16 outubro 2012

CAFÉ OU ÁLCOOL EM MIM - NOTAS PARA UM ESTADO LAICO E LÍQUIDO

                                            FOTO POR - Bruno Kampel, via WEB

CAFÉ OU ÁLCOOL EM MIM - NOTAS PARA UM ESTADO LAICO E LÍQUIDO

Por Marco A. de Araújo Bueno


        A mulher despertou-se no bairro dela no último domingo. O bairro tem o mesmo nome do segundo maior aeroporto do país. Pela atenção que despertará mais adiante nesse dia seria mesmo justo tomá-la
por 'desequilibrada mental'?
        Malmente desperta foi coar um café que, mais além, verteria para uma términa não vermelha, diga-se.
        Ganhou a rua meio zumbi e, quarteirões adiante, ei-la no meio dum passeio político que o governador do Estado fazia para despertar simpatias ao candidato dele ao segundo turno.Era um dia ventoso na Cidade
Fênix, diga-se, e a mulher postou-se diante do político loquaz, exato, para liquefazer a loquacidade dele.
        ( Nada se sabe sobre se fizera a própria cama ou se escolhera vestir-se adequadamente).
        Um vez postada diante do governador - abreviando o relato para reidratar o fato - ela se serve do café
e o arremessa direto do copinho plástico à cara do político. Gustavo Magnusson, fotógrafo, captura a cena com felicíssima precisão : o líquido quente (?) atingindo rosto e peito do político que cerra os olhos.
        Pois bem, se a mulher 'agressora' passou rápido do café privado ao fato público - coisa de político!
        - "Acho que isso pode significar um sinal de desespero", brada o governante, capitalizando o fato e
liberando a mulher de ser recolhida 'aos costumes'; distribuindo e atribuindo significações, incendiaria-mente infundadamente, mente, mente que nem sente. Brindo à mulher e lanço minha chávena de xá quente.É.
       
       

       




     

5 comentários:

Anônimo disse...

Escrever é como trabalhar com a matéria avessa. (Chiu Yi Chih)

Anônimo disse...

Será que 'termina' = Térmica ? Foi de propósito, doutor? Vich!

Anônimo disse...

Ainda que a posteriori, autorizo a publicação de foto da minha autoria, haja vista a menção do autor da referida imagem.
Abs
Bruno Kampel, Suécia

Anônimo disse...

muito legal! acho legal pegar aspectos do new journalism para construções literárias
dão um tom mais real a algumas coisas que estão muito no campo teórico"
Eric Silva

Pedro B. M. Serrano disse...

Preciso e perfeito, na ironia e na crítica. É já na primeira frase - "A mulher despertou-se no bairro dela no último domingo" - que o tom é dado. A reafirmação do óbvio (a respeito da vida da mulher). Quem invadiu o espaço foi o governador. Café nele!

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