As coisas sobre cuja ciência nada
sei – eu as desejo intocadas, encantoadas.
Exercem sobre mim tamanho
fascínio, de tão assustadoras e ingênuas, que as prefiro flutuando alhures, sem
captura plausível. Não ouso corromper o encanto e o espetáculo que elas encenam
quando querem, quando caseiam. Ou quando as fazem casear aqueles que, de bom
grado, aceitaram a roupagem de nome e etiqueta com que as desnudaram e
exibiram.
E não porque sejam sacanas – uma
madame Courier e o Rádium dela, o Moëbios e sua ‘banda’; o Einstein com sua
sedutora E=M.C 2. Nem Lacan com os matemas, algoritmos.
Nem é casual que assim seja, pois
o lingüista Saussure mostra que a relação entre os nomes e aquilo que buscam
representar, embora arbitrária, é necessária à significação. Que seja.
A filosofia de toda ciência é um
inventário de pequenos a enormes constrangimentos. Gaston Bachelard tanto o
soube que dizia das teorias – são a constante reforma de uma ilusão.
Se as desejo intocadas,
encantoadas, é justo por fazer da ilusão a própria condição desse desejo.
Quando, casualmente, surpreendo
uns marmanjos do saber – e suas simplificações sedentárias – ou uns ajumentados
jovens pensadores (e sua prepotência estressada), quando os flagro tagarelando,
excitados, sobre os signos das coisas, cuja representação, convencionaram
existir, não raro, também fico excitado.
Tudo se dá como se, por
vulneráveis frestas de sentido, eu perscrutasse, ‘voyeur’, a intimidade de um
puteiro; ou a própria devassidão dos...adultos.
Será desse despropósito das
palavras (não me apraz colocar um Manoel de Barros em nota de rodapé) e pelo
fio de humor de um L.F.Veríssimo que, para logo mais (e com muito menos)
cruzarei pontes de Safena para atingir plantações de falácias em meus textos. Malgrado.∞[i]
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