09 maio 2010

SOB A PORRA DO CONCURSO DE MICROCONTOS

O título desta coluna dominical é Fragmentália; o sub-título - A Genitália do Fragmento. O recorte teórico dela, portanto, alude à gênese da micronarrativa, tanto quanto esta remeta à estética do fragmento que a modernidade tardia consolidou, seja nas artes, seja no imaginário da hipermodernidade. Trouxemos elementos, categorias analíticas e subsidios metodológicos visando suscitar idéias e prover ferramental mínimo que nos permitisse ferventar o Primeiro Concurso de Microcontos do blogue coletivo De Chaleira, cujo prazo de incrição expira hoje. Mas a iniciativa espirrou (identificamos os alergógenos...) e o prazo ficará estendido sine die. A idéia era singela - jogar uma sementinha! Disseminar essa controversa e apaixonante modalidade de escrita ficcional - sêmem, porra! Ah, os alergógenos...Endêmicos, na blogosfera literária, beiram o anedótico, neste caso. O 'prêmio' ao melhor microconto desse nosso concurso? Pois bem, entremos de cara com um a priori da micronarrativa - a habilidade de exercitar a compreensão do não dito, do que ficou embutido na carpintaria da concisão. Então, o prêmio seria o livro gentilmente oferecido pelo amigo (meu e do blogue)Wilson Gorj, ou - a porra do sêmem, ou seja - a oportunidade, concedida ao nosso leitor-escritor-hipócrita, de ter seus microcontos contemplados pela ótica de doze colunistas com diferentes perspectivas da estética minimalista? Um livro, objeto fetiche (que muitos, inclusive, sorteiam...)ou a sensação robusta de pertença a uma reflexão mais abrangente, mais processual, hein? De Chaleira e seus vapores de sutileza, que nunca confunde quatorze caracteres com micronarrativa. Que nunca substituiria suas fervidas inquitações literárias por engodos faustianos; pelo lançamento aleatório de dados.De Augusto dos Anjos a Murilo Rubião, notem - leva-se um bom tempo para que se possa produzir escrita diminuta. De resto, é contagem regressiva, essa mania ianque; e pirotecnia...E, a propósito de ter um micro meu indicado para coletãnea de uma editora, aproveito para, respeitosamente declinar e sanar o equívocado título dele, daí:

“Imagens da Resistência”

Postou-se nu diante do tanque – protesto! Então lavou suas cuecas.

Nada mais caro e complexo aos jurados deste blogue que preservar a prudente distância entre o liliputiano reducionismo e a bomba atômica que Barthes já preconizava para a brevidade.

Por Marco A. de Araújo Bueno

4 comentários:

Unknown disse...

quem sabe no próximo apareça mais gente querendo participar...
quem sabe...

Pestana, aka Hyô Kô disse...

Se bem entendi, a genitália do concurso brochou, e das duas uma: ou o microconto teve uma ejaculação precoce, ou semen - aquela porra criativa - não há.

Um abraço,
Pestana aka Hyô Kô

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Metáforas,potente meio de condensção,quando tornadas ao literal,podem dar essa impressão bobinha de gincana.Com os vinte e tantos Mcs inscritos,domingo próximo teremos resultado. Até lá, faça bom uso da genitália.Sublimar pela escrita, quem sabe...

Pestana, aka Hyô Kô disse...

Tem razão. Tomar as minhas metáforas por literais dá a impressão de ser coisa bem bobinha. Costumo fazer bom uso da minha genitália, mas, desculpe-me, o seu estilo não me apetece.

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