por Vitor Queiroz
Balada Folclórica
Ivaporunduva, SP
Bojo de ferro. Roda a roda. Já tem farinha na capova. O mandiocal bravo. Roda a roda. Folha de flandres
um caneco, um vestido
e uma rosa
atrás da porta os cupim não frincha mais nada, atrás de madeira e ferro velho, a camisa do namorado branca alumia. Bojo de ombros e joelhos. O mandiocal bravo. Bananeiras na encosta a gente namorava em cima das folhas escuras da mandioca.
Roda a rosa na orelha roda o borco da canoa a mão espalmada um barco frouxo o remo flores à tona um grito no pé do ouvido um grito já tem farinha na capova.
Nada feito, apague o holofote. Nem camisa nenhuma namorada no mandiocal bravo nadie nerusca quéde o Ribeira ensolarado no brejal? néris nobody nenhum cadáver balseiro, nem remos presos no lodo pálido.
Antes da linha ai, bruta agulha que fura bolos e polegares, antes da sacanagem e do enredo solfas de ouro o Cupido gorjeará:
BALADA FOLCLÓRICA
Anjo barroco lenho fortefraco
tambú mexeriqueiro fecha
tudo rasga o pano vende troca
e aluga paixões, bochechas
de fino talhe, à granel. A glote
de um tubarão tire de um banjo
a sua angústia. Para o ano
volto pra cantar melhor, valei-me
Nossa Senhora, bendita Virgem
Santa das Sílabas Tortas. Ondas
e conchinhas partidas, volta já,
para o alvor da areia fina,
tartaruga amorosa. As tábuas
do palco rangem, batem os ferros na capova. Bojo de ferro. No capinzal nas folhas da mandioca brava. Beijos e abraços. Namorado canoeiro? nem cupim, nem pássaro rói o oco da noite fatídica. Quéde o peito arfante? o mato escondido a areia fina a curva de rio adonde barrento não vai ninguém
Rio Ribeira
quede, Nossa Senhora, a canoa virada? Rosaroda. No one, uma madrugada de rãs no pardacento lodaçal. Bate a farinha torra água no caneco. Anos atrás da porta, a cadeira ainda está num canto do quarto e na cadeira uma camisa rasgada na camisa uma mancha d´água e n´água uma rosa nobody a rosa.
Borco de canoa.
* * *
Rá! Glu glu. Broquei, Maria Amélia. Quebrei a cara dos bufos, a glote dos histriões fechei. Folhetim, Maria Anélia? [ .................17pt.] ahá, vai estourar a porra toda. No dia 12 de julho. Fogos, traques e pipocas.
Joseph Hart Vaudeville apresenta [ ................................ 32pt. ] o espetáculo vai feder a pólvora, aplausos e flores. No dia 12 de julho. Pode gastar a poupança toda, Maria Amélia, torrando ingresso pra família. Parente e aderente.
No dia 12 de julho.
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