31 janeiro 2011
Rascunhos de mim mesmo #4
no espelho
meu rosto retrata o seu
no espelho
você se retrata
no espelho
no espelho
alguém não te esquece
no espelho
você reaparece...
com olhos murchos e sem nada a dizer...
30 janeiro 2011
Carlos Olhos Opacos
26 janeiro 2011
CONFRONTO: ÔLHO E SERPENTE - III
Vaudeville
Renata O´Brien faleceu., Maria Amélia. Bora varrer o chão. Você quer ver? Foi um crime passional? erisipela? o tráfego aéreo? um aneurisma?
Você quer ver mesmo? de verdade? no duro? Vire a página, entonces, Maria Amélia.

Quer? Quer ver o que, Maria Amélia? Sexo explícito? Beleza. Que mais? um romance. Quer é? um romanção bonitão, todo em versiporsa, cheio de anáguas e calçolas.
Só pra você, Maria Amélia.
Banda de cabaré? é evidente. Que mais? Palavras cruzadas. Ação. Chistes Enigmas. Renata O´Brien? Renata Havel? Renata Zuppern? Perversões secretas. Joseph Hart Vaudeville, Joseph Hart Vaudeville, Joseph Hart Vaudeville. Secreções perversas.
Renata hoje, terça, é toda unha e cabelos na sepultura. Quer ver?Quer?
Balas de estalo ai, bandolins de serenata, e ainda a-ten-ção. Abre-te, Sésamo. ui
JOSEPH HART VAUDEVILLE, esposas ai quebra-bengalas. ui. Vergões na bunda dos maridos!
Na terça-feira, dia 08/02/2011 não vá ficar de fora da ficção, do crime, do folhetim e da sem-vergonhice, parceiro.
25 janeiro 2011
Obituário
Renata Zuppern, 35 anos, será sepultada nesta terça, 16 horas, no cemitério das Andorinhas. Ela morreu na madrugada deste domingo, no Hospital São Paulo. Deixa uma filha e marido.
24 janeiro 2011
ESTETOSCÓPIO
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Oculto,
em mim ausculto
um culto secreto
em meu peito.
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Ps: peço perdão aos diletos leitores, assim como aos meus colegas de Chaleira, pelo atraso na postagem.
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23 janeiro 2011
RINHA - TROVOADAS

22 janeiro 2011
EQUIDISTANTES, DISTANTES AQUI
20 janeiro 2011
RINHA DO TONHÃO - PRÉ TROVOADA

Soneto de maldizer
19 janeiro 2011
CONFRONTO: OLHO E SERPENTE
Por Cecília Prada
18 janeiro 2011
NOVEMBRO/3001
16 janeiro 2011
MORCEGOS HERBÍVOROS [Estreia da coluna de crônicas por Luciana Martins
Por Luciana Martins
Relendo os livros da série “Cantadas Literárias” da extinta Editora Brasiliense, constatei: da geração mimeógrafo “participei” somente no final — reproduzindo textos literários para meus alunos da Ceilândia, recém-formada na profissão de professora.
A poesia ficava mesmo era nos cadernos e cadernetinhas (hoje chamados “moleskines”, nome chique). Eu não tinha coragem de me dizer poeta (ou poetisa — escolham aí). Humildezinha perto de gente com carteirinha já: livro publicado e pose, muita pose. Sendo que eu só conseguia fazer pose sozinha, na frente do espelho do meu guarda-roupa, no quarto de minha adolescência tão curta. Ali, sim, eu tinha um palco.
Era quando eu aproveitava para dançar “Money”, de Pink Floyd, a tarde inteira, fingindo estar numa festa (em que eu quase nunca ia) rodeada de rapazes encantados com meu charme de dançarina.
