O título desta coluna dominical é Fragmentália; o sub-título - A Genitália do Fragmento. O recorte teórico dela, portanto, alude à gênese da micronarrativa, tanto quanto esta remeta à estética do fragmento que a modernidade tardia consolidou, seja nas artes, seja no imaginário da hipermodernidade. Trouxemos elementos, categorias analíticas e subsidios metodológicos visando suscitar idéias e prover ferramental mínimo que nos permitisse ferventar o Primeiro Concurso de Microcontos do blogue coletivo De Chaleira, cujo prazo de incrição expira hoje. Mas a iniciativa espirrou (identificamos os alergógenos...) e o prazo ficará estendido sine die. A idéia era singela - jogar uma sementinha! Disseminar essa controversa e apaixonante modalidade de escrita ficcional - sêmem, porra! Ah, os alergógenos...Endêmicos, na blogosfera literária, beiram o anedótico, neste caso. O 'prêmio' ao melhor microconto desse nosso concurso? Pois bem, entremos de cara com um a priori da micronarrativa - a habilidade de exercitar a compreensão do não dito, do que ficou embutido na carpintaria da concisão. Então, o prêmio seria o livro gentilmente oferecido pelo amigo (meu e do blogue)Wilson Gorj, ou - a porra do sêmem, ou seja - a oportunidade, concedida ao nosso leitor-escritor-hipócrita, de ter seus microcontos contemplados pela ótica de doze colunistas com diferentes perspectivas da estética minimalista? Um livro, objeto fetiche (que muitos, inclusive, sorteiam...)ou a sensação robusta de pertença a uma reflexão mais abrangente, mais processual, hein? De Chaleira e seus vapores de sutileza, que nunca confunde quatorze caracteres com micronarrativa. Que nunca substituiria suas fervidas inquitações literárias por engodos faustianos; pelo lançamento aleatório de dados.De Augusto dos Anjos a Murilo Rubião, notem - leva-se um bom tempo para que se possa produzir escrita diminuta. De resto, é contagem regressiva, essa mania ianque; e pirotecnia...E, a propósito de ter um micro meu indicado para coletãnea de uma editora, aproveito para, respeitosamente declinar e sanar o equívocado título dele, daí:
“Imagens da Resistência”
Postou-se nu diante do tanque – protesto! Então lavou suas cuecas.
Nada mais caro e complexo aos jurados deste blogue que preservar a prudente distância entre o liliputiano reducionismo e a bomba atômica que Barthes já preconizava para a brevidade.
Por Marco A. de Araújo Bueno
“Imagens da Resistência”
Postou-se nu diante do tanque – protesto! Então lavou suas cuecas.
Nada mais caro e complexo aos jurados deste blogue que preservar a prudente distância entre o liliputiano reducionismo e a bomba atômica que Barthes já preconizava para a brevidade.
Por Marco A. de Araújo Bueno
4 comentários:
quem sabe no próximo apareça mais gente querendo participar...
quem sabe...
Se bem entendi, a genitália do concurso brochou, e das duas uma: ou o microconto teve uma ejaculação precoce, ou semen - aquela porra criativa - não há.
Um abraço,
Pestana aka Hyô Kô
Metáforas,potente meio de condensção,quando tornadas ao literal,podem dar essa impressão bobinha de gincana.Com os vinte e tantos Mcs inscritos,domingo próximo teremos resultado. Até lá, faça bom uso da genitália.Sublimar pela escrita, quem sabe...
Tem razão. Tomar as minhas metáforas por literais dá a impressão de ser coisa bem bobinha. Costumo fazer bom uso da minha genitália, mas, desculpe-me, o seu estilo não me apetece.
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