por Vítor Queiroz
Capítulo XXIV
“O “Respeitável Público” das Archibancadas”
ou, alternativamente “Scenas pitorescas de huma tragédia circense”.
“Barba inculta, chapéus desabados e cacetes alemtejanos; grupos de mascarados abichados, relambóreos, soltando uivos lúgubres de cães agoureiros; mulheres e homens simplóreos a correrem num desespero indômito para esguicharem-se mutuamente nos olhos e no nariz a bisnaga-relógio comprada meia hora antes; hum álacre odor nauseabundo, feito de mil cheiros diferentes, de essências avariadas e baratas; no ar, suspensa, huma poeira fina e infecta, que nos punha sombreados pardacentos e pegajosos no peitilho da camisa, nas mãos e no pescoço; no picadeiro seguiam-se acordes que rufavam em toscas pianolas as suas cançonetas impudentes e descabeladas, ao som das quaes desencaixilhavam-se do espartilho os quadris da creoulada em alce, pello braço dos seus adoradores de occasião, o tablado às escuras, desolava-se com a viuvez dos focos elétricos; o rumorejar indeciso da multidão daquelles pretensos Israelitas em Faran arrastando os pés no lenho maltrapilho, premindo-se, coçando-se nos grossos trapos da “lona” repugnante, comentando entre dentes as mil peripécias da paupérrima trupe de histriões; o guinchos dos baleiros e dos vendedores ambulantes; os “Me largue, seu!” das Ofélias enfarruscadas de fuligem, surpreendidas pelos D. Juans cobertos de barba de pau e sarrapilheira” [ ....... 7pt. ] , etc. e etc.
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