O certo é que na noite em que fui numa dessas festas, fiquei “de canto”. Eu tinha quatorze anos. Só fora convidada mesmo porque era na casa de duas irmãs amigas minhas de colégio com quem eu tinha muita intimidade, apesar de sermos bem diferentes, sendo elas muito populares entre os rapazes e eu, exatamente o contrário. A amiga que eu convidei para ir comigo (morava na minha quadra e era bastante bonita) logo foi dizendo na entrada: “Vê se não fica no meu pé!” — uma das “melhores amigas”, que tal?
Zanzei a noite inteira com minha feiúra tímida de um lado a outro do salão. Escrachada mesmo consegui ser no colégio de segundo grau (era como se chamava “ensino médio” antigamente, já tendo sido também “científico”, termo que eu preferia). Era uma forma de chamar atenção ( e de esconder minha timidez — até hoje sou assim). Eu entendia tudo o que explicavam os professores, eu fazia todos os cálculos, eu tinha lido todos os livros....
“Este livro de Goethe provocou vários suicídios na época em que foi publicado. Quem aqui leu Wether?” Numa sala de cerca de setenta alunos do colégio OBJETIVO-SP/B, somente eu levantei o braço. Bom, fazer o quê? Era meu único momento de glória. O professor de literatura ficou surpreso, senti que ele estava certo de que ali não havia ninguém lido Goethe.
Pois é. Li Werther (aqui chamado Os sofrimentos do jovem Werther) num único dia de minhas férias em Barra do Corda no mês em que acabara de completar quinze anos. Inclusive eu sabia na ocasião do mito de que o livro matara tantos jovens na Alemanha do século XIX.
Terminei-o no fim da tarde, sentada num banco da praça da Igreja Matriz, bem na hora em que os morcegos saíam em bandos do alto da torre da Igreja, de lá onde ficam os sinos, onde subi uma vez, sentindo louca vertigem, com um medo danado de virar Kim Novak de repente. As escadas eram idênticas às do filme!
Então tocaram os sinos dando seis horas. Morcegos, morcegos a dançar no céu seu balé crepuscular, enquanto eu constatava preocupada: “Ué....não estou com a mínima vontade de me suicidar! Mas não era para estar? O que será que aconteceu?” Penso que eu acreditava mesmo estar sob a atmosfera do “Sturm und drang” romântico do fim do século XVIII e início do XIX.
Mas cadê a vontade de morrer? De me afogar num dos rios? O Mearim, talvez; afinal, o mais escuro e fundo. Onde arrumar um revólver às seis da tarde na Barra do Corda, aos quinze anos de idade, vestida num short e numa camiseta véa, sem nenhum charme de ser dândi?
Burra, burra!Sua burra! — xinguei-me.
É que veio vindo devagarzinho a verdade, finalmente. Foi a verdade que me salvou, apesar de ser terrível e vergonhoso reconhecê-la:
— Tudo isso é porque a tradução não presta, é uma porcaria!
Por outro lado, uff, que alívio, a culpa não era minha.
Era do tradutor medíocre que sequer deve ter traduzido direto da língua de Goethe e Nietzsche. Provavelmente traduzira de segunda mão, afastado três vezes da verdade, segundo interpretaria Platão.
Em suma, fui salva da vergonha por causa da Editora Abril (na época só havia no país aquela tradução de Werther; hoje há pelo menos umas oito). Estava vivinha da silva como aqueles morcegos bailarinos barulhentos.
Que belo fim de tarde!
Fui poupada de morrer como o pobrezinho do Werther, embora possua desde cedo um tanto considerável de sua angústia (tão bem interpretada por Roland Barthes em Fragmentos de um discurso amoroso, um dos livros mais sublinhados que tenho em casa.)
Parece que eu ia falar de poesia-marginal, não era? Fica pra próxima.
15 janeiro 2011
14 janeiro 2011
EDITORIAL REITERADO DO BLOGUE COLETIVO DE CHALEIRA
Pois bem, escrevemos para o seu insuspeitável terceiro olho. Pouco ocidental, nada acidental. Arriscamos entretecer nossas reputações, nossos inéditos; nossas ilusões estéticas. Sobretudo – arriscamos.
