18 setembro 2011

O ENIGMA DO CHUVEIRO

Por Luana McCain

- É aqui que vamos ficar? - eu disse, meio desanimada.
- É só por esta noite, gata - afirmou o idiota do meu namorado.

Eric estacionou o carro próximo de uma árvore sinistramente colossal. Caminhamos alguns metros até toparmos com um portal velho. Uma batida foi o suficiente para que alguém nos atendesse. Eu esperava qualquer pessoa, menos uma velha corcunda. Convidou-nos para entrar. E por incrível, havia mais quatro casais no hall.

Não sou do tipo que curte descrição, mas essa pousada tem um quê de horripilante, equipara-se à mansão da família Adams. Pegamos um quarto do último andar. Demorou alguns minutos para acomodar-nos no tal quarto.

- Não acredito que é aqui que vamos dormir - eu resmunguei.
- Ah, amor, só por hoje. Seria foda se a gente fizesse um sexo selvagem nessa caminha - Eric veio me beijando, mas me desvencilhei e me dirigi à janela, que por sinal tinha vista para os fundos... opa! o que são aquelas lápides lá embaixo? - perguntei-me, espantada, e agora percebi que suava pelas têmporas.
- Vou tomar banho. Tô com o corpo grudando. Cê não vem, amor?
- Eu vou primeiro.
- Cê é quem sabe - ele deitou-se na cama, alongando o corpo, pois a viagem foi longa.

Liguei o chuveiro e me impressionei pela água branquinha que caia diante de mim, uma vez que em pousadas velhas seria mais provável as caixas d'águas expulsarem águas de uma coloração amarronzada. Pois bem, eu tomava banho com o kit de banho que eu havia trazido na mala quando...

- Meu... Deus... - foram as únicas palavras que consegui exprimir ao ver o Eric na minha frente, pois eu tinha certeza que tranquei a porta do banheiro.

Era ele, só que se encontrava de um jeito... Ai! Eric tinha a mangueira do chuveiro cravada no olho direito, atravessando a nuca. O corpo dele descaiu, num baque surdo. Corri à porta, desesperadamente. Apertei a maçaneta. Fiz movimentos pesados nela. E nada de abrir. Martelei a porta com os pulsos.

Socorro!
Sobressalto.
Escutei um barulho às minhas costas.

Esse barulho era da mangueira se desenterrando da cabeça do Eric... E, sobrenaturalmente, ela serpenteou no ar. Veio com extrema violência na minha direção.

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