25 setembro 2010

UM FESTIVAL É UM FESTIVAL, QUE É UM FESTIVAL

Por Daniel Matos


Estação Ipanema, o cinema, saio corrido, pois o nome dava a impressão que haveria uma estação do lado, mas naquele tempo ainda não havia metrô. Corrido pelo trânsito para chegar na estação Paissandu, quando este ainda existia. Garota fica atrás na área de fumantes. Embrenho-me pelas cadeiras no meio. Filme ainda não começa, casal de garotas discutem a programação à direita, falamos de filmes coreanos. Luz apaga, vinheta do festival aparece, começa o filme: Dália Negra. Segundo festival, talvez terceiro, não tenho certeza, os anos se passaram.
O Festival do Rio de cinema não é um evento para se ver filmes, é um evento para se entrar em quatro salas escuras, uma atrás da outra, de forma compulsiva, e ver imagens de lugares distantes se embaralharem enquanto seus olhos pedem por socorro. Ver um beduíno enfiando a mão na garganta de um camelo para lhe arrancar a água, uma menina alemã dançando numa boate de queixas em Tókio, um pequeno intelectual francês dialetando consigo mesmo por duas horas, um homem sorridente tacando de um navio um anão sem braços e pernas. Até hoje, um máximo de 36 dos cerca de 300 geralmente apresentados no cardápio sempre muito amassado em minha mochila. Dias e dias, comendo pizza em um pote, ou conversando em filas com uma versão mais alta da Scarlet Johanson. Quero ver uma Copolla e um Mahkmalbaf!

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