Partimos de uma base consolidada em experiências de produção literária (rodas de leitura, oficinas, curadorias articuladas) que cravou vínculos fortes entre escritores, artistas plásticos, fotógrafos e ferventamos uma matriz de publicação; nada acidental!
Eis aqui a Chaleira virtual, em suporte já testado e querendo vapores de tinta, produzindo peças inspiradas pela aura advinda de nossa matriz comum. Voltada à sua leitura, escritor hipócrita, - nosso semelhante, - nosso irmão.
Por Marco A.de Araújo Bueno
13 janeiro 2011
ANIVERSÁRIO DE CHALEIRA - ano I : PRESENTE: ESTREIA DE ILUSTRADOR
CONFRONTO: OLHO E SERPENTE
CONFRONTO: ÔLHO E SERPENTE (I)
Por Cecília Prada
“A cidade é redundante: repete-se para fixar alguma coisa na
mente. A memória é redundante : repete os símbolos para que a
cidade comece a existir.”
Ítalo Calvino
Porque hoje é sábado. É noite de sábado - e meu tempo, outro.
A idéia de que somos dois elementos, mais nada. Estamos reduzidos a isto - ela, eu. Uma rua e uma pessoa. Fluência, ela lá embaixo, barulhenta e destruidora – Rua Augusta. E eu, ponto convergente, um olho, neste vão de janela. Neste momento final - terei o quê? Minutos, horas, alguns anos? É tudo fim - só me resta descobrir o desenho. Se houve algum.
A rua insana que corre lá embaixo, estertorante - enorme serpente, vermelha, vermelho rio de lava acesa que escorre dos carros em fila lenta e buzinas escancaradas aos uivos na madrugada impune desta rua do prazer /rua da morte que gargalha todo o seu urbano horror na madrugada.
Eu sou um ôlho. Eis o que sou, me digo. Não sou mais nada. Se sou alguma coisa, sou um ôlho. Que olha por uma fresta da janela do 7º andar a rua lá embaixo. Essa rua. Essa rua particular e insana. É o que me foi dado - meu destino. Vim, pelos trancos e barrancos, parar aqui. Parece que alguém, alguma vassoura me varreu para este apartamento encaixado em um tempo inútil e que não é este - suas sancas, suas portas de vidro trabalhado, floreiras nas janelas, as cortinas rendadas com desenhos de pastoras e príncipes, do tempo da minha mãe. É toda a condensação de um imperativo urbano maldito que me veio tocando, até aqui - esta caixa do tempo, suspensa sete andares acima da rua degradada.
Piercing. Pérfuro-cortante o grito, que interrompe o sono dos assombrados moradores. O grito das putinhas histéricas, o grito dos laçadores vestidos de terno preto e gravata, até de sobretudo, na madrugada fria - caçando fregueses. O grito da briga, do bêbado, do debochado, o carro de som que passa apregoando um rap barato no mundo do vale-tudo.
Eu poderia ter salvo do patrimônio corroído alguma casinha no interior, alguma quitinete em frente à praia, mas não, tive de vir roendo tudo, tudinho - eu roí? me roeram? - às vezes penso. Depois da quebra do Banco, os credores, os primos. Os irmãos. Todos eles. Pelo menos não me tiraram o espaço, eu não abro mão deste espaço. As amigas estranham quando tão raramente vêm jogar, ah, que salão, e o piso em parquê, na sala de jantar os lambris - descascados, em reforma adiada sempre para um mês que vem que nunca vem. E o banheiro, ah, se admiram, ornatos art-déco em roxo batata no ladrilho branco,a banheira, a ferrugem só em alguns pontos, nem se vê, ah, você tem sorte de ter uma banheira, é melhor para relaxar, faz bem para a pele, não é como nesses banheirinhos de hoje...Faz bem para a pele - quem repara na minha pele?
