.
DE ACRAGAS (c.495 - c.430 a.C.)
Já fui macho, já fui uma moça.
Fui um arbusto espinhoso e um caco de louça,
um chinelo velho esquecido,
um passarinho, um bisão da Califórnia
abatido, uma sopa de ervilhas,
cianureto, um batuque africano.
Já fui um peixe, um peixe fresco fora d´água
vivo e cego. Surdo e mudo.

2.GIAMBATTISTA
VICO (1668-1744)
Seres humanos ou fatos famosos
materializados
em sonhos, no pé direito
dos seus pensamentos novos. Determinados
em certos tempos ou lugares
(e todos esses seres humanos
ou fatos famosos talvez
não tenham existido realmente).
Homens insignes e fatos importantes,
pelos quais e com os quais
ocorreram muitos momentos da existência humana,
surgiram, impensáveis, do interior,
da memória, do tutano dos seus próprios ossos,
das longas e densas selvas, em que jaziam sepultados.
Tudo isso ficará demonstrado
na medula destes versos.
Para fazer entender o quanto a humanidade das nações
tem os seus princípios incertos e indecorosos,
defeituosos ou vãos.
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