30 novembro 2011

ELE

Por Luana Maccain


Dei um pulo à janela do meu quarto.

O céu cancerígeno me deixava desanimado. Na calçada, meu pai lavava com total cuidado o seu Dodge anos 70. Esse era o melhor momento para... Arrastei a cama até o guarda-roupa. Subi. Estiquei o corpo o máximo que pude. E finalmente consegui pegar o porquinho. Sabe, esse porquinho é um tanto brega, mas seu conteúdo é...

Pus a cama no mesmo lugar de antes. Caí de barriga para baixo na cama. Durante minutos, pensava na melhor maneira de pegar a grana sem danificar o porquinho porque se meu pai descobrisse que tentei... não quero nem imaginar o que o chato de galocha faria comigo.

De repente, senti o porquinho ficar quente. Me recolhi para a beirada da cama enquanto o porquinho ficava sinistramente imóvel. Meus olhos ficaram super arregalados quando vi os olhinhos bregas dessa coisinha brilharem um vermelho diabólico.

Em milésimos de segundos, percebi que sua boquinha se mexeu em um movimento que se traduziu numa frase: cê vai para o inferno!

Em um ritmo assustadoramente lento, eu estava sendo sugado para dentro do porquinho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este é o mais bem acabado-engendrado-costurado e safado conto breve desta reconhecida escritora de suspense, em minha modesta opinião. Sabe-se lá,lembrou-me alguns do Danton Trevisan, a quem parabenizo pelo Joboti/2011. Parabéns, Maccain. Você é do segmento campinense (via Sesc e Revista RODA*)deste coletivo?

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