AUGUSTA/angusta – é uma artéria comprimida, angustiada, da cidade. É uma cidade que não cabe mais em si, que explode em feiúra, em violência, em crime. Rua de muito sofrimento. De decadência. De degradação. Sujeira enorme, lixo amontoados nas esquinas, ratos e baratas, moscas, detritos e dejetos, e restos de seres humanos tombados nas portas dos estabelecimentos comerciais, dormindo – ou mortos? – ao sol do meio-dia, pessoas passando por cima deles sem se importarem. Em frente a um armazém estupidamente antigo que vende velas cereais e patéticas latas de goiabada cascão, um pretinho de uns onze anos está emborcado, dormindo o sono da droga - ou do desvalimento. Na mão semi-aberta que se entrega ainda num quase-pedido, alguém colocou uma barra de chocolate.
Na quitinete da praia com direito a pedaço de mar se a gente olhar bem enviesado, seria muito pior - para quê quero mares?
Na casinha de interior com pequeno-jardim-florido...Não, não sou mulher de roseiras. Nasci urbana, metropolitana - aqui morrerei, vomitando desespero por esta janela de um 7º andar.
(Este é um confronto. Me dizem vozes que não sei - que ainda consigo ouvir, varadas, por entre os uivos da noite).Somos dois antagonistas, antigos. Ou eternos. Eu - a Rua. Quem vencerá a batalha? Quem arrastará quem? Estamos, sim, colocadas frente a frente, nesta batalha final que alguém deve ter tramado. Rangemos os dentes, afiamos as garras, eu a olho cá de cima - ela se desdobra, coleante, rubra, sacolejante, cínica, lá embaixo.
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Do livro Faróis estrábicos na noite –Bertrand-Brasil, 2009
11 janeiro 2011
MORDIDA
Por Bia Pupin
Dar cabo de tudo isso foi necessário; um exorcismo o que viveu. Durante esse período da sua vida, sem critério de tempo, vivendo de sonho, que acaba.
Renata apenas se cansou daquilo tudo. Era necessário embeber, como música que finaliza o prelúdio da desconfiança criada.
Renata apenas voltou a se sentir uma. Foi sua solidão o que a tirou de todos os lugares e a jogou nela.
Ao som de divas cantarolando seus desamores, tão intensos e fatídicos. Morre como efeito de mulher de botequim carioca. Infarto fulminante - as unhas rasgam a pele da mão, depois de súbitos espasmos. Sozinha na cama.
Assim como se morre amor rompido. Sem nada que se possa fazer. Talvez um gole da garrafa de Rip Van Winkle fosse suficiente para apenas desaparecer.
Como música que desafina, mulher como todas as outras, assim como é porque é. Vivendo o futuro de todos, mas pra ela passado enterrado.
A porta trancada e o cigarro queimando conferem o tom dramático. A feia mordida no lábio sangra a morte amarga.
10 janeiro 2011
09 janeiro 2011
EXPLANAÇÂO SOBRE O RELÓGIO SOLAR e JANEIRO
Por Marco A. de Araújo Bueno
08 janeiro 2011
Retweets on Twitter: RT
06 janeiro 2011
TROVAS À MORTE !
04 janeiro 2011
03 janeiro 2011
RASCUNHOS DE MIM MESMO - #2 e #3
RASCUNHOS DE MIM MESMO #02
Toda partida deixa um coração partido
Todo partido é cego e cego de amor
Espero um novo parto de mim mesmo.
Estou preso num útero já rompido.
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RASCUNHOS DE MIM MESMO #03
Eu sei onde você está,
mas não sei o que pensa.
Por isso estou perdido,
por isso nem sei mais o que pensar...
02 janeiro 2011
LITERATURA E PSICODRAMA II
AS PERSONAGENS
POR Luiz Contro