Ilustração: Alan Carline
Odisseu
Por Marco Antônio de Araújo Bueno
Ele estava imbuído de um estilo Chacal.
(Confeitos de cânhamo embebidos em mate);
Vestiu rigoroso traje anti-suspeição e o retocou.
Ganhou a rua, solene, dobrou a echarpe; café!
Acenou ao táxi que não parou, seguiu a pé.
Economia de atos, beirava o trivial, rito e rigor.
Transeuntes pelo museu, ele em transe, trivial.
Pés e mãos gelados em pleno local calafetado.
O cânhamo dilatou a escultura do Canhão. Acenou:
"Leve a peça até a moto, lado a lado, comigo, espeto-lhe!"
Na saída, desarmado da caneta Picasso que nada espetou,
Só via o Canhão reposto ao pilar, soar de sirene e camburão.
Em cana, em fim, apenas uma beatitude e cabeça oca.
Suspeitou: há xixi no traje todo; irretocável. E sorriu.
Depois chorou, exausto. Pediu um mate, alguém gargalhou.
4 comentários:
Ah, caralho, esta ilustração tá foda demais!!!
Ainda estou decifrando algumas ligações entre o poema e a ilustração.
A mais importante que encontrei foi o "Picasso" no poema e a palavra "Pinto", que está numa colagem no canto superior direito.
hahahaha, parabéns aos dois! ao Marco Picasso e Alan Pinto.
Puta comentário fálico e cheio de baixo calão, tu não se toca? (piorou). Alan pensou numa entrevista do Picasso em que este rabisca o ar com uma caneta-lazer. Não conecia O Canhão como escultura, que esteve exposta no Museu da Oca, Ibirapuera. Conservou , porém, a atmosfera persecutória ´que desaba sobre o usuário do haxixe em pleno 'raptus' delirante. Há uma referência/citação ao Me de Avignon, também. E também tive dificuldades. Valheu-nos a polissemia iconográfica. Caráleo!
hehehe eu sou "palavrorento" mesmo na hora de elogiar ;)
Verso e prosa?! Estava com saudade do seu Rimbaud... Gostei.
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